Bianca e Gernando (1ª Versão)
Libreto: Domenico Gilardoni sobre Carlo Roti
Estreia: Nápoles: (S. Carlos) 30 de Maio 1826
Bianca e Fernando (2ª Versão)
Libreto: Felice Romani sobre Gilardoni
Estreia: Génova (Carlo Felice) 7 Abril 1828
PersonagensBianca
Fernando
Dom Carlo, Duque de Agrigento
Filippo
Clemente
Viscardo
Uggero
Eloisa
Antecedentes"Adelson e Salvini" estreou no Conservatório de Nápoles em Fevereiro de 1825. Essa era a primeira ópera escrita por Vincenzo Bellini, então com 23 anos, e iria abrir-lhe as portas do prestigiado São Carlos de Nápoles que lhe encomendou de imediato uma nova ópera para ser apresentada durante as celebrações do aniversário de Dom Fernando, Duque de Calábria, futuro Rei.
O libretista escolhido foi Domenico Gilardoni que se baseou numa peça de Carlo Roti, levada a cena havia alguns meses no Teatro dei Fiorentini.
A estreia, prevista para 12 de Janeiro de 1826, teve de ser adiada por motivo da morte do velho Rei, e de alguns outros régios infortúnios, datando a primeira apresentação do dia 30 de Maio. A primeira versão dessa segunda ópera de Bellini intitulou-se "Bianca e Gernando" – e não Fernando – por respeito para com o nome do Duque, e iria abrir ao jovem compositor as portas do Scala, e, implicitamente, de todos os teatros da Itália.
Para o Scala Bellini escreveu "O Pirata", levada a cena em Outubro de 1827. Em finais de Janeiro de 1828, Bellini recebeu um convite de Génova que queriam uma sua ópera para a abertura do Festival da Primavera. A data era 7 de Abril. Bellini não gostava de trabalhar sob pressão, precisava de tempo para criar as suas óperas. Dois meses era muito pouco. Foi assim que decidiu rescrever "Bianca e Gernando" – com o libreto revisto por Felice Romani que com ele colaborara em "O Pirata". Esta segunda versão corrigiu o título para "Bianca e Fernando", e, apesar de estrear em baixa, viu subir rapidamente a sua cotação durante as apresentações seguintes, acabando por tornar-se um verdadeiro sucesso.
1º ActoA acção passa-se na Idade Média. Fernando, filho de Carlo, Duque de Agrigento, chega à sua terra natal com um grupo de fiéis seguidores, e sob o falso nome de Adolfo. O trono fora usurpado por Filippo que enviara Fernando para o exílio ainda criança, e que encarcerara o velho Duque em local desconhecido. Bianca, filha de Carlo, e irmã de Fernando, ficara viúva com um filho ainda pequeno. É ela quem governa agora o Ducado, indiferente à traição de Filippo, e disposta mesmo a casar-se com ele para que Agrigento possa ter um homem à frente dos seus destinos.
O regresso aos lugares da sua infância deixam Fernando entregue a sentimentos contraditórios de alegria e de angústia, no que é consolado pelo seu escudeiro, Uggero, e os seus outros companheiros de armas. Fernando é reconhecido por um velho habitante de Agrigento, de nome Clemente, que promete manter segredo sobre a sua identidade.
Chega então Filippo e o seu escudeiro Viscardo, que são informados da morte de Fernando… pelo próprio Fernando, sob o falso nome de Adolfo. Filippo rejubila com a notícia, e decide mandar matar o velho Duque para que mais nenhuma ameaça ensombre a sua escalada ao Poder. Mas antes pede ao falso Adolfo uma prova da morte de Fernando, convidando-o depois a fazer parte dos seus seguidores.
Soam as trompas anunciando a chegada de Bianca, que é recebida por entre aclamações – iniciando-se assim o final do 1º acto, que atinge o clímax quando Filippo apresenta Fernando à própria irmã. Bianca fica perturbada com a semelhança do falso Adolfo com o seu irmão – e mais perturbada fica quando o ouve perguntar: "Queres que seja testemunha dos teus crimes, maldita?"
2º ActoO 2º acto passa-se de noite no castelo. Fernando vai encontrar-se com Filippo quando é abordado pelo velho Clemente que o informa de que a irmã quer falar com ele. Segue-se o encontro com o usurpador que tem uma incumbência para o falso Adolfo: ele deverá matar o velho Duque que se encontra nos calabouços do castelo. Mas a perfídia de Filippo é mais requintada: antes de o matar, o falso Adolfo deverá informar o velho da morte do seu filho Fernando, e de que a sua filha Bianca se dispõe a casar com o responsável pela desgraça da família. A primeira reacção de Fernando é de ira: ele queria poder esmagar Filippo ali mesmo. Mas contem-se preferindo seguir um plano mais seguro – sobretudo agora que sabe que Dom Carlo ainda vive. É assim que, antes de seguir para os calabouços, vai encontrar-se com Bianca a quem revela a sua verdadeira identidade. As primeiras palavras são de acusação, já que acreditava que a irmã era cúmplice de Filippo. Mas Bianca consegue convencê-lo da sua inocência. É assim que, disfarçada de homem, Bianca acompanha o irmão até aos calabouços. Pelo caminho reúnem-se a eles alguns seguidores de Fernando que se encarregam de ir avisar todos os outros. Na sua cela, o velho Duque acorda dum pesadelo, e vê aproximarem-se os seus dois filhos. Enquanto os três se abraçam emocionados, ouvem-se vozes que gritam que os homens de Fernando venceram o inimigo. E é entre gritos de vitória que a ópera termina.
RDP – Transmissões em "Noite de Ópera" desde 1996
2001 – 27 de Novembro
Enredo resumido da autoria de Margarida Lisboa.