Estreia
1892
Antecedentes e ResumoCristóvão Colombo foi o navegador e explorador europeu, responsável por liderar a frota que alcançou a América no 12 de Outubro de 1492, sob as ordens dos Reis Católicos de Espanha. Empreendeu a sua viagem através do Oceano Atlântico com o objectivo de atingir a Índia, tendo na realidade descoberto as ilhas das Caraíbas (Antilhas) e, mais tarde, a costa do Golfo do México na América Central.
Controvérsias
Embora existam graves controvérsias quanto à origem de Cristóvão Colombo, a teoria mais aceite desde 1892 é a genovesa, com base em testemunhos que assim o referem desde o final do século XV. No entanto, o primeiro testemunho sobre a sua origem foi-nos dado por duas vezes em 1486 no livro de contas de Pedro Diaz de Toledo quando este se referia a Colombo por "El Portugues".
Actualmente, alguns autores levantam hipóteses tão distintas quanto ele ter nascido em Portugal, na Catalunha, no País Basco, na Galiza, na Córsega, na França e até mesmo na Grécia, atribuindo-lhe, entre esses, ascendência judaica.
Versão Oficial
A teoria mais aceite pelos historiadores é a de que ele seria um tecelão de seda genovês, um homem simples da plebe. No entanto, Colombo teria possuído elevados conhecimentos de línguas (como o latim e o hebraico), de matemática, de cosmografia, de geometria, além de conhecer todos os instrumentos de marinha e navegação, a ponto de ter sido considerado por alguns como o mais instruído homem do mar em toda a Espanha.
Alguns historiadores têm procurado demonstrar que o navegador mentia propositadamente a Castela para ajudar Portugal e que tinha a ajuda de Américo Vespúcio nessa missão.
Em 1479 Colombo desposou Filipa Moniz, residente no mosteiro feminino de Santos-o-Velho da Ordem de Santiago depois da morte do pai, Bartolomeu Perestrelo, cavaleiro da casa do Infante D. Henrique e um dos povoadores e 1º capitão do donatário da ilha do Porto Santo. Da união nasceu um filho em 1480, Diogo Colombo, nomeado pela Coroa Espanhola como 2º Almirante e Vice-rei das Índias.
A partir de 1485 Colombo reside em Castela. Chegando a Córdova com a corte, teve um caso amoroso, no Inverno de 1487-1488 com uma jovem humilde de nome Beatriz Enríquez da qual nasceu, a 15 de Agosto de 1488, D. Fernando Colombo. A esta jovem deixa Colombo, no seu testamento, a renda anual de 10.000 maravedis, presumivelmente como compensação pelos danos causados à sua honra.
Portugal, na altura, procurava uma passagem marítima para o Oriente, que lhe permitisse negociar directamente com a Índia, de onde eram redistribuídas as especiarias oriundas das ilhas Molucas, a par de outros produtos de luxo. Via-se nesse projecto uma resposta cristã à hegemonia turco-egípcia, muçulmana, sobre a rota terrestre abastecedora da Europa, particularmente das cidades de Génova e de Veneza.
Durante a sua estadia em Portugal, Colombo correspondeu-se com Paolo del Pozzo Toscanelli. Nessa correspondência passou intencionalmente a Toscanelli uma estimativa (incorrecta) do diâmetro terrestre, mais curto que o aceite pela Junta de Matemática de D. João II. Este órgão aceitava a afirmação de Ptolomeu de que a massa de terras (a Eurásia e a África) ocupava 180 graus da esfera terrestre, com 180 graus de mar. De facto só ocupa cerca de 120 graus. Colombo teria usado os cálculos de Pierre d’Ailly, acreditando que a massa ocupada pelas terras era de 225 graus, deixando 135 graus de mar e atribuindo um comprimento menor ao grau de longitude terrestre; estes factos, em conjunto com o globo de Martin Behaim, teriam tido a virtude de convencer os castelhanos, no Concelho de Salamanca onde apresentou o seu projecto a um grupo de religiosos e leigos, a patrocinar a sua expedição. O verdadeiro diâmetro da Terra é de aproximadamente quarenta mil quilómetros. Colombo teria afirmado que era de trinta mil e seiscentos quilómetros, estimando assim que a distância ao Japão era de cerca de quatro mil quatrocentos e quarenta e quatro quilómetros.
