Temporada de Concertos Antena 2
20 Maio | 19h00
Concerto Em Memória do Infante D. Pedro
Capela Gregoriana Psalterium
Direção:
Alberto Medina de Seiça
Vozes:
Carlos Barreiros, João André Carvalho, João Nuno Ferreira, João Pedro Toscano, José Paulo Almeida, José Perdigão, Luís Moura, Mário Rui Simões, Miguel Vaz, Nuno Lavoura, Pedro Ramiro Almeida, Ricardo Ferreira, Rui Saltão, Rui Vilão
Programa
Parte I
Em louvor de Santa Maria da Vitória1. Ave Maria (sequência)
2. Pulchra es (antífona)
3. Beata mater (antífona)
4. Ecce ancilla Domini (antífona)
5. Salve, sancta parens (introito)
6. Alleluia. Post partum (aleluia)
7. Ave Maria (ofertório)
8. Regina caeli
Parte II
Ordo Exsequiarum e Requiem (Missae Pro Defunctis) 1. Apud Dominum (antífona)
2. Audivi vocem
3. Requiem (introito)
4. Kyrie
5. Requiem (graduale)
6. Absolve (tractus)
7. Dies irae (sequência)
8. Domine, Jesu Christe (ofertório)
9. Sanctus
10. Agnus Dei
11. Lux aeterna (comunhão)
12. In paradisum
13. Montes Gelboë (pranto pela morte do rei Saul)
Espaço e memória. O recital, inteiramente composto por obras de cantochão, está dividido em duas partes.
Evoca-se, em primeiro lugar, o espaço do Mosteiro, dedicado a Santa Maria da Vitória, por meio de vários cantos da liturgia mariana.
Na segunda parte, faz-se memória do Infante D. Pedro, por meio de algumas obras do ofício dos defuntos.
Para concluir o programa foi escolhida a antífona Montes Gelboe, o pungente lamento do Rei David ao saber da morte de Saúl e Jónatas, seus adversários na guerra, mas heróis e ungidos que não deveriam ter perecido daquele modo infame.
Levado a travar uma batalha desigual para defesa da honra numa corte de intrigas, o Infante D. Pedro morrerá ingloriamente em Alfarrobeira, em 20 de maio de 1449. Nas vésperas do confronto rezará na Capela do Fundador e na Igreja, junto dos túmulos de seus pais, D. João I e D. Filipa de Lencastre, e de seus irmãos, os Infantes D. Fernando e D. João e o rei D. Duarte. Acompanharão o Duque de Coimbra para o confronto em Alfarrobeira dezenas de artífices do Mosteiro.
Anos depois, em 1455, a sua filha D. Isabel, esposa de D. Afonso V, ainda terá oportunidade de assistir ao arrependimento do rei e seu marido pelo tratamento dado a seu pai, assistindo à reabilitação pública da sua memória com a trasladação dos restos mortais do Infante das Sete Partidas de uma modesta igreja em Alverca para o túmulo que lhe estava destinado na Capela do Fundador.
Joaquim Ruivo
(Diretor do Mosteiro da Batalha)
Gravação para posterior transmissão
Produção: Anabela Luís
Capela Gregoriana Psalterium foi fundada em janeiro de 1999 na cidade de Coimbra. É uma associação sem fins lucrativos cujo objetivo fundamental é o estudo, a divulgação e a execução do canto gregoriano. O seu repertório é pois fundamentalmente constituído por canto gregoriano, incluindo também alguma polifonia renascentista e contemporânea para vozes iguais masculinas.Trata-se de um coro integrado exclusivamente por vozes masculinas e conta presentemente com 13 cantores. Desde a sua fundação que a direção musical está a cargo de Alberto Medina de Seiça.
Desde março de 1999, data da primeira apresentação pública, tem-se deslocado a diversas regiões de Portugal Continental e Açores dando numerosos recitais bem como participando em algumas celebrações litúrgicas, como Missa e Vésperas. Em outubro de 2000 desloca-se pela primeira vez ao estrangeiro a fim de participar, a convite do Governo Federal do Brasil, num encontro Luso-Brasileiro de canto gregoriano que teve lugar em Brasília por ocasião dos 500 anos dos achamento do Brasil.
O coro aborda, em paralelo, outro tipo de repertório coral sacro, quer da polifonia clássica, quer da música contemporânea. Editou, em Outubro de 2011, o CD Mysterium Crucis.
I
Em louvor de Santa Maria da Vitória
1. Ave Maria, gratia plena,
Dominus tecum, Virgo serena.
Benedicta, tu, in mulieribus,
quæ peperisti pacem hominibus
et angelis gloriam.
