No Grande Auditório desta noite escutamos o Hino da Fraternidade Universal, pelo Coro e Orquestra Sinfónica da Rádio de Berlim sob direção do maestro Vladimir Jurowski, num concerto que teve lugar no Konzerthaus em Berlim, a 30 de dezembro de 2024. O programa inclui ainda uma obra, em estreia mundial, do compositor alemão de música contemporânea Rasch Torsten.
12 novembro | 21h00
Grande Auditório
Realização e Apresentação: Reinaldo Francisco
Produção: Susana Valente
Gravação pela Deutschlandradio Kultur,
no Konzerthaus, em Berlim,
a 30 de dezembro de 2024
Hanna-Elisabeth Müller, soprano
Emily D’Angelo, contralto
Christopher Sokolowski, tenor
Christof Fischesser, baixo
Coro e Orquestra Sinfónica da Rádio de Berlim
Direção de Vladimir Jurowski
Programa
Rasch Torsten – Pataphor
Ludwig van Beethoven – Sinfonia nº 9 em ré menor, op.125 ‘Coral’
Allegro ma non troppo, un poco maestoso
Molto vivace – Presto
Adagio molto e cantabile – Andante moderato
Presto
Neste concerto, Vladimir Jurowski não só utiliza alguns instrumentos históricos (trompas naturais, trompas cromáticas, trompetes naturais, trombones barrocos, tímpanos de câmara), como também dirige, uma vez mais, uma crítica acústica e intelectual ao uso por vezes demasiado superficial dessa música erudita, com uma obra de música contemporânea que questiona, com profundidade, a natureza parcial das odes alegres, e assim, convida à reflexão.
Esta obra é a estreante Pataphor, de Torsten Rasch que precede a Nona Sinfonia. A peça de 11 minutos foi concebida como uma obra complementar à 9ª Sinfonia de Beethoven e foi encomendada pela orquestra e seu maestro titular, Jurowski.
Em Pataphor, há alusões à sinfonia de Beethoven em diversos momentos, embora para Rasch, aquelas sirvam de pretexto para uma rutura e transformação musical. Assim como a 9ª Sinfonia, Pataphor começa com quintas abertas, mas no primeiro clímax elas movem-se para cima em vez de para baixo; Rasch também utiliza a dupla fuga do finale da sinfonia, mas insere-a na percussão, juntamente com uma recapitulação lenta e fragmentada da música do scherzo da sinfonia.
“A minha ideia era tirar essas metáforas do seu contexto original e colocá-las num novo contexto, mas ainda sendo reconhecíveis”, diz Rasch. “Queria manter-me próximo dessa obra monumental mas, ao mesmo tempo, distanciar-me o máximo possível dela.”
Esse processo de transformação está materializado no título da obra, como Rasch explica:
“O termo pataphor procura descrever um mundo novo e independente no qual uma ideia ou aspeto desenvolve vida própria. Uma imagem apropriada seria a de um lagarto cuja cauda se torna tão longa que se desprende, e da qual surge um novo lagarto. Esse termo pareceu-me um título ideal: caracteriza proximidade e distância, algo que não perde de vista a sua origem, e contudo desenvolve-se de maneiras completamente diferentes.”

@ Peter Meisel
Grande Auditório é um programa de Reinaldo Francisco, com produção de Susana Valente.
De segunda a sexta feira, pelas 21h00 na Antena 2.