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Imagem de Barros Veloso (1930-2025)
Antena 2 2 dez, 2025, 15:46

Barros Veloso (1930-2025)

Jazz a 2

Imagem de Barros Veloso (1930-2025)
Antena 2 2 dez, 2025, 15:46

Barros Veloso (1930-2025)

Jazz a 2

No passado domingo, 30 de novembro, faleceu aos 95 anos uma das personalidades mais importantes da história do jazz em Portugal. Com um percurso poliédrico, Barros Veloso teve uma vida dedicada à Medicina, à Música, ao estudo da azulejaria e à história da ciência. Foi acarinhado por músicos de jazz de várias gerações, tendo influenciado, pelo menos, três delas.
A Antena 2, como já o tinha feito aquando da celebração dos seus 90 anos, em 2020, dedica um episódio especial de Jazz a 2, à vida e ao legado do Dr. Jazz, cognome provavelmente cunhado por Luís Villas-Boas, pela sua dupla vertente de músico e médico.

António José de Barros Veloso (1930-2025)

2 Dezembro | 21h00

Se Luís Villas-Boas, José Duarte, Manuel Jorge Veloso, Duarte Mendonça, Raúl Calado e Paulo Gil foram extraordinariamente importantes no desenvolvimento do jazz em Portugal, outros houve que, ainda que menos mediáticos, tiveram igual relevância. Um deles foi, sem dúvida, António José de Barros Veloso, médico de profissão e notável pianista amador. Acarinhado por músicos de jazz de várias gerações, tendo influenciado, pelo menos, três delas, faleceu no passado Domingo, dia 30 de Novembro, com 95 anos de idade. É, pois, o seu longo percurso no jazz – na tripla condição de músico, pedagogo e ensaísta – que recordamos no programa Jazz a 2.

Nascido em Coimbra, a 27 de Setembro de 1930, Barros Veloso era filho de um médico e de uma notável intérprete e professora de piano clássico. Por força da doença da mãe, acometida de tuberculose, cresceria no Caramulo, localidade onde o pai dirigia os serviços laboratoriais de um sanatório. No final da década de 1930, com apenas oito anos de idade, Barros Veloso cruzou-se ali com Luís Possolo, também ele em convalescença de uma tuberculose. No gramofone do novo amigo, escutava, fascinado, os discos da orquestra de Glenn Miller. Tal bastou para lhe instigar o gosto pelo swing, que aprofundaria com a audição das orquestras de Tommy Dorsey e Artie Shaw e, muito especialmente, da voz de Frank Sinatra. Em 1950, ainda no Caramulo, faria amizade com Duarte Mendonça, que o iniciou no bebop, através da música de Charlie Parker, e lhe deu a conhecer o quinteto de George Shearing. Barros Veloso ampliava, assim, os seus conhecimentos na área do jazz, que adquirira em Coimbra, cidade onde cursava medicina. Através de frágeis discos de 78 rotações, chegavam-lhe aos ouvidos as gravações efetuadas por vários músicos modernistas emergentes, particularmente Dave Brubeck, Stan Getz e Oscar Peterson.

Barros Veloso interessou-se pelo piano por influência da mãe, uma exímia intérprete de Chopin e de Beethoven. Na segunda metade dos anos 1940, ainda adolescente e no Caramulo, formou um grupo musical com dois amigos. Na década seguinte, já em Coimbra, integraria a Orquestra Ligeira Académica, da qual faziam parte, entre outros, Sena Fernandes, José Luís Tinoco e Bernardo Moreira. Numa deslocação que o referido grupo efetuou ao Algarve, no início dos anos 1950, Barros Veloso contactava pela primeira vez com o Hot Clube de Portugal. Em 1953, aquando de um concerto que a Orquestra Ligeira Académica deu em Lisboa, Luís Villas-Boas convidava-o a tocar ao vivo no programa radiofónico Hot Club. Fê-lo juntamente com Bernardo Moreira, Luís Sangareau e dois músicos brasileiros de passagem pela capital: o trompetista Ary de Magalhães e o baterista Jadir. Essa mesma formação, mas sem Luís Sangareau, atuaria seguidamente no Jardim da Manga, tendo protagonizado aquela que é considerada a primeira jam-session efetuada em Coimbra.

