Entrevista com Armando Possante e João Chambers
Especial I, por João Chambers
A Herança Musical da Sé de Évora
Igreja do Convento de São Pedro de Alcântara, em Lisboa
8h00 | Entrevista
Com Armando Possante, director do Grupo Vocal Olisipo, e João Chambers, autor/realizador do programa Musica Aeterna
11h00 | 21h00 (repetição)
Para ouvir, clicar aqui.
15h00 | 22h00 (repetição)
O repertório pré-romântico de acordo com preceitos historicistas é um segmento medular da herança cultural compartilhada pelos europeus, intimamente ligado a outras expressões artísticas como a dança, o teatro, o cinema, a escultura ou a arquitectura. Abrange cerca de mil anos e foi escrito ou transmitido por via oral desde a Idade Média até ao primeiro terço do século XIX. Conquanto alguns dos insignes autores dessas fases, como Hildegard von Bingen, Josquin Desprez, Claudio Monteverdi ou Johann Sebastian Bach sejam amplamente festejados, existe ainda um vastíssimo acervo a carecer de urgente redescoberta pelos melómanos hodiernos.
João Chambers
19h00 | Concerto
Transmissão direta a partir da
Igreja do Convento de São Pedro de Alcântara, Lisboa
Grupo Vocal Olisipo
Armando Possante, barítono e direção
pro Defunctis
Libera me, Domine
amici mei
factae sunt
nos
Salve Regina
Pedro Vaz Rego (1673-1736) – Beati
Omnes
sublevasset
audisset Joannes
vallis implebitur
* Em rara performance
moderna.
* Edição de Luís Henriques para as edições do Movimento Patrimonial pela
Música Portuguesa.
Iniciamos o nosso programa com obras pouco interpretadas de Estêvão Lopes Morago, compositor nascido em Espanha em 1575 mas que estudou em Évora, tendo sido ainda contemporâneo dos primeiros grandes autores eborenses. Foi Mestre de Capela da Catedral de Viseu, cidade onde morre em 1630.
Foi pela altura da morte de Morago que nasceram os dois autores seguintes do nosso programa, Francisco Martins (1620/25-1680) e Diogo Dias Melgaz (1638-1700). Ambos estudaram com Manuel Rebelo e ambos foram Mestres de Capela de uma Catedral, Martins em Elvas e Melgaz em Évora. Compositores com um estilo austero e despojado compensam esta aparente simplicidade com um arrojo de escrita harmónica e expressiva que mostra claramente o seu conhecimento da linguagem musical barroca.
O compositor Pedro Vaz Rego tem fortes ligações com Diogo Dias Melgaz. Nascido em Campo Maior em 1673, foi aluno de Melgaz em Évora, tendo-se mais tarde tornado Mestre de Capela da Catedral de Elvas (cargo que Francisco Martins tinha também ocupado). Voltou a Évora para ajudar o seu antigo professor quando este estava já doente e cego e substituiu-o como Mestre de Capela e Reitor do Colégio dos Moços de Coro. Foi um autor prolífico de várias obras musicais tanto no estilo antigo como no moderno. Foi também autor de poemas e textos teóricos.
Afonso Lobo poderá ou não ser o famoso compositor espanhol Alonso Lobo, já que não se conhecem quaisquer pormenores sobre a sua vida. Apesar disto, o estilo e a linguagem harmónica das obras nas quais se contam estes Motetes para a Quaresma parece aproximá-lo de autores do século XVIII como Melgaz, o que poderá dar credibilidade à hipótese de ser na realidade um autor português.
André Rodrigues Lopo (c.1730-1800) foi cantor (tenor) da Capela da Catedral de Évora, tendo sido Mestre da Claustra, cargo que acumulou no final da vida com o Mestre de Capela Francisco José Perdigão. Sabe-se muito pouco sobre a sua vida mas há muitas obras suas no arquivo da Sé de Évora.
