Letra Original:
Seis Canções Op. 48
Grüss
Heinrich Heine Leise zieht durch mein Gemüt
Liebliches Geläute,
Klinge, kleines, Frühlingslied,
Kling hinaus ins Weite
Zieh hinaus bis an das Haus,
Wo die Veilchen spriessen,
Wenn du eine Rose schaust,
Sag, ich lass sie grüssen.
Dereinst, Gedanke mein
Emanuel von Geibel Dereinst, Gedanke mein,
Wirst ruhig sein.
Lässt Liebesglut
Dich still nicht werden,
In kühler Erden,
Da schläfst du gut,
Dort ohne Lieb’ und ohne Pein
Wirst ruhig sein.
Was du im Leben
Nicht hast gefunden,
Wenn es entschwunden,
Wird’s dir gegeben.
Dann ohne Wunden
Und ohne Pein
Wirst ruhig sein.
Lauf der Welt
Johann Ludwig Uhland An jedem Abend geh’ ich aus.
Hinauf den Wiesensteg.
Sie schaut aus ihrem Gartenhaus,
Es stehet hart am Weg.
Wir haben uns noch nie bestellt,
Es ist nur so der Lauf der Welt.
Ich weiss nicht, wie es so geschah,
Seit lange küss, ich sie,
Ich bitte nicht, sie sagt nicht: Ja!
Doch sagt sie: nein! auch nie.
Wenn Lippe gern auf Lippe ruht,
Wir hundern nicht, uns dünkt es gut.
Das Lüftchen mit der Rose spielt,
Es fragt nicht: hast mich lieb?
Das Röschen sich am Taue kühlt,
Es sagt nicht lange: gib!
Ich liebe sie, sie liebet mich,
Doch keines sagt: ich liebe dich!
Die verschwiegene Nachtigall
Walther von der Vogelweide Unter den Linden,
an der Haide,
wo ich mit meinem Trauten sass,
da mögt ihr finden,
wie wir beide
die Blumen brachen und das Gras.
Vor dem Wald mit Süssem Schall,
Tandaradei!
Sang im Tal die Nachtigall.
Ich kam gegangen
zu der Aue,
mein Liebster kam vor mir dahin.
Ich ward empfangen
als hehre Fraue,
dass ich noch immer selig bin.
Ob er mir auch Küsse bot?
Tandaradei!
Seht, wie ist mein Mund so rot!
Wie ich da ruhte,
Wüsst’ es einer,
behüte Gott, ich schäme mich.
Wie mich der Gute
herzte, keiner
erfahre das als er und ich –
und ein kleines Vögelein,
Tandaradei!
das wird verschwiegen sein.
Zur Rosenzeit
Johann Wolfgang von Goethe Ihr verblühet, süsse Rosen,
Meine Liebe trug euch nicht;
Blühet, ach! dem Hoffnungslosen,
Dem der Gram, die Seele bricht!
Jener Tage denk’ ich trauernd,
Als ich, Engel, an dir hing,
Auf das erste Knöspchen lauernd,
Früh zu meinem Garten ging;
Alle Blüten, alle Früchte
Noch zu deinem Füssen trug
Und vor deinem Angesichte
Hoffnung in dem Herzen schlug.
Ihr verblühet, süsse Rosen,
Meine Liebe trug euch nicht;
Bühet, ach! dem Hoffnungslosen,
Dem der Gram die Seele bricht!
Ein Traum
Friedrich von Bodenstedt Mir träumte einst ein schöner Traum:
Mich liebte eine blonde Maid:
Es war am grünen Waldesraum,
Es war zur warmen Frühlingszeit:
Die knospe sprang, der Waldbach schwoll,
Fern aus dem Dorfe scholl Geläut –
Wir waren ganzer Wonne voll,
Vereunken ganz in Seligkeit.
Und Schöner noch als einst der Traum
Begab es sich in Wirklichkeit –
Es war am grünen Waldesraum.
Es war zur warmen Frühlingszeit:
Der Waldbach schwoll, die Knospe sprang,
Geläut erscholl vom Dorfe her –
Ich hielt dich fest, ich hielt dich lang
Und lasse dich nun nimmermehr!
O frühlings grüner Waldesraum!
