16 Dezembro | 18h00
Programa Mezza-Voce
Apresentação e Realização: André Cunha Leal
Produção: Susana Valente
Gravação no Festival de Salzburgo
a 13 de agosto de 2023
Bohuslav Martinů | A Paixão Grega
Ópera em quatro atos
Grigoris, padre de Lycovrissi: Gábor Bretz (B)
Michelis: Matthäus Schmidlechner (T)
Kostandis: Alejandro Baliñas Vieites (B)
Yannakos: Charles Workman (T)
Manolios: Sebastian Kohlhepp (T)
Panait: Julian Hubbard (T)
Nikolio: Aljoscha Lennert (T)
Adonis: Matteo Ivan Rašić (T)
Katerina, uma jovem viúva: Sara Jakubiak (S)
Lenio: Christina Gansch (S)
Uma mulher idosa: Helena Rasker (CA)
Fotis, padre dos refugiados: Łukasz Goliński (BBT)
Despinio, uma refugiada: Teona Todua (S)
Um homem idoso: Scott Wilde (B)
Despinio: Teona Todua (S)
Ladas, um velho avarento [papel falado]: Robert Dölle
Um ancião: Luke Stoker (BBT)
Coro Infantil do Festival e Teatro de Salzburgo
Direção do Coro: Wolfgang Götz
Associação de Coros da Ópera Estatal de Viena
Direção do Coro: Huw Rhys James
Orquestra Filarmónica de Viena
Direção de Maxime Pascal
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A 13 de agosto de 2023, o Festival de Salzburgo foi palco da apresentação da ópera A Paixão Grega, de Bohuslav Martinů, baseada na obra Cristo Recrucificado de Nikos Kazantzakis. Esta ópera, uma peça em quatro atos, é não só uma obra-prima musical, mas também um poderoso comentário sobre temas universais como a fé, o sacrifício e a condição humana, tendo um significado especial no contexto atual da crise de refugiados. O enredo desenrola-se numa aldeia grega onde os aldeões preparam uma encenação da paixão de Cristo. As personagens, que espelham figuras bíblicas, vivem conflitos morais e espirituais que refletem dilemas contemporâneos. A história adquire uma dimensão adicional com a chegada de um grupo de refugiados, liderado pelo padre Fotis, desafiando a aldeia a confrontar a sua compaixão e humanidade.
A Paixão Grega aborda questões intemporais como a exclusão, a empatia e a procura da redenção, temas particularmente pertinentes face à crise de refugiados que marca a atualidade.
A sua representação no Festival de Salzburgo, conhecido por reunir produções artísticas de elevado calibre, proporciona um momento significativo para refletir sobre estas questões prementes. Com a direção musical de Maxime Pascal e a atuação da Orquestra Filarmónica de Viena, espera-se uma interpretação emocionante e profundamente comovente desta ópera.
A Paixão Grega não é apenas um espetáculo de grande qualidade artística, mas também um convite à reflexão sobre a compaixão e a responsabilidade coletiva em tempos de adversidade.
A Paixão Grega
Ópera em quatro atos
Música de Bohuslav Martinů
Libreto de Bohuslav Martinů baseado no romance Cristo Recrucificado de Nikos Kazantzakis
A ópera de Martinů teve uma história complexa. Compôs o seu próprio libreto, baseado numa tradução para o inglês do romance do escritor grego Nikos Kazantzakis de 1954; as diversas edições da tradução tinham um de dois títulos: Cristo Recrucificado ou A Paixão Grega .
Martinů compôs o texto em inglês, tendo sido incentivado pela Royal Opera House de Londres (Covent Garden), mas a ópera, uma vez concluída, foi rejeitada pelo conselho de Covent Garden. Então resolveu condensar e recompor. O resultado é, de certa forma, duas óperas diferentes que partilham algum material musical. A estreia da versão reescrita ocorreu em 1961, em Zurique, e foi gravada diversas vezes, em inglês e em tradução checa.
A semi-esquecida versão londrina estreou mais tarde, em 1999, em Bregenz (na Áustria, perto da Suíça). É mais extensa do que a segunda versão (Zurique), mas também em muitos aspectos mais imaginativa, nomeadamente no recurso a uma grande quantidade de diálogo falado (incluindo vários papéis puramente falados) e até mesmo de algumas passagens faladas para o refrão.
Fotos @ SF/ Monika Rittershaus