Francisco José Perdigão nasceu em fins do século XVIII e morreu em 1833, tendo sido nomeado para os cargos de Reitor do Colégio dos Moços de Coro, Mestre da Claustra e Mestre de Capela. É um dos compositores mais representados no arquivo da Sé, com obras em estilo concertado e em estilo antigo. Manda copiar obras de Cardoso e Melgaz, que são claras influências na sua escrita nestas suas obras em estilo antigo.
Miguel Anjo do Amaral (c.1770-c.1820) foi professor no Colégio dos Moços de Coro e cantor na Capela da Catedral, funções nas quais terá certamente trabalhado com o seu contemporâneo Francisco Perdigão. As suas obras em estilo antigo têm uma linguagem harmónica e um estilo de escrita melódico mais arrojados e inovadores que o afastam, mais do que a qualquer dos outros compositores interpretados, do estilo dos autores clássicos da Sé de Évora.
Armando Possante. O seu repertório é vasto e eclético, abrangendo obras do
período medieval aos dias de hoje. Tem colaborado frequentemente com
compositores, tendo apresentado em primeira audição obras de Bob Chilcott
(Irish Blessing), Ivan Moody (The Meeting in the Garden, The Prophecy of
Symeon), Christopher Bochmann (Maria Matos Medley, Morning e a ópera Corpo e
Alma), Eurico Carrapatoso (Magnificat em Talha Dourada, Horto Sereníssimo,
Stabat Mater), Vasco Mendonça (Era um Redondo Vocábulo), Luís Tinoco (Os
Viajantes da Noite) e Manuel Pedro Ferreira (Delirium),entre outros.
Outubro de 2016, no Festival Guitar’Essonne, em França, obras de Anne Victorino
d’Almeida, António Pinho Vargas, Carlos Marecos, Daniel Davis, Edward Luiz
Ayres d’Abreu, Fernando Lapa, José Carlos Sousa, Nuno Côrte-Real, Sérgio
Azevedo e Tiago Derriça. Trabalhou com dois dos mais prestigiados ensembles
mundiais da actualidade – “Hilliard Ensemble” e “The King’s Singers” e também
interpretação de ópera barroca com Jill Feldman.
em concursos, nomeadamente uma menção honrosa no Concurso da Juventude Musical
Portuguesa e o Primeiro Prémio nos concursos International May Choir
Competition em Varna, Bulgária, Tampere Choir Festival na Finlândia, 36º
Concorso Internazionale C.A.Seghizzi em Gorizia, Itália e 5º Concorso
Internazionale di Riva del Garda em Itália, e vários prémios de interpretação.
inúmeras atuações por todo o país, tendo-se já apresentado nos principais
Festivais de Música, em palcos como os do Centro de Arte Moderna, Centro
Cultural de Belém, Teatro Nacional de S. Carlos, Casa da Música e Teatro
Rivoli, entre muitos outros. Tem colaborado com vários ensembles instrumentais
e orquestras, como o Quarteto Lacerda, Quarteto Arabesco, Capella Real, Músicos
do Tejo, Academia de Música Antiga, Orquestra de Cascais e Oeiras,
OrchestrUtopica, Orquestra Sinfónica Juvenil, Orquestra do Algarve, Orquestra
Filarmonia das Beiras e Orquestra Metropolitana de Lisboa. Internacionalmente
tem-se apresentado em concertos por toda a Europa. Participou como convidado em
Sunderland, Inglaterra e no Festival 500, em St. John’s no Canadá e mais
recentemente em Singapura, onde apresentou 3 concertos de música Portuguesa com
especial enfoque nos compositores Francisco Martins, Estêvão de Brito, Eurico
Carrapatoso e Fernando Lopes-Graça.
diversos workshops para coros e maestros de todo o mundo. Em cinema participou
no filme As variações de Giacomo onde contracenou com os atores John
Malkovich e Veronica Ferres e com os cantores Miah Persson, Florian Bösch e
Topi Lehtipuu. Gravou o Officium Defunctorum de Estêvão de Brito e as Matinas
de Natal de Estêvão Lopes Morago para a editora Movieplay, Cantatas Maçónicas
de Mozart para a EMI, e, para a Diálogos, Tenebrae com música de Francisco
Martins e Manuel Cardoso e o Magnificat de Eurico Carrapatoso.