Et benedictus fructus ventris tui,
Qui coheredes ut essemus sui
nos fecit per gratiam.
Per hoc autem ave,
Mundo tua suave,
novum stella solem
nova genitura.
Tu parvi et magni,
Leonis et agni
Salvatoris Christi
templum extitisti,
sed virgo intacta.
Tu floris et rosis,
panis et pastoris,
virginum regina,
rosa sine spina,
genitrix es facta.
1.
Ave Maria, cheia de graça,
o Senhor é contigo, ó virgem serena.
Tu és bendita entre as mulheres
porque alcançaste a paz aos homens
e a glória para os anjos.
E o fruto do teu ventre é bendito,
pois com a sua graça fez-nos
participantes da sua herança.
Por meio deste «ave»,
tão rico de consolação,
e contrariamente aos direitos da carne,
geraste o teu Filho,
nova estrela deste à luz o novo sol.
Tu foste o templo do humilde e do poderoso,
do leão e do cordeiro,
de Cristo salvador,
mas permaneceste virgem.
Tu, ó rainha das virgens,
rosa sem espinhos,
tornaste-te a mãe das flores e das rosas,
do pão e do pastor.
2. Pulchra es et decora filia Jerusalem:
terribilis ut castrorum acies ordinate.
2. És bela e graciosa, ó filha de Jerusalém, terrível como um exército em ordem de
batalha.
3. Beata mater et intacta virgo: gloriosa regina mundi intercede pro nobis ad
Dominum.
3. Mãe bendita e virgem inviolada, gloriosa rainha do mundo: intercede por nós ao
Senhor.
4. Ecce ancilla Domini, fiat mihi secundum verbum tuum.
Magnificat anima mea Dominum
Et exultavit spiritus meus in Deo salutari meo.
Gloria Patri et Filio
4. Eis a escrava do Senhor: faça-se em Mim segundo a tua palavra.
Glorifica [a minha alma o Senhor]
e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador.
5. Salve, sancta parens, enixa puerpera Regem, qui cælum terramque regit in saecula
seculorum.
Eructavit cor meum verbum bonum:* dico opera mea regi.
5. Salve Santa Mãe, que deste à luz o Rei: Ele rege o céu e a terra pelos séculos
dos séculos.
Brota do meu coração uma palavra bela:* vou dedicar ao Rei o meu poema.
6. Alleluia. Post partum virgo inviolata permansisti. Dei genitrix intercede pro nobis.
6. Aleluia. Permaneceste virgem intacta mesmo depois do parto. Santa Mãe de Deus intercede por nós.
7. Ave Maria gratia plena, Dominus tecum, benedicta tu in mulieribus, et
benedictus fructus ventris tui.
7. Ave-Maria, cheia de graça, o Senhor é contigo, bendita és tu entre as mulheres
e bendito é o fruto do teu ventre.
8. Regina caeli laetare, alleluia. Quia quem meruisti portare, alleluia,
resurrexit sicut dixit, alleluia. Ora pro nobis Deum, alleluia.
8. Rainha dos céus alegra-te, aleluia, pois Aquele que mereceste trazer no ventre,
aleluia, ressuscitou como tinha dito, aleluia. Roga por nós a Deus, aleluia.
II
Ordo Exsequiarum
1. Apud Dominum misericordia,
et copiosa apud eum redemptio.
De profundis clamavi ad te,
Domine; Domine, exaudi vocem meam.
Fiant aures tuæ intendentes in
vocem deprecationis meæ.
1. Junto do Senhor a misericórdia,
junto do Senhor a abundância da redenção.
Do profundo abismo chamo por Vós,
Senhor, Senhor, escutai a minha voz.
Estejam os vossos ouvidos atentos à voz da minha súplica.
2. Audivi vocem
de caelo dicentem: Beati mortui, qui in Domino moriuntur.
Levabo oculos meos in montes: unde veniet auxilium mihi?
Auxilium meum a Domino, qui fecit caelum et terram.
Dominus custodiet te ab omni malo; custodiet animam tuam Dominus.
2. Ouvi uma voz do céu que dizia: «Felizes os mortos que morrem no Senhor».
Levanto os meus olhos para os montes: donde me virá o auxílio?
O meu auxílio vem do Senhor, que fez o céu e a terra.
O Senhor te defende de todo o mal, o Senhor vela pela tua vida.
Requiem (Missae Pro Defunctis)
3. Requiem æternam dona eis Domine, et
lux perpetua luceat eis.
Te decet hymnus Deus in Sion, et tibi
reddetur votum in Ierusalem.