Colombo conseguiu finalmente fazer aprovar o projecto da sua viagem junto dos Reis Católicos, após a conquista de Granada, com a ajuda do confessor da rainha Isabel de Castela. Os termos da sua contratação tornavam-no almirante dos mares da Índia a descobrir e governador e vice-rei das terras do Oriente a que se propunha chegar, em competição com os portugueses que exploravam a Rota do Cabo.
Colombo partiu para a sua primeira viagem de Palos de la Frontera (Huelva), a 3 de Agosto de 1492, com três pequenas embarcações: a nau Santa Maria e as caravelas Niña e Pinta. Chegando à Grã-Canária, rumou para Sudoeste; três meses depois chegou a um ilhéu das Bahamas a que deu o nome de São Salvador. Continuando a navegar acostou em Cuba (segundo os próprios cubanos o nome é derivado da palavra Taíno, "cubanacán", significando "um lugar central") e chegou ao Haiti a que deu o nome de Hispaniola. Convencido de ter chegado à Índia deixou lá uma pequena colónia e regressou à Europa.
A sua segunda viagem iniciou-se em 1493, com três naus e catorze caravelas. Nela avistou as Antilhas e abordou a Martinica. Rumou depois para o norte e alcançou Porto Rico. Foi a Hispaniola onde a pequena colónia tinha sido arrasada pelos indígenas. Tendo ali deixado outro contingente de homens, navegou para o ocidente e chegou à Jamaica. Nessa viagem fundou Isabela, actual Santo Domingo, na República Dominicana, a primeira povoação europeia no continente americano.
Para a terceira viagem, partiu em 1498, com seis naus, tendo chegado à ilha da Trindade depois de uma atribulada viagem. Rumando ao sul chegou a uma grande terra que pensou ser uma ilha e a que chamou de Gracia. Rumando ao norte chegou a São Domingos, cidade formada por Fr. Bartolomeu de las Casas. Ali entrou em conflito com o governador, tendo sido preso com o irmão e enviado para Castela.
Na quarta viagem, saiu de Cádiz em 1502 com quatro naus, propondo-se uma vez mais a chegar ao Oriente. Avistou a Jamaica e, depois de uma grande tempestade, chegou à Ilha de Pinos nas Honduras. Avistou depois as costas da Nicarágua, Costa Rica e Panamá. Devido ao péssimo estado das naus teve de regressar a Hispaniola, de onde voltou para Castela.
Colombo sempre atribuiu as suas viagens ao desejo de converter novos povos ao Cristianismo, uma crença que se intensificou com a idade. Reivindicou ouvir vozes divinas, e procurou que se organizasse uma nova cruzada para capturar Jerusalém. Usava as vestes de franciscano, e descreveu as suas explorações ao "paraíso" como parte do plano divino de que resultaria o último julgamento e o fim do mundo.
Por outro lado, exigiu da Coroa castelhana dez por cento de todos os lucros nas terras novas de que viesse a tomar posse, conforme o acordo antecedente com os Reis Católicos. Como Colombo já não governava "as Índias", o novo monarca rejeitou estas pretensões. Os seus filhos processaram a Coroa castelhana para obter parte dos lucros do comércio com a América, mas perderam a causa cinquenta anos mais tarde.
Razoavelmente rico devido ao ouro que os seus homens tinham acumulado em Hispaniola e particularmente honrado pelos seus filhos, Colombo faleceu em Valladolid a 20 de Maio de 1506.
Andrés Bernaldez, cronista dos Reis Católicos, amigo íntimo e confidente de Colombo, atribui-lhe a idade de 70 anos à época do seu falecimento.
A documentação escrita deixada por Colombo encontra-se num castelhano aportuguesado, que se acredita tenha aprendido em Portugal, onde residiu durante muitos anos e onde casou. Não se lhe conhecem escritos anteriores à sua passagem para Castela. Conserva-se uma única carta para ele, do rei D. João II de Portugal, quando Colombo já vivia fora de Portugal.
A hipótese portuguesa
O navegador Cristóvão "Colombo" será português, alentejano, nascido em Cuba? A tese, algo surpreendente para quem se habituou à versão oficial, tem alguns defensores, entre os quais se destaca o investigador Mascarenhas Barreto. Oficialmente aquele descobridor nasceu em Génova, Itália, e era de origem humilde. Estranho é que um homem do povo possa ter embarcado numa cruzada de magnitude inquestionável e que tivesse sido recebido pelos Reis Católicos de Espanha e pelo nosso Rei D. João II, como poucos nobres o eram. Mistérios que começam no próprio nome do descobridor das Américas: Cristoforo Colombo, Cristobal Colón ou Cristóvão Colom?