Como pianista da Orquestra Ligeira Académica, anos 50

Em Setembro de 1956, concluída a licenciatura, Barros Veloso fixou definitivamente residência em Lisboa, cidade onde realizou o internato médico e veio a exercer a profissão. Passou então a poder tocar regularmente no Hot Clube. Alternando entre o contrabaixo e o piano, participou em inúmeras jam-sessions, juntando-se a músicos como José Luís Tinoco, Ivo Mayer e Paulo Gil. Nesse mesmo ano, a vinda para Lisboa do jovem saxofonista belga Jean-Pierre Gebler, com quem Barros Veloso tocou inicialmente, trouxe-lhe o vício do jazz mais tradicional e, sobretudo, a aprendizagem do que era tocar de forma profissional.

Barros Veloso com Ivo Mayer e José Luís Tinoco no Hot Club, anos 50

No final da década de 1950, os condicionalismos profissionais obrigariam, porém, ao afastamento do jazz, o que se adensou quando do cumprimento do serviço militar, em Angola. O regresso ao continente, ocorrido no início dos anos 1970, marcaria igualmente o regresso à música, levando-o a comprar o seu primeiro piano. No princípio da década de 1980, Barros Veloso fez do bar Drogaria Ideal, em Santos, o seu palco principal. Ali, tocava semanalmente com Nuno Gonçalves, Gualdino Barros, António Vilas-Boas, Maria Viana e Paulo Gil. Atuava também com Alberto Coronel, cantor com o qual viria a gravar um disco em 1984. Para tal, Barros Veloso, já cinquentenário, entrava pela primeira vez num estúdio de gravação, encantado pela voz e o estilo de Alberto Coronel lhe evocarem a boa memória dos discos de Frank Sinatra…

Com Paulo Gil na Drogaria Ideal, anos 80

Na década de 1980, Barros Veloso foi assistente musical da RTP, assessorando a gravação do festival Cascais Jazz. Colaborava também no programa Clube de Jazz, de Luís Villas-Boas e Duarte Mendonça, no âmbito do qual concebeu um documentário sobre Charlie Parker. E apesar da intensa vida profissional como médico e director do Serviço 1 de Medicina do Hospital de Santo António dos Capuchos, Barros Veloso encontrava tempo para tocar no Hot Clube. Uma das muitas jam-sessions em que participou daria origem, em 2020, ao álbum Jazz Trintage. Efetuada em Março de 1987, colocou-o em palco ao lado da cantora Maria Viana e de João Moreira (trompete), Pedro Moreira (saxofone-tenor), Bernardo Moreira (contrabaixo) e Manuel Jorge Veloso (bateria).
Em 1988, pouco mais de um ano após a gravação deste álbum, Barros Veloso participou como convidado no disco de estreia de Maria Viana. O seu piano juntou-se, assim, a Pedro Moreira (saxofone-tenor), Bernardo Moreira (contrabaixo) e Carlos Vieira (bateria). Desde o início da década de 1980 que Barros Veloso mantinha, aliás, uma forte relação artística e de amizade com os irmãos Moreira.

A histórica ligação de Barros Veloso ao Hot Clube de Portugal ganhou nova expressão na década de 1990, período em que assumiu a presidência da mesa da Assembleia-Geral. Passou também a tocar regularmente no clube, sempre às terças-feiras, levando os músicos mais jovens à descoberta dos standards do jazz. Barros Veloso construiu, dessa forma, novas amizades com jovens músicos. Foi com alguns deles que em Setembro de 2005 atuou e gravou ao vivo na sede da Ordem dos Médicos, em Lisboa. Além de João Moreira, Pedro Moreira e Bernardo Moreira, encontrou-se, assim, em palco com Marta Hugon (voz), Bruno Santos (guitarra) e André Sousa Machado (bateria).

Em Fevereiro de 2009, Barros Veloso atuou no ciclo Dose Dupla, promovido pelo Centro Cultural de Belém. Nesse concerto, que considerava um dos melhores momentos da sua vida artística, juntou-se ao saxofonista-tenor britânico Art Themen.
Entre o final dos anos 2000 e o princípio da década seguinte, a presença em Portugal da cantora norte-americana Katt Tait levaria Barros Veloso a realizar diversos concertos na sua companhia e também na do harmonicista Gonçalo Sousa. Um deles, realizado em Junho de 2011, colocou-o novamente no palco do auditório da Ordem dos Médicos, em Lisboa.

