Documentário sonoro
Coisas do mar, que os homens não entendem:
Súbitas trovoadas temerosas,
Relâmpados que o ar em fogo acendem,
Negros chuveiros, noites tenebrosas,
Bramidos de trovões que o mundo fendem […]
A trovoada é um fenómeno imponente e imprevisível. Quando se arma uma trovoada, o céu ilumina-se, ouve-se um estrondo, parece que alguma coisa nos vai cair em cima. A trovoada fascina e dá medo. Provoca emoções e a elas se compara. Pode passar bonita e ser só espectáculo, ou deixar atrás um rasto de destruição.
No imaginário humano a trovoada é muito mais do que uma simples situação meteorológica: é os céus que estão irados, é um castigo merecido, um feitiço maldoso ou nuvens malcriadas a passar. Há quem seja atingido e não sobreviva, há quem fique só tonto e se levante logo para seguir a rotina normal.
A Trovoada é um documentário sonoro que explora as várias facetas deste fenómeno natural, desde a ciência à cultura popular, e que conta histórias, antigas e recentes, de trovoadas que deixaram marcas irreparáveis em pessoas e lugares.
Música: Trovoada de João Godinho, interpretada ao piano por Joana Gama, e composta originalmente para o espectáculo de dança Trovoada de Luís Guerra.
Sofia Saldanha começou a trabalhar em rádio em 1992 quando ainda frequentava a escola secundária. Durante 15 anos foi uma das vozes da Rádio Universitária do Minho. Completou o Mestrado em Rádio do Goldsmiths College, University of London, no Reino Unido e fez o curso de rádio do Salt Institute for Documentary Studies, nos EUA. Ganhou o Best New Artist Award no Third Coast International Audio Festival (EUA, 2010), esteve nomeada para prémios no Prix Europa – The European Broadcasting Festival (Alemanha, 2019), The HearSay Prize – HearSay International Audio Arts Festival (Irlanda, 2019) e Prix Marulic – International Radio Festival (Croácia, 2020). Os seus documentários áudio foram transmitidos na Rádio Antena 2, BBC Rádio 4, e em inúmeros canais de rádio norte-americanos. É parte do In The Dark, uma associação que nasceu em Londres em 2010, dedicada a divulgar documentários áudio inovadores, e que organiza regularmente, em espaços públicos, sessões de escuta áudio no escuro. Em 2018 criou o In The Dark Lisboa. Sofia é membro do Sindicato de Poesia, uma Associação Cultural que desde Outubro de 1996 trabalha o acto performativo de dizer poesia.