O Concerto Aberto começou a 19 de Setembro de 2006 de uma forma muito arrojada: eram realizados uma média de 3 concertos ao vivo por semana em diversos espaços do país, sempre de entrada livre.O pianista João Paulo Esteves da Silva foi o músico que inaugurou esta já longa série de concertos. Discreto e tímido, tocou com enorme à vontade no átrio do Teatro Nacional D. Maria II, em pleno coração de Lisboa. Ouviam-se os ruídos da rua, do trânsito, mas as pessoas presentes focaram-se por completo na música que surgia dos dedos do eclético pianista.
Ao átrio do TNDM II, em Lisboa, juntam-se ainda o Palácio da Bolsa no Porto, Auditório da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, Universidade de Aveiro, átrio do Teatro Nacional de São Carlos, Casa dos Dias da Água, Faculdade de Medicina Dentária da Universidade de Lisboa, Palácio da Ajuda, Museu Nacional de Arte Antiga, Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa, Museu do Azulejo – só para referir os espaços onde decorreram concertos em 2006!
No início de 2007 juntaram-se também a Casa da América Latina, Livraria Byblos, Fábrica do Braço de Prata, Eborae Mvsica, Fundação Portuguesa das Comunicações, Casa Museu Dr. Anastácio Gonçalves, Palácio da Independência e ao longo dos anos muitos outros locais e instituições acolheram os Concertos Abertos da Antena 2.
O André Cunha Leal e eu, os dois realizadores deste programa, conhecemos um sem fim de jovens e não tão jovens músicos, proporcionando-nos uma visão de conjunto do panorama musical português. Acompanhámos projectos de música de câmara que já celebraram os 10 anos, como o Quarteto Vintage. Outros deram origem a novas formações, ou os seus membros integraram orquestras profissionais. São 10 anos de crescimento profissional – dos músicos e nosso – que merecem ser celebrados!
17 Outubro | 19h00
João Paulo Esteves da Silva, piano
Improvisações
Entre Madeiras Trio
(Miriam Tallette Cardoso, flauta; Filipe Pereira Branco, oboé; João Andrade Nunes, saxofone)
Sérgio Azevedo – Divertimento em Trio
João Andrade Nunes – Cantilène
Alfredo Teixeira – Diferencias II after “O Virgo Splendens”
Francisco Cortés-Alvaréz – Triplo Expresso Mattutino
Christopher Bochmann – Elegy II Expanded
Fábio Cachão – Desumanização
Segue-me à Capela
Marina Pacheco e Olga Amaro
J. Aguirre – Caminito
C. Guastavino – La Rosa y el Sauce; Cortadera, Plumerito…
Astor Piazzolla – Balada para un loco; Milonga de la Anunciacion
H. Villa-Lobos – Canção do Poeta do Século XVIII; Melodia Sentimental; Confidência
L. Fernandez – Canção Sertaneja Op.31
E. McArthur – Night
G. Gershwin – The man I love
L. Bernstein – Glitter and be gay
1º Concerto
Instituto Superior Economia e GestãoJoão Paulo Esteves da Silva, piano
Programa
João Paulo Esteves da Silva @ LantarenVenster / © Coen Zondervan
Auditório Caixa Geral Depósitos
Miriam Tallette Cardoso, flauta
Filipe Pereira Branco, oboé
João Andrade Nunes, saxofone
Sérgio Azevedo (1968) – Divertimento em Trio
Sérgio Azevedo (1968) Divertimento em trio (fl, ob, sax tenor)
Obra composta em 2014, segundo um modelo de características neoclássicas e, nas palavras do compositor permeável a elementos de músicas populares, nomeadamente na tarantela final.
João Andrade Nunes (1990) Cantilène ( fl, ob, sax tenor)
Cantilène, a etimologia da palavra francesa de origem medieval designa um poema musicado. A obra, inspirada num hino mariano, também da alta idade média (Ave Maris Stella), apresenta por esse motivo um tratamento melódico muito próximo daquele que por norma se encontra na escrita vocal. Composta em 2015, trata-se de uma composição neo-modal que detém uma escrita muito cristalina e ingénua, como se de uma canção de embalar se tratasse.Alfredo Teixeira (1965) Diferencias II after “O Virgo Splendens” (fl, ob, sax alto)
A obra Diferencias II foi escrita para o Entre Madeiras Trio, homenageando Joaquim Simões da Hora, professor de órgão do compositor, no 75º aniversário do seu nascimento, 20 anos depois da sua morte. O trabalho composicional explorou os materiais melódicos de um canto recolhido no Llibre Vermell de Monserrat, sinalizando a memória do seu encontro, na companhia de Simões da Hora, com os segredos de diversos reportórios históricos. De salientar que Diferencias II acontece, precisamente, 20 anos depois deDiferencias I, obra muito marcada pelo itinerário de descoberta que o compositor percorreu com Jorge Peixinho. É, nas palavras do compositor, uma obra entre-mundos.