Na década de 2010, já octogenário, Barros Veloso não mostrava vontade de parar. A par da prática clínica, dedicava-se à azulejaria e também à história da medicina, frequentando ainda o mestrado de História e Filosofia da Ciência, ministrado pela Universidade de Lisboa. No jazz, dava à estampa o livro Notas de Jazz, e via editado o seu primeiro álbum de estúdio em nome próprio. Intitulado DocTetos, o referido disco permitiu-lhe gravar uma série de duetos com alguns dos mais notáveis músicos de jazz portugueses e estrangeiros. Um deles era Bernardo Sassetti, de quem era amigo e que, de certa forma, lançara no jazz quando, em 1986, no palco do Hot Clube, lhe deu, como dizia, a “alternativa”…

Barros Veloso tinha já 84 anos quando, em 2014, viu editado o álbum Just In Time, da cantora Paula Oliveira. Para o gravar, fizera equipa com o eng.º Bernardo Moreira (contrabaixo) e com Manuel Jorge Veloso (bateria). Entre os vários músicos convidados a participar nas sessões de gravação encontrava-se o jovem saxofonista Ricardo Toscano, com quem Barros Veloso gostava particularmente de tocar.

Em 2018, recebe o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Nova de Lisboa. Dois anos antes tinha dado uma grande entrevista para o programa Quinta Essência, na qual António José Barros Veloso conversa com João Almeida, em 2016, sobre o jazz, a medicina, a azulejaria, a astronomia.
E em 2020-21, celebraram-se os seus 90 anos, com várias iniciativas, entre as quais, o lançamento do livro António José de Barros Veloso – Uma Vida, Vários Mundos, da autoria de Margarida Bastos, e a edição do disco Jazz Trintage, 1987 – Ao vivo no Hot Clube (Edição HCP) [Outubro 2020] , para além de uma série de 15 vídeos com testemunhos de músicos com os quais tocou nos últimos 70 anos, disponibilizados no Youtube.

Barros Veloso em 2011, no programa “O Espírito do Jazz”, de João Moreira dos Santos, da Antena 2

Neste episódio especial de Jazz a 2, podem-se escutar várias músicas interpretadas por Barros Veloso, entre as quais: September in the rain, na sua primeira gravação em disco, em 1953; Cool blues, uma composição de Charlie Parker, música gravada em 1953 pelo Rádio Clube Português; o quinteto de Ary de Magalhães, com Barros Veloso ao piano, no clássico Over the rainbow, música gravada em 1953 pelo Rádio Clube Português; a voz de Alberto Coronel e o piano de Barros Veloso em That’s all, música do disco Just for Kicks, gravado e editado em 1984, em edição de autor; Barros Veloso e Maria Viana em You’d be so nice to come home to, música do disco Jazz Trintage, gravada no Hot Clube, 1987, editado em Dezembro de 2020 pelo Hot Clube de Portugal; a voz de Maria Viana e o piano de Barros Veloso em I’ve got a crush on you, música do disco Just Friends/Entre Amigos, editado em 1992 pela Timeless; Barros Veloso e Marta Hugon em Something cool, música do disco Uma Noite de Jazz com Barros Veloso, editado em edição de autor; Barros Veloso e Art Themen em Lush life, um tema composto por Billy Strayhorn, música do disco Dose Dupla, editado em 2009, em edição de autor; Barros Veloso com Katt Tait e Gonçalo Sousa em Teach me tonight, música do disco Ao Vivo na Ordem dos Médicos, editado em edição de autor; Barros Veloso e Bernardo Sassetti em diálogo a dois pianos no tema Olhar, música do disco DocTetos, editado em 2011 pela Jorsom; e Barros Veloso, Paula Oliveira e Ricardo Toscano em How long has this been going on?, música do disco Just in Time, editado em 2014 pelo Hot Clube de Portugal.

Texto de João Moreira dos Santos

Imagem de Barros Veloso | 90 anos | 27 Setembro

Barros Veloso | 90 anos | 27 Setembro

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António Barros Veloso (Jazz e outros interesses)

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