Teatro Sem Fios
5 Dezembro | 19h00
10 Dezembro | 14h00 (repetição)
Gravado no Auditório 2 do
Instituto Superior de Economia e Gestão, em Lisboa
Produção: Anabela Luís / Artistas Unidos
Fala da criada dos Noailles que no fim de contas vamos descobrir chamar-se também Séverine numa noite do inverno de 1975, em Hyères | Jorge Silva Melo
Intérpretes
Elsa Galvão, Andreia Bento, Helder Braz e António Simão
Direção
António Simão
Sinopse
Uma paródia inconsequente de Jorge Silva Melo.
Uma eterna criada evoca as ricas horas dos mecenas, os bailes loucos, a arte livre, o amor livre, o financiamento de L’Age D’Or de Luis Buñuel, tudo na altura em que se anuncia a vinda do realizador espanhol ao palacete de Hyères onde ainda vive o Conde de Noailles, mecenas que foi de tanta gente e tanto dos surrealistas: estamos a meio dos anos 70 (do século XX) e os anos loucos já se foram, com as jóias da família.
Muito livremente inspirado em O Meu Último Suspiro de Buñuel – e nas botinas de Diário de Uma Criada de Quarto de Buñuel, é claro. E Séverine era a Belle de Jour do romance de Joseph Kessel de que Buñuel e Oliveira se apropriaram, maliciosos.
Jorge Silva Melo | Natural de Lisboa e passou a infância e o início da adolescência em Angola, onde os seus pais estavam radicados. Frequentou a Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e, a partir de 1969, a London Film School. Antes de partir para Inglaterra foi um dos fundadores do Grupo de Teatro de Letras. Mais tarde fundou com Luís Miguel Cintra o Teatro da Cornucópia (1973), onde permaneceu até 1979. Como bolseiro da Gulbenkian estagiou em Berlim com Peter Stein na Schaubühne e em Milão com Giorgio Strehler no Piccolo di Milano. Trabalhou em França como actor com encenadores como Jean Jourdheuil e Jean François Peyret.
Como realizador de cinema, integrou a cooperativa Grupo Zero (1975-79) e realizou mais de uma dúzia de filmes, entre eles o mítico António, Um Rapaz de Lisboa (2000). Como actor de cinema trabalhou com Manoel de Oliveira, Paulo Rocha, João César Monteiro, Alberto Seixas Santos, Joaquim Pinto, Manuel Mozos e outros. Da sua filmografia constam filmes sobre diversos artistas plásticos: António Palolo, Nikias Skapinakis, Álvaro Lapa, Sofia Areal, Joaquim Bravo, Ângelo de Sousa e Fernando Lemos.
Em 1995, fundou a produtora Artistas Unidos onde dirigiu e produziu quase três centenas de espectáculos, organizou exposições e editou a coleção Livrinhos de Teatro e a revista Artistas Unidos, promoveu conversas e seminários com autores e alunos.
Traduziu Carlo Goldoni, Luigi Pirandello, Oscar Wilde, Bertolt Brecht, Georg Büchner, Lovecraft, Michelangelo Antonioni, Pier Paolo Pasolini, Heiner Müller, Harold Pinter e Max Frisch, entre outros. Deixa-nos três livros excecionais: Deixar a Vida (2002), O Século Passado (2007) e A Mesa Está Posta (2019).
Transformou o teatro português com António, Um Rapaz de Lisboa (1995), O Fim ou Tende Misericórdia de Nós, Prometeu – Rascunhos (1997), ou Num País Onde Não Querem Defender os Meus Direitos, Eu Não Quero Viver (baseado em Kleist, 1999) que escreveu e dirigiu. Encenou grandes autores do século XX, como Luigi Pirandello, Bertold Brecht, Heiner Müller, Arthur Miller, Tennessee Williams e autores contemporâneos, apresentados em Portugal pela sua mão, como Enda Walsh, Jon Fosse, Dimítris Dimitriádis, Juan Mayorga, Davide Carnevali, Claudio Tolcachir, Antonio Tarantino, Spiro Scimone, entre tantos outros. Assina mais de uma dezena de peças originais.
Trabalhou com centenas de actores, artistas e pensadores portugueses, deixou a sua marca em toda a comunidade artística e teatral portuguesa que ajudou a construir. Morreu a 14 de Março de 2022.