3. Dá-lhes, Senhor, o descanso eterno e
que a luz perpétua os ilumine.
A Ti, ó Deus, é devido o hinos de louvor em Sião; a Ti
se cumpre o voto em Jerusalém.
5. Requiem æternam dona eis Domine,
et lux perpetua luceat eis.
In memoria æterna erit iustus:
ab auditione mala non timebit.
5. Dá-lhes, Senhor, o descanso eterno e
que a luz perpétua os ilumine.
O justo terá memória
eterna, não receará más notícias.
6. Absolve, Domine, animas omnium fidelium
defunctorum ab omni vinculo delictorum.
Et gratia tua illis succurente, merantur evadere iudicium ultionis.
Et lucis
æternæ beatitudine perfrui.
6. Absolve, Senhor, as almas de todos os
fiéis defuntos de qualquer vínculo de pecado:
E pelo socorro da Tua graça, possam
escapar à justa punição.
E gozar da bem-aventurança da luz
eterna.
7. Dies irae, dies illa,
solvet saeculum
in favilla,
teste David cum Sibylla.
Quantus tremor
est futurus,
quando iudex est venturus,
cuncta stricte discussurus!
Tuba mirum
spargens sonum
per sepulcra regionum,
coget omnes ante thronum.
Mors stupebit et natura,
cum resurget creatura,
iudicanti responsura.
Liber scriptus proferetur,
in quo totum continetur,
unde mundus iudicetur.
Iudex ergo cum sedebit,
quidquid latet apparebit:
nil inultum remanebit.
Lacrimosa dies
illa,
qua resurget ex favilla.
iudicandus homo reus:
huic ergo parce Deus.
Pie Iesu
Domine,
dona eis requiem. Amen.
7. Dia de ira, aquele dia,
Volve o mundo em cinza fria:
Diz David e a Sibila.
Que terror não há-de haver,
Quando Deus comparecer
Para julgar com rigor!
Nos sepulcros ressoando,
Vai a tuba convocando
Os mortos a tribunal.
A terra inteira estremece,
Quando o homem comparece
Para o juízo final.
Um livro será trazido,
Em que tudo está contido
Para o mundo ser julgado.
Quando o Juiz Se sentar,
Tudo se há-de revelar:
A justiça e o pecado.
Quando nesse triste dia,
Das cinzas em que jazia,
Ressurgir o homem réu,
Perdoai-lhe, Deus do Céu.
Senhor, Bom Jesus,
Dá-lhes o descanso eterno.
8. Domine Iesu Christe, Rex gloriae, libera
animas omnium fidelium defunctorum de poenis inferni et de profundo lacu;
libera eas de ore leonis, ne absorbeat eas tartarus, ne cadant in obscurum; sed
signifer sanctus Michael repraesentet eas in lucem sanctam,
* quam olim Abrahae promisisti et semini eius.
8. Senhor Jesus Cristo, Rei da glória, livra
as almas de todos os fiéis defuntos das penas do inferno e
do abismo profundo; livra-as das fauces do leão, não sejam lançadas no tártaro
nem submersas na obscuridade; mas que o porta-estandarte, S. Miguel, os
introduza na luz eterna.
* tal como prometeste outrora a Abraão e à sua descendência.
11. Lux æterna luceat eis, Domine, * Cum sanctis tuis in æternum, quia pius es.
Requiem æternam dona eis Domine, et lux perpetua luceat eis.
11. Brilhe para eles a luz eterna, Senhor. * Com os teus santos para sempre, pois Tu és bom.
Dá-lhes, Senhor, o descanso eterno e que a luz perpétua os ilumine
12. In paradisum deducant te Angeli; in tuo adventu
suscipiant te martyres, et perducant te in civitatem sanctam Ierusalem.´
12. Levem-te os Anjos ao Paraíso. À tua
chegada te acolham os Mártires e te conduzam à cidade Santa de Jerusalém
13. Montes Gelboë nec ros nec pluvia veniant super vos; quia in te abiectus est clypeus fortium,
clypeus Saul, quasi non esset unctus oleo. Quomodo ceciderunt fortes in proelio?
Ionathas in excelsis tuis interfectus est. Saul et Jonathas, amabiles et decori valde in
vita sua, in morte quoque non sunt separati.
Ó montes de Gelboé, nem orvalho, nem chuva caiam sobre vós, pois aí foi lançado
por terra o escudo dos fortes,
o escudo de Saúl, como se não tivesse sido ungido
com óleo (como rei). De que modo caíram os heróis no combate?
Jónatas foi morto sobre os teus montes. Saúl e Jonatas, amáveis e belos na sua vida, também na
morte não se separaram.