Francisco Cortés-Alvaréz (1983) Triplo Expresso Mattutino (fl,ob,sax alto)
Nas palavras do compositor, enquanto o céu está escuro e o sol ainda está com preguiça de sair, a batida irritante de um alarme que perturba abruptamente uma viagem mágica através da terra de Morpheus pode causar um caso agudo de sonolência, letargia e mau humor que uma pessoa pode sofrer durante um período indefinido de tempo. No entanto, a melhor maneira de superar tal doença é com aingestão de um café expresso triplo de som. Mais especificamente, um espresso agudo para flauta, oboé e saxofone, com muitas mudanças, várias cores, sonoridades angulares e um final energético rápido. Triplo Espresso Mattutino foi encomendado pelo Entre Madeiras Trio. Esta comissão foi possível graças a Marta Menezes, Miriam Cardoso e ao Fundo Mexicano para a Cultura e as Artes (FONCA).
Cristopher Bochman (1950) Elegy II Expanded (fl, ob, sax soprano)
Obra escrita em 2011, a partir da obra para flauta solo Elegy de 2010.
Fábio Cachão (1992) Desumanização (fl,ob, sax soprano)
Obra composta para estrear no Festival Internacional de Saxofone de Palmela 2016, foi inspirada no livro “A Desumanização” de Valter Hugo Mãe. Como reflexo o gesto que iniciará a peça, desencadeará uma sequência de eventos que constituirão a obra, quase como pedra e madeira fazendo a primeira faísca da qual sairá fogo.
Entre Madeiras Trio
Diferenciando-se dos agrupamentos convencionais de música de câmara, o Entre Madeiras Trio apresenta um trabalho pioneiro nesta área. Apresentou-se ao público pela primeira vez, a 11 de Maio de 2009, na Sala do Trono do Palácio Nacional da Ajuda. Conta desde então com uma vasta lista de concertos divulgando sempre a música contemporânea portuguesa. Destaque para o projeto “Ligações Contemporâneas”, realizado no auditório da Casa Fernando Pessoa (concerto Antena 2) – ‘Concertos mpmp’ realizados no Palácio Foz, na Casa Dr. Anastácio Gonçalves e na Biblioteca Nacional, para além de concertos realizados no Grande Auditório da ESML, na Fundação Cidade de Lisboa, no Auditório do ISEG (concerto Antena 2), na Galeria Valbom, Palácio Nacional de Mafra, Museu da Música entre outros. A versatilidade do saxofone, oboé e flauta, é a imagem de marca deste agrupamento. O Entre Madeiras Trio conta já com várias estreias de obras de compositores nacionais e estrangeiros como: Eli Camargo Jr., Sérgio Azevedo, Clotilde Rosa, Christopher Bochamann, Edward Ayres D´Abreu, Rui Lavos, Nuno da Rocha e Mário Chan, Fábio Cachão, Alfredo Teixeira, Francisco Cortés. A 28 de Novembro de 2015 lança o seu primeiro CD, composto exclusivamente por obras escritas para o grupo, produzido pelo Movimento Patrimonial pela Música Portuguesa, sob direcção artística de Olga Prats e com apoio Antena 2.
Ananda Fernandes | Catarina Moura | Joana Dourado | Mila Bom | Guida Pinheiro | Maria João Pinheiro | Sílvia Franklim
Programa
Manhaninha de São João
S.João de Alpalhão
Se fores ao S.João
S. João de Idanha
As armas do meu adufe
Ovelhudas
En tu puerta
Meu amor
Embalo
Meninas vamos à Murta
Pêra
Macelada
Cântico dos Foliões
Ó meu S.João Baptista
Sra do Almortão
S. João perdeu
Ana se bem me queres
Alvíssaras
Vos Omnes
Encomendação das almas
Bendito e Louvado das trovoadas
Olé ó Sra Mãe
Sachadeiras
Minha mãe dos trabalhos
Sra novia
Hija mia
Dai la dou
Aboio
Em Abril de 1999, num bar de Aveiro, demos o primeiro espetáculo. Foi um começo de cantar de uma certa maneira, num certo sentido, com a vontade própria de quem quer ver nascer uma personalidade vincada nos palcos e na cenografia das vidas comuns, como uma pintura que se esboça através de significados e afetos, que tentamos que outros intuam e partilhem connosco.