Gregoriano de Lisboa e na Escola Superior de Música de Lisboa onde concluiu os
Cursos Superiores de Direção Coral, com Christopher Bochmann, Canto
Gregoriano, com Maria Helena Pires de Matos, e Canto com Luís Madureira. Foi-lhe atribuído o Título de Especialista em Canto
pelo Instituto Politécnico de Lisboa, comprovando a qualidade e especial
relevância do seu currículo profissional como professor do ensino superior.
Estudou Canto em Viena com Hilde Zadek e frequentou master classes
de canto com Christianne Eda-Pierre, Christoph Prégardien, Siegfried Jerusalem e Jill
Feldman. Aperfeiçoou os seus estudos de Canto
Gregoriano em Itália com Nino Albarosa, Johannes Göschl, Alberto Turco e Luigi Agustoni.
Superior de Música de Lisboa. Orientou workshops no Canadá (Festival
500), Inglaterra (Congresso da ABCD), Singapura (A Cappella Festival) e em
Portugal, destacando-se as Jornadas Internacionais de Música da Sé de Évora, onde trabalhou
frequentemente ao lado de Owen Rees e Peter Phillips.
solista do Grupo Vocal Olisipo e do Coro Gregoriano de Lisboa e membro
convidado do Nederlands Kamerkoor, tendo-se apresentado em concertos na
Alemanha, Bélgica, Bulgária, Canadá, Espanha, Finlândia, França, Holanda, Inglaterra, Itália, Japão, Luxemburgo, Marrocos, Polónia, Singapura e Suiça, bem como nas principais salas e festivais de música
nacionais.
Bach no 1º Concurso Vozes Ibéricas, o 3º prémio e o prémio para a melhor
interpretação de uma obra portuguesa no Concurso Luisa Todi e o 1º prémio no 7º
Concurso de Interpretação do Estoril. Foi-lhe atribuido como maestro o prémio Bärenreiter para a melhor interpretação de uma obra renascentista no
concurso C. A. Seghizzi em Itália e, com o Grupo Vocal Olisipo, quatro primeiros
prémios e vários prémios de interpretação
em concursos internacionais na Bulgária, Finlândia e Itália.
reconhecimento crítico, pelos quais recebeu, entre outras distinções, uma
nomeação para os prémios da SPA, o Choc du Monde de la Musique e o Diapason d‘Or.
Apresenta-se regularmente com a
pianista Luiza da Gama Santos em recitais de Lied, tendo já interpretado obras como os ciclos Winterreise de Schubert, Dichterliebe de
Schumann e Lieder eines Fahrendes Gesellen de Mahler. Como solista de oratória interpretou com as
principais orquestras do país obras como Missa em Si m, Oratória de Natal, Paixão segundo São João e Magnificat de Bach, Messias de Handel, A Criação de
Haydn, Nona Sinfonia de Beethoven, Petite Messe Solennelle de Rossini, Requiem Alemão de Brahms, L’enfance du Christ de Berlioz, Carmina Burana de
Orff e as missas de Requiem de Mozart, Bomtempo, Fauré, Duruflé, Lopes Graça e Eurico Carrapatoso.
tendo apresentado em primeira audição obras de vários compositores como
Christopher Bochmann, Ivan Moody, Bob Chilcott, Eurico Carrapatoso, Luís
Tinoco, António Pinho Vargas, Pedro Amaral, Vasco Negreiros, Sérgio Azevedo,
Carlos Marecos e Nuno Côrte-Real, entre muitos outros. Estreou-se em ópera no
papel de Guglielmo em Così fan Tutte de
Mozart, tendo posteriormente participado em produções das óperas L’Amore Industrioso, As
Variedades de Proteu, Dido and Aeneas, The Fairy Queen, Venus and
Adonis, La déscente d’Orphée aux Enfers, La Donna di Génio Volubile, La Dirindina, Don Giovanni, A Floresta,
Corpo e Alma, Jeremias Fisher, O Sonho, L’Elisir d’Amore e Gianni
Schicchi.
Igreja do Convento de São Pedro de Alcântara
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