Temporada de Concertos Antena 2
9 janeiro | 19h00
Auditório do
Instituto Superior de Economia e Gestão
Entrada gratuita
João Paulo Moreira
Recital de piano
Programa
Camille Saint-Saëns (1835-1921) – Étude op. 52 nº 6 “En forme de valse”
Johann Sebastian Bach (1685-1750) – French Suite nº 5 in G major BWV 816 (1722)
Allemande
Courante
Sarabande
Gavotte
Bourrée
Loure
Gigue
Franz Schubert (1797-1828) – Piano Sonata nº 21 D 960 in B flat major
1. Molto Moderato
2. Andante Sostenuto
3. Scherzo. Allegro vivace con delicatezza
4. Allegro non troppo
Notas ao programa
por João Paulo Monteiro
Suite Francesa nº 5. Composta entre 1722 e 1725 e, mesmo não tendo sido o compositor a dar a designação de francesa a esta suite, esta é constituída, cumprindo a norma, pela forma padrão das tradicionais danças. Uma allemande, provavelmente de origem alemã; a courante de origem francesa mas que, frequentemente era substituída pela corrente italiana caracterizada por ser de andamento mais rápido; a sarabanda espanhola (importada do México); por fim a jigue, de origem anglo-irlandesa. Frequentemente, e mais em particular no caso das suites de Bach, a estas eram adicionados andamentos suplementares ao gosto do compositor. Para mim enquanto intérprete, além de ser uma obra de riqueza musical inquestionável, esta obra de Bach deu-me a oportunidade de explorar os limites da partitura e da música escrita. Cada uma destas danças está escrita com repetição, oportunidade esta que eu aproveitei para florear, acrescentar mas também simplificar, explorando limites de interpretação e criação.
Famosa era a admiração que Schubert nutria por Beethoven, e não deixa de ser curioso como se pode assemelhar a sua última sonata à op. 111 e também última sonata do seu ídolo. Com um segundo andamento absolutamente catártico mas cheio de lirismo e esperança, Schubert parece despedir-se da forma mais humilde e humana possível. Até as notas finais destas duas icónicas obras se assemelham, mudando apenas meio tom acima no caso de Schubert. Mas, felizmente para nós, Schubert decidiu prendar-nos com mais dois andamentos. E que belas surpresas. O virtuosismo vigoroso mas jovial e delicado destes dois andamentos antecipam a magnitude daquele que viria a ser um dos mais importantes séculos para a história do piano e da música escrita para este instrumento. A escolha deste repertório assenta numa perspetiva de encontrar uma musicalidade profunda, aliada a uma experiência humana e emocional, sem excessos, sem demasiados floreados ou hipérboles de manifestações de virtuosismo. Este repertório pode ser escutado no meu primeiro trabalho discográfico, ao qual denominei de Begin.
Transmissão direta
Apresentação: Pedro Ramos
Produção: Anabela Luís, Reinaldo Francisco
João Paulo Moreira | Nasceu em Santiago de Bougado-Trofa em 1985 e participou em vários cursos de aperfeiçoamento musical com os professores Jaime Mota, Fátima Travanca, Tsiala Kvernadze, Miguel Borges Coelho, Helena Sá e Costa, Maria do Céu Camposinhos, Luís de Moura Castro, Jura Margulis, Vitaly Margulis, Jörg Demus, Pedro Burmester, Adriano Jordão, Claudio Martínez Mehner, Christopher Elton e Rixiang Huang. Concluiu o 8.º grau com a classificação de 20 valores, na classe de Maria do Céu Camposinhos, no Centro de Cultura Musical, Caldas da Saúde. Terminou em 2010 a licenciatura de piano na ESMAE (Escola Superior de Música e das Artes do Espetáculo) no Porto na classe de Sofia Lourenço. Posteriormente estudou ainda com Luís Pipa e com Sofia Lourenço no âmbito do mestrado em ensino. Concluiu com elevada classificação o Mestrado em Ensino da música na ESMAE e encontra-se atualmente a frequentar o Doutoramento em Música na Universidade de Aveiro, sendo dessa forma investigador do INET-md. No âmbito do Doutoramento tem estudado com Fausto Neves e desenvolve neste momento o seu projeto de investigação sobre obras de J.S. Bach e os 24 Prelúdios para piano de Fernando Lopes-Graça.
Tem feito várias apresentações em público com recitais a solo em numerosas localidades do país tais como, Aveiro, Guimarães, Póvoa de Varzim, Vila do Conde, Trofa, Santo Tirso, Fafe, Óbidos, Museu da cidade do Porto – Extensão do Romantismo e mais recentemente na Casa das Artes de Famalicão e no Teatro Gil Vivente, num concerto de homenagem ao compositor Luiz Costa.
Recentemente começou também a sua carreira internacional, tendo já tocado na Alemanha e no México, e tem concertos agendados para Espanha, México e Brasil.
Fez em 2005, em conjunto com o tenor Alberto Costa, a estreia da obra Cecília Lieder do jovem compositor Nuno Jacinto em dois concertos, o primeiro na ESMAE no Teatro Helena Sá e Costa, e o segundo no Teatro São Luiz em Lisboa, concerto transmitido pela Antena 2. Em Abril de 2012 estreou-se como solista com a Orquestra Artave, sob a direção do maestro Ernst Schelle, apresentando a obra Totentanz de Franz Liszt. Em 2015 participou com um recital a solo no programa EuroClassical, realizado e gravado no Teatro Helena Sá e Costa.
Foi admitido para o ano letivo de 2023/2024 na prestigiada Musikhochschule de Münster, para o Zertifikatsstudienjahr, com especialização em piano, onde teve a oportunidade de estudar com o pianista e pedagogo Peter von Wienhardt, tendo concluído os seus estudos com elevada classificação.
Participou em Julho na 3ª edição do Piano Concerto Festival 2023, em Faro, onde foi selecionado para tocar a solo com a Orquestra do Algarve, sob a orientação do maestro italiano Maurizio Colasanti. Foi ainda galardoado com o 2º Prémio no Calabria International Piano Competition 2023. Participou na primeira edição do Festival Internacional de Piano e Orquestra de Guadalajara, México, para a qual recebeu uma bolsa de estudo atribuída pela Fundação Dionísio Pinheiro e Alice Cardoso Pinheiro, contando também com o apoio da fundação GDA. Neste mesmo Festival, foi um dos 3 finalistas selecionados, tendo tocado no Teatro Degollado o concerto nº 5 de Beethoven, comummente conhecido como Imperador.