De 2ª a 6ª feira | 12h10, 16h10 e 22h50
Agosto e Setembro de 2020
Um programa de Silvia Alves e Ricardo Saló
e seleção musical de Cristina do Carmo
Notas livres, liberais e outras que tais…
Inspirado no seu precursor Há 100 anos, este programa recua mais um século para revisitar a Revolução Liberal, iniciada no Porto no dia 24 de Agosto de 1820.
O Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves ressentia-se da prolongada ausência d’el-Rei D. João VI, o qual se exilara com a Corte no Rio de Janeiro em 1807, aquando das invasões napoleónicas.
Os britânicos haviam dado o seu apoio a Portugal contra os franceses, mas Lord Beresford passara a comandar o reino português de um modo despótico. Uma primeira tentativa de revolta contra esta ditadura, em 1817, custara a vida ao General Gomes Freire e aos seus apoiantes, os “mártires da Pátria”, enforcados no Campo Sant’ana, em Lisboa.
No Porto, forma-se a associação clandestina Sinédrio, de inspiração maçónica, que junta membros do clero, do exército e da fidalguia, e nomes como Manuel Fernandes Tomás, Ferreira Borges, Silva Carvalho e Brito Cabreira, entre outros. Preparam a revolta contra o usurpador britânico e a incompetência dos ministros em Lisboa. É preciso regenerar a Pátria.
A 24 de Agosto de 1820, a Revolução Liberal vence no Porto. Almeida Garrett exulta: “a última hora da tirania soou”.
O movimento alastra rapidamente a Lisboa. Cria-se uma junta governativa provisória para preparar as Cortes e elaborar uma Constituição.
Pede-se o regresso d’el-Rei; defendem-se os valores da Revolução Francesa: liberdade, igualdade, cidadania, soberania popular, independência e separação dos poderes; instrução e liberdade de expressão.
Esta liberdade de expressão resulta numa proliferação de folhas, folhetos, panfletos, manifestos, cartas e periódicos, em que, de forma humorística, sarcástica, malévola e verrinosa, muy letrada ou popular, as opiniões dos cerca de 5% que sabiam ler e escrever colidem com estrondo.
De um lado, os liberais contra os privilégios da fidalguia e do clero, e pela abolição da Inquisição – do outro lado, os “corcundas” defendendo o absolutismo e o conservadorismo religioso.
Ao longo de cinco semanas, Há 200 anos revisita os escritos nascidos da primeira liberdade de imprensa, sem “censura prévia”, e o delinear da figura do “jornalista”.
O conflito de ideias levará às lutas liberais entre os dois filhos do rei, D. Pedro e D. Miguel. Mas a ideia vencedora será a da Constituição!