O navegador, para ocultar a sua verdadeira origem, pelos motivos que adiante se compreenderão, utilizava nos seus documentos uma sigla cabalística cuja decifração em latim é:
"Fernandus, ensifer copiae Pacis Juliae, illaqueatus cum Isabella Sciarra Camarae, mea soboles Cubae sunt"
que significa: "Fernando, que detém a espada do poder em Pax Julia, ligado com Isabel Sciarra da Câmara, são a minha geração de Cuba", ou seja "Fernando, duque de Beja e Isabel Sciarra da Câmara são os meus pais de Cuba".
A sigla cabalística fala das origens reais de Colom, cujo verdadeiro nome seria Salvador Fernandes Zarco, e designa Cuba como sua terra natal, sendo de sublinhar que na altura do seu nascimento, não existia, nem em Itália nem em Espanha, nenhum outro lugar com esta denominação.
Mascarenhas Barreto refere que basta ler, com cuidado, os documentos verdadeiros escritos por Colom para vermos que a história não pode ser como a conhecemos, já que ele nos dá as pistas todas para percebermos que as suas origens eram portuguesas.
Uma das confusões instaladas nos livros de História prende-se com o falso nome do navegador que, no entender de Mascarenhas Barreto jamais se poderia chamar Colombo, mas sim Colom, pseudónimo utilizado pelo navegador, que por vezes também aparece referido como Guiarra ou Guerra. A palavra Colon resultou de uma castelhanização do apelido Colom, e após a morte do navegador o segundo "o" foi acentuado, dando "Colón" que persistiu até aos nossos dias, estando oculta a artificialidade daquele nome que foi "fabricado".
Olhando os antepassados de Salvador Fernandes Zarco também encontramos algumas pistas para o pseudónimo de Cristóvão Colom: sua avó materna era Constança Roiz de Sá (Almeida), filha de Rodrigo Anes de Sá e Cecília Colonna, a qual era filha de Giacomo Sciarra. Certamente o apelido Colom, por vezes referido como Guiarra, não foi inventado ao acaso.
Mascarenhas Barreto atribui ao Infante D. Fernando, duque de Beja, segundo duque de Viseu e mestre da ordem de Cristo, irmão do Rei D. Afonso V e filho do rei D. Duarte, a paternidade de Colom. Provavelmente antes do seu casamento já agendado com D. Beatriz, D. Fernando teve uma ligação com Isabel Sciarra da Câmara, filha do navegador João Gonçalves Zarco – descobridor do arquipélago da Madeira. Fruto desta relação não oficial, o filho de ambos nasceu em Cuba, para onde Isabel da Câmara se tinha afastado de forma a ficar longe de murmúrios indesejáveis. O seu nome de baptismo foi Salvador Fernandes Zarco, explicitando claramente os seus ascendentes: Zarco por parte da família da mãe, como último apelido tal como se usava então e Fernandes a designar "filho de Fernando" como era habitual.
Aos seis anos o jovem Salvador viajou com a mãe para o arquipélago da Madeira, a quem fora, convenientemente, arranjado casamento.
Crescendo numa família de navegadores não é estranho que Salvador se tivesse interessado pelas coisas do mar e revelado natural conhecimento, tendo iniciado, aos 14 anos, a vida marítima nas caravelas portuguesas em viagens para a costa de África. Este facto junta-se a tantos outros que justificam a origem portuguesa do navegador, pois por decreto real, os estrangeiros estavam proibidos de navegar nas caravelas e naus portuguesas dos descobrimentos.
Ainda segundo o investigador Mascarenhas Barreto, apesar do aparente servilismo aos Reis Católicos com o fito de encontrar uma nova rota para chegar à Índia navegando para Ocidente em volta da Terra, Colom estaria verdadeiramente ao serviço de D. João II, Rei de Portugal desde 1481, e primo do navegador (D. João II era filho do Rei D. Afonso V, de quem D. Fernando, duque de Beja, era irmão). O Rei português pretendia forçar a alteração do tratado de Toledo (1480) com os espanhóis, que concedia a Espanha o domínio sobre as terras e águas atlânticas para além de 100 léguas de Cabo Verde acima de um paralelo localizado a sul das Canárias e a Portugal o domínio abaixo desse paralelo.
