Clotilde Rosa na Antena 2 [mais detalhes no final do artigo]
– Em Quinta Essência, de João Almeida. Para ouvir, clicar aqui.
– Em Império dos Sentidos, de Paulo Alves Guerra. Para ouvir, clicar aqui [a partir de 1h22m]- Em Música Hoje Para ouvir aqui.
Clotilde Rosa (1930-2017)
Pioneira da música contemporânea em Portugal
Clotilde Rosa nasceu em Queluz a 11 de Maio de 1930.
Filha do violinista e tenor José Rosa (19 Dezembro 1895 – 12 Março 1939) e da pianista e harpista Branca Belo de Carvalho Rosa (11 Janeiro 1906 – 28 Outubro 1940), cresce no seio de uma família de grande tradição musical, e começa as suas primeiras aulas particulares de piano aos 10 anos. Segue para o Conservatório Nacional, onde completa o Curso Superior de Piano e Harpa em 1949.
É à harpa que se dedica profissionalmente, especializando-se na interpretação de música antiga, com o musicólogo de origem britânica Macário Santiago Kastner, e integrando o grupo dos Menestréis de Lisboa.
Entre 1960 a 1963, e como bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian e do governo holandês, dedica-se a estudos aprofundados deste instrumento, em Amsterdão com Phia Berghout , em Paris com Jacqueline Borot e em Colónia com Hans Zingel, acompanhando a emergência do movimento da interpretação historicamente informada. Participa também, a partir de 1963, nos cursos de Darmstadt, dirigidos por Karlheins Stockhausen, na Alemanha, .
Entretanto, e no seu regresso a Portugal, por proposta de Mário Falcão, interpreta a obra Imagens Sonoras, de Jorge Peixinho, o que vai ditar a sua aproximação à música contemporânea, ao compositor e ao meio musical português de vanguarda. Em 1970, é um dos fundadores, com Jorge Peixinho, do Grupo de Música Contemporânea de Lisboa (GMCL), que interpreta música contemporânea em Portugal, Brasil e em vários países europeus.
No entanto, o seu interesse pela música antiga continua, tendo formado, no final dos anos setenta, com Carlos Franco e Luísa de Vasconcelos, o Trio Antiqua.
Trabalha como solista de harpa com várias orquestras e conjuntos. Faz parte da Orquestra Sinfónica do Porto e da Orquestra Sinfónica Nacional, ambas da Emissora Nacional, tendo colaborado com as orquestras do Teatro Nacional de S. Carlos e da Fundação Calouste Gulbenkian.
De 1987 a 1989 deu aulas de Análise e Técnicas de Composição na Escola de Música do Conservatório Nacional de Lisboa, transitando para a classe de Harpa de 1989 a 2000. É nesta época que é introduzida, por Clotilde Rosa, e pela primeira vez em Portugal, a música contemporânea no programa curricular de harpa.
Entre as suas actividades, integra também a Comissão Sectorial da Música Erudita da Sociedade Portuguesa de Autores.
O seu percurso como compositora inicia-se em 1974, quando a convite de Jorge Peixinho, esboça o seu primeiro trecho musical, na obra colectiva In-con-sub-sequência. Assume-se como compositora em 1976 com a obra Encontro.
No domínio da composição, frequenta apenas algumas aulas de Contraponto com Jorge Croner de Vasconcelos, de Composição com Jorge Peixinho, assiste a aulas de Análise de Álvaro Salazar e trabalha Instrumentação com Carlos Franco, assumindo-se essencialmente como autodidata. Levada à Tribuna Internacional de Compositores de Paris por Joly Braga Santos e Nuno Barreiros, por proposta de Jorge Peixinho, a peça foi gravada na RDP e atingiu o 10º lugar ex-aequo, entre 60 obras de 30 países. Obteve também o 1º Prémio no Concurso Nacional de Composição da Oficina Musical do Porto com Variantes I, para flautista solo.
Apesar da sua apetência para o experimentalismo sonoro, de que são exemplos As quatro estações do ano e Projecto-collage, nunca se proporcionou trabalhar num estúdio de música electroacústica, sendo a sua obra maioritariamente para voz ou instrumentos acústicos.
A sua música, ricamente colorida, possui um forte conteúdo dramático e emocional. Considerava-se, e numa perspectiva alargada, como pós-serialista.
Clotilde Rosa compôs dezenas de obras para instrumento solo, conjunto de câmara e orquestra sinfónica e também escreveu ópera e cantata.
Alguns dos seus trabalhos: Encontro para flauta e quarteto de cordas, Variantes para flauta solo, Alternâncias para flauta e piano, Três Cançoes breves, Vozes de Florabela, Cinzas de Sísifo, Glosas Proprias, Quiet fire, Amor que mal existe, O fabricar da música e do silêncio, El vaso reluciente e Canto Circular.
Em 1987, compõe a ópera O Desfigurado, com libreto de Armando Silva Carvalho. Em Maio deste ano, é estreada a sua obra Paisagem interior (2000), pela Orquestra Sinfónica Portuguesa.
Clotilde Rosa faleceu a 24 de Novembro de 2017, em Lisboa, aos 87 anos*.
Clotilde Rosa na Antena 2
– Entrevista a Clotilde Rosa, em 2008, no programa Quinta Essência, de João Almeida.
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– No dia em que Clotilde Rosa completou 87 anos, o programa Império dos Sentidos, de Paulo Alves Guerra, convidou a compositora, e no qual conversaram acerca de algumas das suas ideias, das obras mais marcantes e projectou a estreia de Paisagem Interior (2000), obra que foi estreada três dias depois, a 14 de Maio, num concerto pela Orquestra Sinfónica Portuguesa.
Para ouvir, clicar aqui [a partir de 1h22m]
– No ano em que a compositora completou os 85 anos de idade, o programa Música Hoje dedicou a sua emissão de 26 de Setembro 2015 à sua obra, visitando algumas das suas composições, nas quais a compositora utiliza de forma livre uma simbiose de várias técnicas – do serialismo ao minimalismo repetitivo, da forma estrita à forma aberta.
Para ouvir aqui.
Clotilde Rosa, Maria João Serrão, Lopes Silva e Paulo Alves Guerra,
aquando da sua entrevista à Antena 2, em Maio de 2017.
(*) Dados biográficos recolhidos em:
Grupo de Música Contemporânea Portuguesa; Musicalcs; Wikipédia