8º FESTIVAL ANTENA 2
29 janeiro a 1 fevereiro
4ª feira | 29 janeiro | 19h00
Sala Luís Miguel Cintra
Teatro São Luiz, Lisboa
Maiores 6 anos
Transmissão direta em antena e em vídeo streaming na RTP Palco
Concerto | Música do Mundo
Batucadeiras Finka-Pé
(Cabo Verde)
O Finka Pé pretende dar continuidade, a uma prática performativa das mais representativas do património musical da ilha de Santiago de Cabo Verde, e também da Cova da Moura, tendo referências desde o século XVII. Reforça a identidade cultural através do batuque que é uma integração do corpo e dos sentimentos. Transmite valores de uma geração para outra, reforçando a vinculação no quadro da Teoria de Interligação.
O batuque é uma integração do corpo, dos sentimentos: dançando e cantando vão exprimindo os medos, alegrias, receios, preocupações, vão dando conselhos e esperanças, vão refletindo sobre o papel da mulher. A vida quotidiana está integrada na sua arte que é a arte do corpo enquanto vivência absoluta das suas emoções, dos seus pensamentos, sensações e problemas. O batuque proporciona uma harmonia entre corpo e alma.
As mulheres, do grupo Finka Pé, transmitem aos seus filhos, vizinhos, amigos, a sua arte desafiando a convivência de culturas.
Estão conscientes dos efeitos terapêuticos do Batuque e da capacidade de comunicação e diálogo proporcionado pelo batuque.
As mulheres, percutindo a tchabeta, fazem uma percussão alternadamente. Nos seus cantos, o partilhar das frases entoadas e o repetir dessas frases ajuda a controlar os problemas ou a intensificar a alegria do grupo (como se fosse uma “mantra”). As mulheres cantam, ao ritmo da “tchabeta”, sentadas em roda, proporcionando o dançar, sem inibições, que pode atingir o transe.
A Associação Cultural Moinho da Juventude assegura a promoção, acompanhamento e administração do grupo Finka Pé
Pioneiro entre os grupos de batuku surgidos na comunidade cabo-verdiana em Portugal, o Finka Pé nasceu no bairro da Cova da Moura (Amadora), como uma das atividades dinamizadas pela Associação Cultural Moinho da Juventude, que vem sendo construída pela comunidade da Cova da Moura desde 1984, na sequência do processo de reagrupamento familiar dos imigrantes cabo-verdianos, uma vez que inicialmente esta comunidade era composta basicamente por homens.
O grupo tem tido um papel relevante na afirmação e na divulgação da cultura cabo-verdiana em Portugal. Ao longo do tempo foi atraindo jovens da segunda e terceira gerações nascidas em Portugal e criou um espaço de prática do batuku aberto à comunidade.
O Finka-Pé ganhou visibilidade em Portugal, sendo convidado para muitos eventos ligados a Cabo Verde. As suas várias atuações durante a Expo 98 foram um bom exemplo: uma delas consistiu na primeira parte do concerto das divas lusófonas Cesária Évora, Dulce Pontes e Marisa Monte, um concerto para cerca de 40 mil pessoas. Digressões para vários países europeus também constam do seu currículo.
Essa notoriedade impulsionou provavelmente o aparecimento de outros grupos de batuku em Portugal.
O Finka-Pé participou do disco de estreia do rapper luso-moçambicano General D, em 1995.
Foram gravadas na Fábrica de Pólvora, em Oeiras, 14 cantigas que foram editadas em CD e DVD sob o título Finka-Pé. Contos de Mulheres que Dançam pela Liberdade (editado em 2012). As cantigas tiveram transcrição em cabo-verdiano e tradução para português por Claudmilde Delgado Lopes e Lalacho. O DVD traz o documentário Contos de Mulheres que Dançam pela Liberdade“, de Raquel Castro, baseado no ensaio e espetáculo Do Nascer ao Pôr do Sol, dirigido por Amélia Videira, apresentado pelo grupo Finka Pé no Festival des Musiques du Monde em Paris em 2009. Inclui também o making off da gravação do CD e material extra sobre o grupo.
O Finka-Pé é também tema do documentário Mulheres do Batuque (1997), da realizadora portuguesa Catarina Rodrigues. Em 2017, a participação do grupo num colóquio no Museu Nacional de Etnologia em Lisboa resultou no livro Finka Pé – O Feitiço do Batuque, que teve já uma segunda edição, em 2024.