Elsa Galvão começou a trabalhar em 1980 no Teatro Emarginato, tendo a partir de 1988 iniciado uma colaboração regular com Fernando Gomes (Como é Diferente o Amor em Portugal, Klassikus Kabaret, Amor Também de Perdição, Goodbye Século XX, Até as Coristas Falam, Uma Noite no Paraíso, O Gato das Notas, Os Três Mosqueteiros, A Vida Trágica de Carlota, Drakula Com, O Sangue, Vou Dar de Beber à Dor, O Corcunda de Notre Dame, A Ilha do Tesouro, Viva o Casamento, Divina Loucura). Trabalhou também com João Mota (El Grande de Coca-Cola, Guerras de Alecrim e Manjerona de António José da Silva, A Pulga Atrás da Orelha de Feydeau, A Senhora Klein de Nicholas Wright), Adriano Luz (Um Certo Plume a partir de Michaux) Fernanda Lapa (Top Girls de Caryl Churchil, As Bacantes de Eurípides), Graça Correia (Eleanor Marx, Câmara Ardente de Harold Pinter, Queima Isto de Lanford Wilson), Teresa Sobral (Elefantes no Jardim de Virgílio Almeida), Diogo Infante (Um Vestido para Cinco Mulheres de Alan Ball), João Lagarto (Por Favor Deixe Mensagem de Michael Frayn), Teatro da Terra, Ricardo Neves-Neves (Kabaret Valentin). É presença regular na televisão. No cinema trabalhou com Luís Filipe Rocha e Jorge António. Colabora com os Artistas Unidos desde 2001.
Andreia Bento tem a Licenciatura de Actores/Encenadores da ESTC. Realizou o estágio curricular nos Artistas Unidos. Como actriz trabalhou com Pogo Teatro, Teatro Infantil de Lisboa, Teatro da Malaposta com Ana Nave, Teatro Aberto com José Wallenstein ou Mala Voadora com Jorge Andrade. Participou na curta-metragem A Rapariga no Espelho de Pedro Fortes, no filme Ruth de António Botelho e na série Sul de Ivo Ferreira. Autora dos textos para o programa de Cowboy Mouth de Sam Shepard, com encenação de Francisco Salgado. Integrou ainda a equipa de produção do TNDMII. Colabora com os Artistas Unidos desde 2001, trabalhando como assistente de encenação, directora de projecto, produtora, editora, actriz e encenadora. Sócia dos Artistas Unidos entre 2006 e 2019. Recentemente nos Artistas Unidos: Vemo-nos ao Nascer do Dia de Zinnie Harris (2019), Adam de Frances Poet (2023) e Estava em casa e esperava que a chuva viesse (2023).
Helder Bráz fez formação no IFICT, Chão de Oliva, Câmara de Oeiras e no Centro Dramático de Évora. Trabalhou com Paulo Filipe Monteiro, Alexandre de Sousa, António Fonseca, Margarida Carpinteiro, J. M. Alvim, David Wheller, Luís Varela, Jean François Lapallus, Fernando Mora Ramos, Axél Boosére, Ruy Otero e com os grupos Orquestra Dramática O Bife, Living Theatre, Royal de Luxe, O Bando, Companhia de Teatro O Sonho, GICC – Teatro das Beiras e Pogo Teatro. No cinema fez a curta-metragem É Só Um Minuto de Pedro Caldas. Trabalhou na Companhia de Teatro O Sonho onde fez Auto da Barca do Inferno e Auto da Índia, de Gil Vicente, e Falar Verdade a Mentir, de Almeida Garrett. Trabalhou no GICC – Teatro das Beiras em Zoo Story de Edward Albee. Com os Artistas Unidos trabalhou recentemente em A Coragem da Minha Mãe de George Tabori (2020), Morte de um Caixeiro Viajante de Arthur Miller (2021) e A Omissão da Família Coleman de Claudio Tolcachir (2023).
António Simão tem os cursos do IFICT (1992) e IFP (1994). Trabalhou com Margarida Carpinteiro, António Fonseca, Aldona Skiba-Lickel, Ávila Costa, João Brites, Melinda Eltenton, Filipe Crawford, Joaquim Nicolau, Antonino Solmer e Jean Jourdheuil. É pós-graduado em Estudos de Teatro pela FLUL. Integra os Artistas Unidos desde 1995, tendo participado recentemente em Do Alto da Ponte de Arthur Miller (2018), Ballyturk de Enda Walsh (2019), Uma Solidão Demasiado Ruidosa, a partir do romance de Bohumil Hrabal (2020), Morte de um Caixeiro Viajante de Arthur Miller (2021), Terra de Ninguém de Harold Pinter (2022) e Proximidade de Arne Lygre (2022).