Para concretizar os seus intentos, D. João II, enviou a Espanha o navegador Salvador Fernandes Zarco, que se apresentou sob o pseudónimo de Cristóvão Colom, com a missão de convencer os Reis Católicos a financiar e investir na procura da rota das Índias pelo Ocidente, devendo manter sempre oculta a sua origem.
Os Reis Católicos sabiam certamente que era português, mas julgaram tratar-se de um navegador a quem D. João II tinha recusado financiar essa mesma expedição, e que, como tal, se virava para Espanha. Contudo, só após 7 anos de infrutíferas tentativas Colom conseguiu convencer os Reis, apesar dos seus vastos conhecimentos e experiência de navegação atlântica. Como poderia um cardador de lãs genovês, sem qualquer experiência de navegação, ter sido recebido e convencido os Reis de Espanha a financiar tal aventura?
Como se explica, com as limitações impostas pelo tratado de Toledo vigente, que Colom navegasse até às Canárias e depois virasse para sul, sabendo que tudo o que descobrisse não seria para Espanha mas sim para Portugal?
O objectivo de D. João II era que Colom, ao serviço dos Reis de Espanha, descobrisse terras na zona atribuída a Portugal, para justificar um protesto legítimo e fazer alterar o Tratado por um mais favorável.
No regresso da sua viagem, Colom não se dirigiu directamente a Espanha, mas "inventou" uma tempestade que o obrigou a permanecer em solo português durante vários dias, tendo aproveitado para visitar a família na Madeira e ter falado com D. João II, dando-lhe conta das suas descobertas. Só depois foi para Espanha ter com os Reis que lhe financiaram a viagem.
Usufruindo da grande vantagem do Papa Alexandre VI ser ítalo-castelhano, os Reis Católicos conseguiram obter uma série de Bulas que lhes asseguravam o direito de propriedade sobre as terras recém descobertas e numa delas atribuía a Espanha o domínio exclusivo de todas as ilhas e terras firmes, já descobertas ou que viessem a sê-lo, situadas a ocidente de uma linha imaginária traçada de pólo a pólo que passasse 100 léguas a oeste das ilhas de Cabo Verde e dos Açores.
Naturalmente que os portugueses, não satisfeitos com a decisão, já que sabiam da existência de terras para lá dos limites que lhes eram atribuídos, assumiram uma atitude belicista, colocando a península Ibérica na eminência de um conflito armado.
Em Junho de 1494 foi assinado o tratado de Tordesilhas, definindo-se uma linha meridiana, de pólo a pólo, 370 léguas a ocidente de Cabo Verde e estabelecendo-se que as terras que ficassem a oeste do referido meridiano pertenceriam à coroa espanhola e as que ficassem a leste pertenceriam à coroa portuguesa. Dessa forma evitou-se o conflito, deixando os espanhóis acreditar que tinham deixado a Portugal somente a posse de 270 léguas a mais no Oceano e a Espanha garantia a posse das ilhas antilhanas descobertas por Colom.
Na realidade, este novo Tratado imposto por Portugal contra Espanha foi previamente aceite pelo Papa sem perceber a insistência portuguesa, mas os portugueses já tinham descoberto o Brasil e a Terra Nova, só que não tinham divulgado essas descobertas por ficarem na zona que estava então atribuída a Espanha.
Cristóvão Colom conseguiu dessa forma assegurar para Portugal tanto o controlo do Atlântico Sul como a parte de terra firme que fica a leste da linha imaginária – o Brasil.
Significativamente, na sua primeira Bula "Inter coetera" de 3 de Maio de 1493, o Papa, legitimando o acordo para o tratado de Tordesilhas e mencionando o navegador, aceitou a ortografia de CHRISTOFOM COLON.
Muitos foram os lugares descobertos por Colom ao serviço dos Reis de Espanha que lhe concederam o título de Almirante: a primeira ilha que descobriu foi Guananahi, a que deu o nome de S. Salvador (no actual arquipélago das Bahamas). Ora, apesar de usar o pseudónimo de Cristóvão, e de assinar XpoFERENS (aquele que leva Cristo) na sigla cabalística, o verdadeiro nome do navegador era Salvador.
