A 19 de setembro estreia nas salas de cinema em Portugal, o filme do realizador Miguel Gomes que venceu, no passado mês de maio, o Prémio de Melhor Realização no Festival Internacional de Cinema de Cannes, em França.
Grand Tour
Um filme de Miguel Gomes
“Grand Tour é uma experiência única e valiosa” – The Guardian
“O sonho da febre asiática de Miguel Gomes é sedutor e evasivo” – The Hollywood Reporter
“Repleto de vida e música e com reveladoras colisões entre culturas e épocas, o título do mestre português (…) é um bálsamo de cura para tempos difíceis” – Variety
Grand Tour tem como referência o itinerário do livro de viagens do início do século XX, Um gentleman na Ásia, do escritor britânico Somerset Maugham, e é uma história de desamor e aventuras que retrata “o espetáculo do mundo’’, um mundo como um lugar desconcertante, cheio de esperança e sonhos; mas no fundo é um filme “sobre a determinação das mulheres e a cobardia dos homens”, segundo palavras de Miguel Gomes.
Na Ásia em 1918, a história começa com um homem, Edward, funcionário britânico na Birmânia, que espera a sua noiva Molly no cais. Tomado pelo pânico, decide fugir para Singapura, onde recebe um telegrama da noiva dizendo que está a chegar. Foge de novo e passa por vários países, sempre com ela no seu encalço. A segunda parte do filme conta a história do ponto de vista da mulher, determinada a casar-se com o homem que lhe prometeu amor eterno e que não vê há sete anos.
“Contemplando o vazio da sua existência, o cobarde Edward interroga-se sobre o que terá acontecido a Molly… Desafiada pelo impulso de Edward e decidida a casar-se com ele, Molly segue o rasto do noivo em fuga através deste ‘Grand Tour’ asiático”, refere a sinopse.
Desta história resulta um filme em que sobressai o contraste (deliberado) entre o filme de época e as imagens da Ásia dos dias de hoje.
Protagonizado por Crista Alfaiate e Gonçalo Waddington, reúne um prestigiado elenco de atores, como Cláudio da Silva, Lang Khê Tran, Jorge Andrade, João Pedro Vaz, João Pedro Bénard, Teresa Madruga, Joana Bárcia, Diogo Dória, Jani Zhao, Manuela Couto e Américo Silva. A longa-metragem de Miguel Gomes, que assina também o argumento com Telmo Churro, Maureen Fazendeiro e Mariana Ricardo, tem produção de Uma Pedra no Sapato, em coprodução com Itália, França, Alemanha, China e Japão.
Este filme, “um clássico filme de aventuras”, é o resultado da colagem de dois processos distintos mas complementares.
O primeiro, as filmagens de Miguel Gomes fez, com uma equipa reduzida e ainda sem argumento, numa longa viagem pela Ásia, imediatamente antes da pandemia da covid-19, nos primeiros meses de 2020 – só a parte na China foi filmada em 2022, depois de levantadas as restrições. Esta viagem pela Ásia – Myanmar (antiga Birmânia), Vietname, Tailândia, Filipinas, Singapura, Japão e China -, serve para delinear o trajeto das personagens, recolher imagens e sons contemporâneos para uma longa-metragem de época.
Adiados os planos, pela pandemia, o segundo processo, o das filmagens das cenas com os atores em estúdio, em Roma, foi feito em 2023, com uma equipa de mais de 100 pessoas a trabalhar, porque “o estúdio é o espaço do cinema por excelência”, como conta Miguel Gomes.
Com este prémio no Festival de Cannes, Miguel Gomes e o seu Grand Tour, granjeia a maior distinção alguma vez conseguida por um filme português em Cannes.
É também o coroar de uma carreira cinematográfica em que na última década e meia fora presença regular em festivais de topo com os filmes Tabu (2012) e a trilogia das Mil e uma noites (2015). Em Cannes, Miguel Gomes tinha apresentado anteriormente, na Quinzena de Cineastas, Aquele querido mês de agosto (2008), As mil e uma noites (2015) e Diários de Otsoga (2021), correalizado com Maureen Fazendeiro; este ano, com a inclusão de Grand Tour na seleção oficial para a Palma de Ouro, e depois com o Prémio de Melhor Realização, Miguel Gomes é distinguido pela primeira vez na competição oficial do festival de Cannes.
O realizador recebeu o prémio das mãos do cineasta alemão Wim Wenders e num curto discurso agradeceu ao cinema português, sublinhando a raridade que é haver filmes portugueses na competição oficial, e estendeu o agradecimento a grandes realizadores portugueses” como Manoel de Oliveira ou João César Monteiro que o inspiraram a fazer cinema.
Também nesta edição do Festival de Cannes, o filme de Daniel Soares, Mau por um Momento, produzido por O Som e a Fúria, integrou a seleção oficial de curtas-metragens e arrecadou a Menção Especial.
Grand Tour que já tem os seus direitos vendidos para 65 países, esteve nomeado para Melhor Filme no Festival de Cinema de Sydney, em junho, e integrou em agosto o Festival de Cinema de Melbourne, na Austrália.
A longa metragem portuguesa vai também estar no Festival de Nova Iorque que começa a 27 de Setembro, e está entre as 29 primeiras obras selecionadas para os Prémios do Cinema Europeu, cujas nomeações são reveladas a 5 de novembro.
O filme foi o mais votado entre os membros da Academia Portuguesa de Cinema (APC) para ser o candidato de Portugal à categoria de Melhor Filme Internacional, na 97ª edição dos Prémios da Academia Americana de Cinema, que acontece a 2 de março de 2025, em Hollywood, Los Angeles (EUA).