A 16 de Julho de 1930 nascia um dos maiores organistas que viveu e tocou em Portugal, e que deixou uma marca indelével na nova geração de organistas portugueses. Assinalando a data, e homenageando o músico e professor, a Antena 2 recupera dois dos seus concertos realizados nos anos 90.
Homenagem a Antoine Sibertin-Blanc
um programa de Alexandra Louro de Almeida
16 Julho 15h00
repetição 18 Julho 13h00 | 21 Julho 05h00
Fez do órgão uma oração
Antoine Sibertin-Blanc nasce em Paris a 16 Julho 1930. É na capital francesa que realiza a sua formação, cursando Piano, Órgão, Improvisação, Canto Gregoriano, Direção Coral e Composição, e tendo por professores, Maurice Duruflé no Conservatório Superior de Música, e Édouard Souberbielle e Guy Lioncourt na Escola César Franck. O jovem Antoine torna-se organista nas igrejas parisienses de Saint Joseph, La Madeleine e Saint Merri.
Em 1955, vai para o Luxemburgo, onde fica cinco anos, até aceitar o convite de Júlia d’Almendra, fundadora e diretora do Centro de Estudos Gregorianos em Lisboa, recentemente criado, para assumir o cargo de professor nesta primeira escola superior de música sacra em Portugal.
Radica-se então em Portugal, e é nesta escola que fica até 2000, ano em que se jubila. Entretanto, este Centro converte-se no Instituto Gregoriano de Lisboa, em 1976, e posteriormente, em 1983, na Escola Superior de Música de Lisboa. Sibertin-Blanc continua responsável do curso de Órgão e professor, nos consecutivos institutos, pugnando pela reabilitação da música litúrgica portuguesa, nomeadamente do canto gregoriano, tornando-se precursor da atual escola portuguesa de órgão. Forma gerações de organistas e músicos, que hoje ocupam postos relevantes dentro e fora de Portugal; casos de António Duarte, Domingos Peixoto, Idalete Giga, João Pedro de Oliveira, João Vaz, Joaquim Simões da Hora, entre tantos outros.
Entre 1962 e 1978, é organista da Igreja de São Luís dos Franceses, em Lisboa.
Em 1965, quando é inaugurado o órgão da sé patriarcal de Lisboa, Sibertin-Blanc apresenta a candidatura como organista, tendo sido selecionado. Permanece, durante 51 anos, como organista titular da Sé de Lisboa até à sua morte, a 17 de Novembro de 2012.
É agraciado com a Ordem de Santiago de Espada.
Durante 50 anos desenvolve uma incansável atividade como concertista em Portugal continental, Açores e Madeira e praticamente todos os órgãos no país tiveram-no como intérprete extraordinário e cuidadoso na preservação do repertório português para o instrumento, sempre incluído em seus programas.
Além de professor e de extraordinário intérprete e improvisador, Sibertin-Blanc é compositor; compôs peças para órgão, música de Câmara, e para coro e orquestra, deixando uma longa discografia.
Em 2016, o Movimento Patrimonial pela Música Portuguesa (MPMP) publica o livro Ad memorian – Antoine Sibertin-Blanc sobre a sua vida e o seu percurso musical e pedagógico, que além de uma primeira parte biográfica escrita pela sua viúva Leonor de Lucena Sibertin Blanc, conta, numa segunda parte, com cerca de 50 testemunhos de ex-alunos, colegas, amigos e admiradores.
Antoine Sibertin-Blanc, com a sua devoção à música, contribuiu significativamente para o desenvolvimento da arte organística e para uma maior divulgação da música sacra em Portugal.
A Antena 2 transmite no dia 16 de Julho no programa Memória às 15h00 (com repetições na 3ª feira,18 Julho às 13h00, e 6ª feira, 21 Julho às 05h00), as seguintes gravações com Antoine Sibertin-Blanc:
- Recital integrado no Ciclo de Órgãos Portugueses, realizado na Igreja de Santa Maria em Óbidos, a 25 de setembro de 1994, com obras de Manuel Rodrigues Coelho, Frei Diogo da Conceição, Diego Diogo de Alvarado, Carlos Seixas, Francisco Xavier Batista e Nicolaus Bruhns
- Excerto do Concerto de Natal realizado na Igreja da Lapa no Porto, a 22 de dezembro de 1995: Coral nº 3 em lá menor de César Franck