Mas, sobretudo, gostamos de cantar juntas, com quem quiser seguir-nos, sempre a capella…
“a grande sementeira da esperança” (Manuel Louzã Henriques)
Cantamos sons antigos e sons novos dessa arte fugidia com que se embala os meninos, se encomenda a alma, se evoca o divino e o terreno, se espanta a fadiga, se anima o corpo. Cantigas amadurecidas de vida, que se revelam totais e de pungente singeleza, como o amanhecer singular da primeira primavera; cantigas que são histórias, narrativas de vida, uma herança forjada por tantos portugueses, na sua expressão mais universal e instintiva – o canto a capella das mulheres que se juntam para trabalhar, rezar, festejar e sonhar.
“…em noite orvalhada de S. João a colher o novo e a afugentar o velho…” (João Curto)
Em Dezembro de 2015, lançámos o segundo disco, “San’Joanices, paganices e outras coisas de mulher”, um CD-livro dividido em 7 capítulos – tal como 7 são os dias da semana, as fases lunares, os pecados mortais, as notas musicais – com o nome de artes fugidias: artes, porque da arte de cantar se trata, fugidias porque, nunca imutáveis, abrem-se a novas explorações e experiências musicais.
O grupo Segue-me à Capela trabalha uma perspetiva da música tradicional portuguesa construída a partir da voz. E se por voz se pretende dizer canto, pretende-se, também, que a voz seja o instrumento de construção de ambientes sonoros do trabalho, da romaria, da folia.
O repertório é constituído por cantares tradicionais recolhidos por Michel Giacometti, José Alberto Sardinha e GEFAC. Reproduzem-se os arranjos vocais registados nas recolhas – umas vezes. Outras vezes esses arranjos são acrescentados das linhas melódicas, das harmonias que a herança musical não enjeita.
Os instrumentos do grupo são as vozes. Foi precisamente o fascínio pelo mais ancestral instrumento musical que motivou o surgimento deste projeto de recriação da música tradicional portuguesa. Os instrumentos – sobretudo de percussão – e os elementos cénicos utilizados nos espetáculos servem o papel condutor da voz, reforçando os climas gerados a partir do canto.
Todos os instrumentos de percussão utilizados pertencem à cultura popular portuguesa, assumindo especial protagonismo o adufe, instrumento tradicional feminino da Beira Baixa.
4º Concerto
27 Outubro | 19h00
Auditório Caixa Geral Depósitos,
Marina Pacheco & Olga Amaro
Marina Pacheco | cantoOlga Amaro | piano
Programa
Descoberta das AméricasI
Rui Soares da Costa (1958) – Balada para uma Inês morta!
Desejos VãosJulián Aguirre (1868-1924)- Caminito
Carlos Guastavino (1912-2000) – La Rosa y el Sauce
Cortadera, Plumerito…
Astor Piazzolla (1921-1992) – Balada para un loco
Milonga de la Anunciacion
Melodia Sentimental
Confidência
Óscar Lorenzo Fernandez (1897-1948) – Canção Sertaneja Op. 31
Edwin McArthur (1907-1987) – Night
George Gershwin (1898-1937) – The man I love
Leonard Bernstein (1918-1990) – Glitter and be gay
Olga Amaro é uma pianista com presença regular como solista e músico de câmara, tendo realizado concertos em Portugal, Espanha, Roménia, África do Sul e Moçambique. É diplomada pela Universidade de Stellenbosch (África do Sul), onde integrou durante anos a classe da pianista Nina Schumann com quem concluiu em 2008 o grau de Mestre em Piano Performance cum laude. Ao longo do seu percurso musical foi aluna de Eugénia Moura (Academia de Música Fernandes Fão – AMFF) e Constantin Sandu (Escola Superior de Música, Artes e Espectáculo – ESMAE), formando-se paralelamente com músicos como Helena Sá e Costa, Sequeira Costa, Vladimir Viardo, Konstantin Sherbakov, Alexei Lubimov, entre outros. Detém vários prémios aos níveis nacional e internacional, como o – 1º Prémio do Concurso Nacional Florinda Santos (1996, S. João da Madeira) e o 1º Prémio na Categoria de Ensemble do ATKV-Muziq Competition (2005, África do Sul). De 1997 a 2003, foi bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian, tendo também recebido o Prémio Lions Clube e a Bolsa de Mérito do Instituto Politécnico do Porto (2002, Porto). Em 2011, foi laureada com o Prémio de Melhor Pianista no 5º Concurso de Canto Lírico da Fundação Rotária Portuguesa. Em outubro de 2013 lança em conjunto com a soprano Marina Pacheco o disco Canções de Lemúria.
Realização e Apresentação: André Cunha Leal
Produção: Anabela Luís