À segunda ilha deu o nome de Santa Maria da Conceição, Procurando a origem de Santa Maria da Conceição, que Frei Fernando Colom, filho do navegador, indica estar relacionada com a devoção do Almirante, verificou-se que nem em Córdova, nem em Sevilha por onde Colom andou em Espanha, nem em Génova existia qualquer igreja devotada a Nª Sra. da Conceição, mas sim em Beja, o convento mandado edificar pelo Infante D. Fernando (pai de Colom) em 1467.
À terceira ilha deu o nome de Fernandina, tendo Frei Fernando Colom referido que o foi em honra de D. Fernando, o Rei Católico de Espanha. Mas o topónimo Fernandina não deriva de Fernando, e sim de Fernandes (filho de Fernando) e Colom tinha Fernandes no seu nome verdadeiro, Salvador Fernandes Zarco.
À quarta ilha chamou Isabela, que poderia ser em homenagem à Rainha Isabel a Católica mas também em homenagem a sua mãe, Isabel da Câmara. Mas se fosse em homenagem à Rainha Católica, que mais apoiou Colom enquanto o Rei não o aceitava, ter-lhe-ia dado primazia e atribuído o nome à terceira ilha.
E à quinta ilha o nome de Juana, admite-se que em honra do Rei D. João II, mas depois, para manter o sigilo da sua missão, trocou-o por Cuba, nome da sua terra natal no Alentejo.
Os nomes que Colom foi atribuindo aos lugares das Antilhas que descobriu correspondem, na sua maioria, a topónimos portugueses, quase sempre do Alentejo, nomeadamente S. Bartolomeu, S. Vicente, S. Luís, Sta. Luzia, Guadiana, Porto Santo, Mourão, Isabel, Sta. Clara, S. Nicolau, Vera Cruz, Espírito Santo, Guadalupe, Conceição, Cabo de S. João, Cabo Roxo, S. Miguel, Sto. António, Sto. Domingo, Sta. Catarina, S. Jorge, Trindade, Ponta Galera, S. Bernardo, Margarida, Ponta de Faro, Boca de Touro, Cabo Isabel, ilha dos Guinchos, Salvador, Santarém, Cuba, Curaçao e Belém, entre outras.
Sendo certo que alguns destes nomes são comuns em português e castelhano, outros só existiam na língua portuguesa, como Brasil, Santarém, Curaçao, Faro, Belém, Touro, e Ponta. Ora, se o navegador Cristóvão Colom tivesse nascido em Génova, porque motivo nunca atribuiu a nenhuma das suas descobertas um nome em honra das cidades famosas de Itália?
Cuba, em português antigo "coba" significava "torre" e não tinha qualquer significado noutro país. Cristóvão Colom deu, à maior ilha que encontrou o nome de Cuba, sua terra natal, tendo explorado toda a ilha excepto o limite oeste pois temia que tivesse ligação com o Oceano Pacífico e que a partir daí fosse possível alcançar a Índia, que ele não desejava entregar aos espanhóis.
Colombo e o Risorgimento
Como justificação para o embuste chamado Colombo, Mascarenhas Barreto tem uma explicação que assenta fundamentalmente na necessidade sentida pelos italianos, após a reunificação das várias repúblicas em meados do séc. XIX, de encontrarem um símbolo nacional. Cristoforo Colombo vestia bem a pele de herói, já que de simples cardador de lãs se teria tornado no "descobridor da América" (com a ajuda da banca italiana). Os italianos precisavam de um ídolo que os revalorizasse perante o resto da Europa após séculos de constantes derrotas militares, cedências políticas e dependências de coroas estrangeiras. É nesse contexto, no final do século XIX que o compositor brasileiro António Carlos Gomes vai compor a sua oratória Colombo.
Colombo, Poema Coral-Sinfónico de Albino Falanca
A Oratória Colombo, de Antonio Carlos Gomes (1836-1896), foi estrada em 1892, tendo sido composta para participar num concurso cujo objectivo era escolher uma cantata para ser apresentada durante a "Exposição de Chicago", e a propósito do IV Centenário da Descoberta da América.
Como não poderia deixar de acontecer com um compositor de grande veia operática, Carlos Gomes, ao compor esta peça, imprimiu um forte carácter cénico, dramatizando a vida de Cristóvão Colombo, o que foi bastante criticado por se pôr num segundo plano a descoberta do continente americano e dando-se ênfase a uma história superficial e romantizada.
