Estreia
Ópera de Paris a 28 de Abril de 1865
Antecedentes
Nascido Jakob Liebmann Beer numa família judia de Berlim, Giacomo Meyerbeer italianizou o seu nome próprio e juntou Meyer ao apelido depois de receber uma herança de um parente. Criança prodígio ao piano, apresentou-se em publico aos sete anos. Alimentando a paixão pela composição, apresentou algumas oratórias desastrosas até que, inspirado pelas óperas de Rossini, compôs Il Crociato in Egipto, que foi um êxito tanto em Veneza como em Paris, onde se estabeleceu. Após um período estéril da década de vinte, consequência de uma série de tragédias familiares, Meyerbeer experimentou o novo estilo da Grand Ópera, épico em escala, drama e efeitos, o qual se pode dizer que consagrou com Robert le Diable. Este e mais uma série de êxitos estabeleceram-no como um mestre no género.
A Africana é a ultima ópera de Meyerbeer. Estava em fase de produção quando da morte do compositor e, por isso, foi pedido ao renomado musicólogo Fétis para rever toda a partitura para a estreia. Trata-se de uma grande ópera à boa maneira da época: Triângulos amorosos, uma prisão, povos exóticos, barcos apanhados em tempestades, rituais nativos, árvores venenosas e um auto-sacrificio…
O libreto teve como fonte de inspiração o poema "Le Mancenillier" de Millevoye, que conta a história de uma árvore cuja fragrância é venenosa e de um par de amantes. Apesar de Eugène Scribe, o libertista, e Meyerbeer, terem começado a trabalhar na ópera em 1837, rapidamente a puseram de lado para se dedicarem a Le Prophète. Só quando terminaram este trabalho é que voltaram à Africana, para mais uma vez ser interrompida. Com tantas interrupções só terminariam o primeiro esboço em 1843 que seria inteiramente revisto. A acção do libreto original passar-se-ia entre África e Espanha, mas na última revisão, efectuada em 1857, a personagem principal passa a ser Vasco da Gama, e os locais da acção passam para Portugal e para as costas de Madagáscar e/ou Índia. Embora o nome se tenha mantido "A Africana", as referencias a rituais brahmas e aos deuses indianos são uma constante.
Resumo
I Acto
D. Diogo, o Grande Almirante da Marinha Portuguesa, planeia casar a sua filha Inês com D. Pedro, um conselheiro real e um dos mais influentes membros da corte. Contudo Inês ama Vasco da Gama, ausente em mais uma expedição.
O conselho reúne-se e quando todos se preparavam para dar Vasco da Gama como morto, dada a sua longa ausência, ele aparece trazendo consigo dois escravos, como prova das terras encontradas: Sélica, uma rainha africana, e Nelusco, um africano do séquito de Sélica. Vasco da Gama pede para voltar para África afim de continuar com a sua expedição, mas, para sua indignação, tal é-lhe proibido. Apercebendo-se de interesses obscuros por detrás dessa decisão, Vasco da Gama ataca o Inquisidor Geral e é preso.
II Acto
Na prisão, Vasco da Gama é salvo de uma tentativa de assassinato pelos africanos Sélica e Nelusco. Entretanto Inês aceitou casar-se com D. Pedro, em troca da libertação de Vasco da Gama. D. Pedro fica agora responsável por dirigir toas as expedições de descobrimento de novas terras e Nelusco aproxima-se do nobre português para lhe oferecer os seus préstimos.
III Acto
Na realidade Nelusco prepara a destruição dos europeus. A vingança começa quando D. Pedro aceita dar-lhe o comando da sua própria embarcação. Entretanto, Vasco da Gama segue D. Pedro noutra caravela. Inês, que também acompanha a expedição, pediu a Vasco da Gama que ajudasse D. Pedro, mas o conselheiro real rejeita a ajuda do navegador. Já na costa, rebenta uma grande tempestade, e as duas embarcações são assaltadas pelos indígenas que matam toda a tripulação, levando Sélica e Nelusco consigo. Da caravela de Vasco da Gama apenas ele consegue escapar.
IV Acto
Sélica é recebida em África numa grande cerimónia durante a qual, como rainha, jura eliminar todos os invasores. Por seu lado, Vasco da Gama, perdido na floresta, admira o esplendor daquela terra. Não passa muito tempo até ao navegador português dê com a cerimonia e rapidamente caia nas mão dos indígenas. Pela lei local Vasco da Gama deverá ser sacrificado, mas Sélica intervém dizendo que se casou com Vasco da Gama. O navegador é salvo, mas rapidamente se convence de que Inês está morta e conforma-se com o seu destino.
V Acto
Mas Inês também se salvou. Os amantes encontram-se e são interrompidos por Sélica. A rainha africana quer ajudar Vasco da Gama a vingar-se da traição de que fora alvo, no entanto, nesse momento, dá-se conta do enorme amor que ainda une Vasco da Gama e Inês e que, assim, o navegador nunca será completamente seu. Por isso, Sélica quer que os dois portugueses voltem para a Europa. Tudo é planeado e Sélica assiste à partida de Vasco da Gama e de Inês debaixo de uma árvore, cujas flores emanam uma fragrância hipnotizante e venenosa. Ao ver a sua rainha, Nelusco suicida-se ao lado dela.