Letra Original:
Dom Quichotte à Dulcinée (Paul Morand)
Chanson Romanesque
Si vous me disiez que la terre
A tant tourner vous offensa,
Je lui dépêcherais Pança:
Vous la verriez fixe, et se taire.
Si vous me disiez que l’ennui
Vous vient du ciel trop fleuri d’astres,
Déchirant les divins cadastres,
Je faucherais d’un coup la nuit.
Si vous me disiez que l’espace
Ainsi vidé ne vous plait point,
Chevalier-dieu, la lance au poing
J’étoilerais le vent qui passe.
Mais si vous disiez, que mon sang
Est plus à moi qu’à vous, am Dame,
Je blémirais dessous le blâme
Et je mourrais, vous bénissant.
O Dulcinée.
Chanson Épique
Bon Saint Michel qui me donnez loisir
De voir ma Dame et de l’entendre,
Bon Saint Michel qui me daignez choisir
Pour lui complaire et la défendre,
Bon Saint Michel, veuillez descendre
Avec Saint Georges sur l’autel
De la Madone au bleu mantel.
D’un rayon du ciel benissez ma lame,
Et son égale en pureté,
Et son égale en pieté
Comme en pudeur et chasteté:
Ma Dame
(O grands Saint George et Saint Michel).
L’ange qui veille sur ma veille,
Ma douce Dame si pareille
A vous, Madone au bleu mantel.
Amen.
Chanson à Boire
Foin du bâtard, illustre Dame,
Qui pour me perdre à vos doux yeux,
Dit que l’amour et le vin vieux
Mettent en deuil mon coeur , mon âme!
Je bois à la joie!
La joie est le seul but
Où je vais droit lorsque j’ai bu!
Ah! Ah! Ah! La joie!
Je bois à la joie!
Foin du jaloux, brune maitresse,
Qui geint, qui pleure et fait serment
D’être toujours ce pâle amant
Qui met de l’eau dans son ivresse!
Je bois à la joie
La joie est le seul but
Où je vais droit lorsque j’ai bu!
Ah! Ah! Ah! La joie!
Je bois à la joie!
Tradução para Português:
D. Quixote a Dulcineia (Paul Morand)
Canção Romanesca
Se me dissésseis que a terra
De tanto rodar vos ofendia,
Ter-lhe-ia enviado Pança:
Vê-la-eis parar e calar-se.
Se me dissésseis que o vosso tédio
Provém do céu demasiado florido d’astros,
Rasgando os divinos cadastros,
Ceifaria a noite de um só golpe.
Se me dissésseis que o espaço
Assim vazio já não vos agrada,
Cavaleiro-deus, empunhando a lança
Cobriria de estrelas o vento que passa.
Mas se me dissésseis que o meu sangue
É menos meu que o vosso, Senhora minha,
Empalideceria perante a censura
E morreria, abençoando-vos.
Ó Dulcineia.
Canção Épica
Caro São Miguel que me permitis
Ver e ouvir a minha Senhora,
Caro São Miguel que me haveis escolhido
Para lhe obedecer e defendê-la,
Caro São Miguel, dignai-vos descer
Com São Jorge sobre o altar
Da Madona de manto azul.
Abençoai a minha espada com um raio celeste,
E a sua igual em pureza,
E a sua igual em piedade
Como em pudor e castidade:
Minha Senhora
(Oh grandes São Jorge e São Miguel).
O anjo que vela sobre a minha vigília,
A minha doce Dama tão igual
A vós, Senhora do manto azul.
Ámen.
Canção do Vinho
Maldito o bastardo, ilustre Senhora,
Que, para me perder perante os vossos meigos olhos,
Diz que o amor e o vinho velho
Põem de luto o meu coração, a minha alma!
Bebo à alegria!
A alegria é a única meta
Onde vou certeiro quando bebo!
Ah! Ah! Ah! A alegria!
Bebo à alegria!
Maldito o ciumento, senhora morena,
Que geme, que chora e que jura
Ser sempre este pálido amante
Que deita água na sua embriaguez!
Bebo à alegria!
A alegria é a única meta
Onde vou certeiro quando bebo!
Ah! Ah! Ah! A alegria!
Bebo à alegria!
Tradução de João Pedro Garcia