LibretoFelice Romani
Antecedentes e ResumoCarlo Soliva nasceu em 1791 em Casale Monferrato, perto de Piemonte em Itália. Os seus pais eram emigrantes suíços originários do cantão de Ticino. Foi o primeiro graduado do Conservatório de Milão, e como prémio de final de curso deram-lhe a oportunidade de apresentar a sua primeira ópera no "alla Scala", que contou com o libreto do então jovem, Felice Romani.
Nos anos que se seguiram, Soliva continuou uma produtiva carreira como compositor de ópera em Itália, centrando a sua produção no alla Scala.
Em 1821 Soliva mudou-se para Varsóvia onde dirigiu as classes de canto no conservatório local. Ainda na Polónia, Soliva travou amizade com Chopin com quem colaborou como director de orquestra chegando a dirigir o jovem pianista quando este se apresentou pela primeira vez como intérprete do seu concerto para piano em mi menor.
Depois de deflagrar a revolta polaca, em 1830, o conservatório de Varsóvia foi forçado a fechar, levando Soliva a mudar-se para São Petersburgo, onde foi maestro da Capela Real e Director da Escola Imperial de Canto.
Em 1841 Soliva aposentou-se e voltou à casa da sua família em Semione, no Vale de Blenio em Ticino na Suiça. Mais tarde estabeleceu-se em Paris, tornando-se parte da vida cultural desta cidade e onde veio a falecer no ano de 1853.
Elena e Malvina, a sua quinta e última ópera, surge como um interregno à sua actividade em Varsóvia. Também com libreto de Felice Romani, com quem se estreou em "La Testa di Bronzo", esta ópera teve a sua primeira apresentação em 1824 e foi composta para o alla Scala durante uma viagem que Soliva fez a Milão e na qual se pensa que este tenha conhecido Beethoven ao passar por Viena.
Durante uma viagem à Irlanda, um jovem lorde inglês, Sir. Henry Somerset (Enrico), perde-se nas montanhas onde se encontra com uma jovem cavaleira, Malvina Arthur, que vive sosinha num castelo. Os dois apaixonam-se e passado uns meses casam-se. No entanto Enrico abandona Malvina pouco tempo depois.
Dividida entre a sua dor e a sede de vingança, Malvina decide seguir os passos de Enrico.
Depois de ter procurado em vão, ela encontra uma quinta na Escócia que lhe lembra a sua terra nativa e decide construir um castelo idêntico àquele que pertencia aos seus antepassados.
Entretanto, Enrico casou com Elena, filha de Sir Donald (Donaldo), Governador de Edimburgo. Assim o primeiro acto começa num dia de Natal no final do séc. XV na Escócia.
Camponeses vindos das montanhas circundantes e de uma pequena aldeia próxima vão até ao castelo de Malvina Arthur para lhe desejar um feliz Natal. Patrizio, o velho criado de Malvina, aparece para advertir os camponeses de que não devem fazer barulho, pois Malvina não gosta de se lembrar do dia em que conheceu aquele que a abandonou. No entanto Patrizio foi tarde de mais e o barulho acordou Malvina que se comove com a demonstração de afecto dos seus vassalos.
Entretanto, irrompe uma tempestade e alguns caçadores que se encontravam perdidos com a itempérie aparecem em cena. Entre eles, encontra-se Sir Henry Sommerset, que, para grande espanto dele, se vê diante de um castelo totalmente idêntico àquele, na Irlanda, onde conheceu e se apaixonou por Malvina.
Enquanto contempla o castelo e se perde nas suas recordações, vem-lhe ao pensamento a sua mulher, Elena, trazendo-o de volta à realidade. No entanto ao ter-se exposto foi visto por Malvina que corre para o abraçar, convencida que ele tinha ido até ao castelo para a encontrar e declarar o seu amor. Porém, ele explica-lhe que está casado com Elena. Malvina jura vingar-se. No castelo de Sir Donald, governador de Edimburgo, Elena, está preocupada com a demora de Enrico que ainda não voltou da caçada.
Ao ver a sua filha preocupada, Donaldo tenta animá-la com a notícia do regresso do seu irmão Eduino.
Entretanto, um pagem anuncia a chegada ao castelo de uma estranha mulher estrangeira magnificamente vestida de luto. Essa mulher é Malvina, que vem para se vingar do mal infligido por Enrico. Donaldo tenta persuadi-la a abandonar os seus anseios de vingança, visto que a vergonha que se poderia abater sobre Enrico também iria incidir sobre a inocente Elena. Mas, Malvina recusa-se a abdicar do seu plano e Donaldo, cujo sentimento de dever se sobrepõem ao de pai, manda prender o seu genro para que este seja levado à justiça.
Enrico, preso, vê-se confrontado pelas duas mulheres que o acusam de traição e deseja morrer. Este apela à Corte Suprema de Edimburgo.
Assim, o segundo acto começa no átrio do castelo de Donaldo onde alguns dos presentes lamentam a infelicidade de Elena. A jovem ainda está apaixonada por Enrico, e mais determinada do que nunca a não perdê-lo. Donaldo está preocupado com a sua filha.
Enquanto isso, Eduino, irmão de Elena, apenas pensa num plano para repor a honra de sua família. Isto implica planear uma fuga para Enrico, para depois o desafiar para um duelo com pistolas. Desta maneira, livraria a família de ver o seu nome debatido na praça pública.
Tendo-se dado a fuga de Enrico, Donaldo, acompanhado por guardas vai atrás do jovem fugitivo e leva-o de volta para a prisão.
Entretanto, Malvina pede a Patrizio para distribuir todas as suas coisas pelos pobres. Ela prepara-se para abandonar a Escócia para sempre. Mas antes de partir, Elena atira-se aos seus pés e implora-lhe que tome conta dos seus filhos, pois tem a certeza de que Enrico já não a ama. Malvina comove-se e cheia de caridade vai ter com Enrico e diz-lhe que lhe perdoa tudo. Com isto ela rasga o documento no qual ele lhe havia jurado fidelidade e amor para sempre e pega na mão dele, fazendo-o agarrar a mão de Elena.
Assim Malvina monta o seu corcel e parte em busca de um lugar onde possa viver em paz consigo própria.