Du lebst in mir durch alle Zeit –
Dort ward die Wirklichkeit zum Traum,
Dort ward der Traum zur Wirklichkeit
Tradução para Português:
Seis Canções Op. 48
Saudação Suave atravessa-me a alma
O delicioso repicar dos sinos,
Ressoa, doce canção da Primavera,
Ressoa pela lonjura até perder de vista.
Passa através da casa e vai sair
No jardim onde brotam as violetas.
Se tu contemplares uma rosa,
Diz-me, por ela mandarei saudades.
Um dia, meu pensamentoUm dia, meu pensamento,
Poderás enfim serenar.
Nunca a ânsia do amor
Te deixará encontrar sossego.
Sob a terra fresca,
Repousarás bem,
Ali onde, sem paixão nem tormento,
Encontrarás a paz suprema.
Aquilo que jamais
Em vida achaste,
Quando, exânime, desapareceres,
Deixará de te ser recusado.
Então, sem mais feridas
E sem mais dor
Encontrarás a paz suprema.
O andar do mundoTodas as noites saio para o relento
E percorro veredas por entre os prados.
Ela observa, desde o seu jardim,
Acolá junto do caminho.
Ainda não fomos apresentados,
Mas é assim o andar do Mundo.
Não sei explicar como aconteceu,
Desde há muito que a beijo.
Eu nada peço, ela não diz: Sim!
Tão-pouco: Não! é a sua resposta.
Quando lábios gostam de repousar sobre lábios,
Não recusamos, e parece-nos bem.
A brisa brinca com a rosa,
Sem lhe perguntar: tu amas-me?
A rosinha refresca-se com o orvalho,
E não lhe diz constantemente: dá-me!
Eu amo-a, ela ama-me,
E na verdade, nenhum afirma: eu amo-te!
O rouxinol discreto Sob as tílias,
na vasta charneca,
onde me sentei com o meu noivo,
gostaríeis de saber
como é que ambos
arrancámos as flores e ervas do chão,
entre os doces rumores do bosque.
Tatirari!
Cantou no vale o rouxinol!
Caminhei para a campina,
o meu adorado andou à minha frente.
Eu fui acolhida
como mulher sublime,
por isso vivo em felicidade.
Se ele também me ofereceu beijos?
Tatirari!
Vede como estão rubros os meus lábios!
Enquanto eu ali repousava,
alguém descobriria,
Deus me livre! Que vergonha a minha.
Como o meu bem
me acarinhava, ninguém
sabe, o que nós os dois sabemos –
e um pequeno passarinho,
Tatirari!
Esse deve manter-se discreto.
No tempo das rosasVós murchais, ó doces rosas,
meu amor já não vos traz consigo;
Voltai a dar flor, ah! Para os desesperados,
A quem o desgosto quebra a alma!
Todos os dias me acordam pensamentos funestos,
E relembro, meu anjo, quando vivia para ti,
E que, para espreitar o primeiro rebento,
Corria alegre para o jardim;
Todas as flores, todos os frutos
Trazia para os depôr aos teus pés
E, ao contemplar o teu rosto
A esperança invadia-me o coração.
Vós murchais, ó doces rosas,
O meu amor já não se vestiu de vós;
Voltai a dar flor, ah! Para os desesperados,
A quem o desgosto quebra a alma!
Um sonhoSonhei, certo dia, um lindo sonho:
Enamorara-se de mim loura donzela;
Foi no seio da floresta verdejante,
Na tépida estação primaveril:
Brotou o rebento, o ribeiro entumesceu,
Lá longe, junto da aldeia, um repicar de sinos –
Estávamos enlevados, num deleite infinito,
Perdidos numa feliz imensidão.
E ainda melhor que outrora o sonho,
É o que na realidade aconteceu –
Foi no seio da floresta verdejante,
Na tépida estação primaveril
O ribeiro cresceu, o rebento brotou,
O repicar dos sinos que soa na aldeia,
Tomei-te nos braços, firme e longamente
E não mais te deixei então!
Ó floresta verdejante da estação primaveril!
Tu vives em mim em cada momento –
Foi em ti que a realidade alcançou o sonho,
Foi em ti que o sonho se tornou realidade!
Tradução de Mariana Portas