Reportagem Antena 2
No Refrão da Memória:
no labirinto de uma doença sem cura, através da música
por Isabel Meira
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Há mais de 150 mil casos de demências em Portugal, e a tendência é crescente com o aumento da esperança de vida.
Em todo mundo, a cada três segundos, uma pessoa é diagnosticada com demência. As contas são da Organização Mundial de Saúde que considera a questão como prioridade de saúde pública.
Segundo o recente relatório “Health at a Glance 2017” (“Uma visão da saúde”) da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), Portugal é o quarto país com mais casos de demência. Há já vários anos que se fala num Plano Nacional para as demências. O Ministério da Saúde garante que esse plano vai ser aprovado ainda este ano e a sua implementação iniciada em 2018; um Plano que envolverá várias estratégias e práticas, a nível das instituições, dos especialistas, dos doentes e dos seus cuidadores, para uma doença sem cura.
A repórter Isabel Meira foi escutar algumas pessoas que lidam diariamente com estas doenças, como as da Casa do Alecrim, o primeiro Lar da Associação Alzeimer Portugal, e do Centro da Fundação Manuel Francisco Clérigo, onde são implementadas sessões de Musicoterapia.
Através da música, da voz, do ritmo, dos gestos, ou seja, apelando a componentes neuronais das emoções e através da estimulação sensorial, tenta-se facilitar reencontros com memórias esquecidas, perdidas no labirinto a que as doenças demenciais conduzem, as diversas enfermidades nas quais ‘se perde a mente’.
A música pode ter um papel importante nesse resgatar de memórias, e a Musicoterapia é já considerada uma intervenção alternativa não farmacológica válida no cuidado das pessoas com estas patologias. Mas os musicoterapeutas não são reconhecidos nem certificados profissionalmente, embora haja várias instituições para a terceira idade onde ela é usada no tratamento das demências.
A Associação Portuguesa de Musicoterapia lançou uma petição pública para que a actividade passe a ser uma profissão e deu início a um processo de certificação, destinado a quem já trabalha na área.
Isabel Meira foi também perscrutar especialistas, ligados à Fundação Champalimaud, ao Hospital Magalhães Lemos, e também a um centro de referência na investigação e intervenção nestas doenças, em Salamanca, sobre esta forma de intervenção pela música. Questionou também um dos responsáveis políticos desta área, o Secretário de Estado Adjunto e da Saúde, Fernando Araújo, acerca das medidas concretas que possam trazer respostas aos doentes e suas famílias e cuidadores.
A reportagem “No Refrão da Memória” entra no labirinto de uma doença sem cura, através da música.