Estreia21 de Janeiro de 1681 em Saint-Germain-en-Lave
Resumo
Os ballets de cour, marcaram o panorama musical francês como um dos tipos de entretenimento mais apreciados pelas cortes francesas durante os séculos dezasseis e dezassete. Cenas de dança entremeadas por pequenos interlúdios orquestrais e vocais, começavam a desenhar aquilo que viriam a ser as primeiras óperas francesas. O gosto pelo extravagante, pelo luxo e pela opulência, marcava estes ballets que se distinguiam pelo seu guarda-roupa esplendoroso, aliado a cenários vistosos e a uma maquinaria de cena espectacular. Tudo conforme o acontecimento. Estes ballets contavam geralmente com o alto patrocínio dos reis franceses que aproveitavam a ocasião tanto para fins lúdicos como para fins políticos, através da exaltação do poder e da autoridade real.
Le Triomphe de l’Amour é um exemplo de um Ballet de Cour composto durante o reinado de Luís XIV, o rei-sol.
Esta obra com música de Lully foi dançada pela primeira vez no dia 21 de Janeiro de 1681 em Saint-Germain-en-Lave. Destinava-se á comemoração do casamento do delfim com Maria-Ana-Cristina-Vitória da Baviera. Para isso Lully recorreu a dois libretistas: Philippe Quinault e Isaac Benserade. No entanto, Lully viu a primeira apresentação pública da sua obra adiada por mais de três meses. Tal, ficara a dever-se a uma doença contraída pelo rei, bem como à relutância de algumas mulheres da corte em aceitar o ballet. Assim, Le Triomphe de l’Amour era apresentado pela primeira vez ao grande público no Palácio Real de Paris, no dia 6 de Maio de 1681.
Esta apresentação ficaria na história pela aparição em cena de bailarinas profissionais. Embora no ceio da corte fosse cada vez mais comum encontrar uma ou outra senhora a dar o ar da sua graça, a tradição ditava que em apresentações publicas só deveriam dançar homens. Mesmo assim os membros femininos do elenco foram muito bem recebidos, sobretudo La Fontaine, uma jovem bailarina. De tal maneira que em Novembro desse mesmo ano La Fontaine seria a figura principal do elenco que estreou Proserpine, também de Lully.
Apesar de Le Triomphe de L’Amour estar dividido em vinte partes, ou vinte entradas, estas já não são peças isoladas como era comum nos ballets de cour anteriores. Cada parte tem um seguimento lógico em relação ao anterior. Segundo Hugo Reynes, o maestro presente nesta transmissão, Le Triomphe de L’Amour é também o triunfo da ópera sobre o ballet, de alguma maneira antecipando e abrindo caminho para obras como L’Europe Galante de André Campra e Les Indes Galantes de Rameau.
Como em todas as óperas de Lully, Le Triomphe de L’Amour começa com um prólogo em honra de Luís XIV. Neste caso as honras estendem-se a Eros e são cantados por Vénus, sua mãe, e pelo coro.