Libreto Jaroslaw Iwaszkiewicz
Estreia 19 de Junho de 1926 em Varsóvia
AntecedentesKarol Szymanowski nasceu em Timoszowka (actualmente na Ucrânia), a 3 de Outubro de 1882; faleceu em Lausanne, a 29 de Março de 1937. Provinha de uma família nobre polaca para quem as artes e a literatura (a francesa em particular) formavam a base da educação: o pai toca violoncelo e piano, a mãe é uma conhecida poetisa, e a sua irmã, Anna, é pintora. Recebe as primeiras lições de piano do pai e depois do tio, Gustav Neuhaus. Em 1895, descobre Lohegrin de Richard Wagner, representado na ópera de Viena. Entusiasmado, compõe duas sonatas para piano, bem como uma sonata para violino (ambas perdidas). O pai manda-o para Varsóvia estudar contraponto e harmonia. Data deste período romântico (1901-1909) a sua Sonata para violino e piano no. 9. Em 1905, junta-se ao grupo "Jovem Polónia" destinado a encorajar a edição e execução de música polaca, à margem de qualquer comunidade de ideias estéticas. Contou com o apoio de três intérpretes e amigos ao longo de toda a sua vida – o maestro e compositor Grzegorz Fitelberg, o pianista Arthur Rubinstein e o pianista Paul Kochanski. A sua vida enquanto criador pode ser dividida em três períodos: romântico, impressionista (1909-1919) e polaco (1920-1934). Empreende grandes viagens pelo Mediterrâneo que lhe inspiram obras-primas como Os Mitos, op. 30; depois, no intuito de divulgar a música polaca, Szymanowski viaja por Paris, Londres e Nova Iorque. A Grande Guerra reteve-o na Ucrânia, onde permaneceu até ter visto as suas terras confiscadas pela Revolução de Outubro, em Tymoszowka. Durante esses três anos, afastado da vida musical, aprofunda as suas investigações sobre estética e escreve, ao mesmo tempo de "Mitos", ciclos de piano, Métopes e Maski e a sua maior sinfonia, a terceira, conhecida como o "Canto da Noite". Com a restauração da independência da Polónia, lança-se em busca das raízes musicais nacionais – bem depois do húngaro Kodály ou do moravo Janácek. As suas composições serão doravante essencialmente vocais (O Rei Rogério, ciclos de melodias, Stabat Mater, etc.). Obrigado a abandonar a direcção do Conservatório de Varsóvia após cinco longos anos de luta (1927-1932), Szymanowski volta a partir em digressão, obtendo o seu ultimo sucesso com o bailado Harnaise, montado primeiro em Praga e depois na Ópera de Paris. Morre de tuberculose no ano seguinte deixando algumas refinadas partituras de vanguarda, de uma sensualidade impressionante, que favoreceram a eclosão de uma escola polaca moderna que tem hoje em Witold Lutoslawski o seu decano. A obra de Szymanowski emerge finalmente após meio século de esquecimento, especialmente as partituras do período impressionista cujo orientalismo e um certo misticismo subjacentes, herdados de Scriabine, se afiguram tão pessoais como a sua escrita.
A Ópera "O rei Rogério" está ligada com o período em que Szymanowski se deixava fascinar pela cultura mediterrânica, para ele ponde de encontro de gentes e religiões. Entre 1911 e 1914 Szymanowski empreendia uma grande viagem pela bacia mediterrânica que o fazia lançar-se na composição de várias obras inspiradas nos mitos mediterrânicos. De resto, Szymanowski partilhava este seu entusiasmo com o seu primo e libertista Jaroslaw Iwaszkiewicz que lhe proporcionaria o libreto para "O Rei Rogério", um texto imbuído da influência da cultura mediterrânica.
Musicalmente a obra situa-se entre as linguagens de Scriabine, Richard Strauss e Ravel, com uma orquestração rica e colorida, bem como uma harmonia evocativa de um certo orientalismo. A música de "O Rei Rogério" é mesmo considerada como uma das melhores de Karol Szymanowski.
ResumoA história passa-se no século doze durante o reinado do rei Cristão Rogério II da Sicília.
A Música do Primeiro acto evoca Bizâncio. Um pastor pagão é apresentado ao rei Rogério e à sua corte durante uma missa na Catedral de Palermo. Apesar dos apelos do Arcebispo para que se puna aquele pagão, Roxana, a rainha, consegue convencer o Rei Rogério a poupar a vida ao jovem pastor. Rogério ordena ao pastor que se apresente no seu palácio ao cair da noite para que explique a sua presença ali, submetendo-se ao julgamento do rei.
No segundo acto a música evoca a Índia e o Médio Oriente. Tal como fora instruído, o jovem pastor apresenta-se no palácio real. Roxana entoa uma melodia sedutora claramente em resposta à presença do visitante, o que causa uma grande agitação ao rei Rogério. Assim que o pastor entra na sala do trono começa imediatamente a descrever a sua fé em tal de talhe e entusiasmo que a corte começa a juntar-se a ele numa espécie de dança estática. Rogério manda prende-lo mas o pastor consegue soltar-se e abandona o palácio lavando consigo grande parte da corte como que hipnotizada por ele. O Rei e o seu conselheiro Árabe, Edrisi, ficam sós, mas rapidamente decidem que devem juntar-se ao Pastor.
O Terceiro e ultimo acto evoca a Grécia Antiga. Passa-se no Anfiteatro Grego , onde o rei Rogério e Edrisi se juntam a Roxana que informa o marido de que só o pastro o pode libertar dos seus receios e ciúmes. Acende-se um pira e os seguidores do pastor começam outra dança até que o pastor se transforma em Dionísio. Quando a dança termina, Rogério está completamente transformado com aquela experiencia e canta um hino de jubilo saudando a chegada dos primeiros raios de sol da manhã.