O libreto original é em italiano, compreensível na medida em que se constata que o idioma oficial da música vocal, em finais do século XIX, ainda é o italiano, principalmente para um compositor que, brasileiro, fez carreira na Itália: Antonio Carlos Gomes (1836-1896), enquanto procurava uma carreira vitoriosa na Itália, teve que abdicar das suas aspirações nacionalistas. Afinal, a carreira de Carlos Gomes foi um dos frutos do investimento feito pelo Imperador D. Pedro II, verdadeiro mecenas do Império, e que lhe ofereceu uma bolsa de estudos na Europa, sendo o país escolhido a Itália.
Quando compôs Colombo, Carlos Gomes utilizou um libreto escrito por Albino Falanca, possivelmente pseudónimo de Aníbal Falcão, político brasileiro e amigo pessoal do compositor. Outros estudiosos acreditam que tenha sido o próprio compositor o responsável pelo libreto. De qualquer maneira, este possui qualidade dramática duvidosa: o feito de Colombo teria sido, mais do que tudo, consequência de um sonho visionário de um amante desiludido, o qual consegue, de forma inaudita, o apoio de um Rei pouco firme, que depende das intuições de sua esposa.
Mesmo não tendo sido a peça vencedora, a beleza de Colombo é inegável, com grandes momentos corais, e, não obstante a deficiência dramática e a dificuldade de apreciação, por se tratar de uma quase-ópera em forma de oratório, é de audição obrigatória para todos os apreciadores da música de Carlos Gomes, já plenamente consciente de todos os recursos musicais da sua época.
Vale a pena transcrever um trecho de uma correspondência sua, desse período: "Já sabes que não era possível deixar passar este centenário colombiano sem dar sinal de vida. O tal ‘nhô-Colombo’ andou em 1492 agarrando macacos pelo mato e metendo medo na gente. Eu, porém, que sou meio ‘home’, meio ‘macaco velho’, acabo de me vingar dele, pois agarrei no tal ‘nhô-Colombo" e botei-o em música desde o Dó mais grave até a nota mais aguda da rua da amargura. Estou vingado, arre diabo!".
Sinopse
O libreto baseia-se na narração do feito de Colombo, iniciando-se na sua errática busca por esquecer o passado, quando fora abandonado pela mulher amada. Primeiro, pensa em suicidar-se, até que ouve uma belíssima "Ave Maris Stella", que o faz acalmar-se. Tal tristeza encontra-se expressa na ária "Era un tramonto d’oro". Nesta ária Colombo relembra dois momentos marcantes de sua vida: a "descoberta"da mulher de sua vida, e o abandono.
Mesmo sendo convidado a permanecer num convento, um convite do Frade a quem conta o seu passado, Colombo pede ao religioso ajuda para se dirigir à Corte a fim de obter o apoio dos Reis. No interior do Convento, é entoado um "Te Deum".
Um aspecto importante é o catolicismo enquanto religião e mesmo ideal de expansão. Afinal, Colombo conhece a sua amada numa pequena Igreja, procura a ajuda de um frade, os reis e seu país é católico e a ideia de expansão da doutrina cristã encontra-se entre os objectivos da sua missão náutica. E, coincidência ou não, Colombo faz a viagem a bordo da caravela "Santa Maria", cujo hino o impede de cometer suicídio, no início da narrativa.
A chegada à Corte é feita enquanto o povo celebra a vitória sobre os Mouros. O Rei Fernando e a Rainha Isabel exaltam a bravura do seu povo ao mesmo tempo que fazem juras de amor. Quando Colombo expõe seus planos, à frente do povo, o Rei fica indeciso, porém a Rainha suplica que seja oferecida uma oportunidade a Colombo. Após tal decisão, o povo, Colombo e a Rainha proclamam a glória do Rei.
Na terceira parte Colombo encontra-se já em alto-mar, um tanto ou quanto desanimado, em virtude das dificuldades que se apresentam. Conforme o enredo conta, a descoberta da América vem a ser fruto da Providência Divina, na medida em que após uma tempestade as naus perderam o rumo original.
A quarta parte começa com danças indígenas e espanholas, a sacralizar o encontro entre duas culturas, dois mundos até então desconhecidos um para o outro. Posteriormente, na enseada de Barcelona, os navegadores vitoriosos retornam à sua Pátria, e ao chegarem ao Palácio Real, a Rainha canta Vitória.
O Rei exalta o feito de Colombo, e todos se juntam para exaltar o promissor futuro da humanidade.