Libreto
Joseph Ferdinand Sonnleithner
Estreia
Viena 1805
AntecedentesBaseando-se num libreto de Jean-Christophe Bouilly que já tinha sido utilizado por outros três compositores, Beethoven começou, em 1804, a trabalhar naquela que seria a sua única ópera: Fidelio. O projecto consistia numa nova versão da história de Leonore em três actos, mas Beethoven começava a ter problemas com a censura – Viena tinha acabado de ser ocupada pelas forças napoleónicas. Mesmo assim Beethoven conseguiu ver a sua versão da história de Leonore ser interpretada algumas vezes em 1805, mas sem sucesso. Para evitar confusões com as suas antecessoras, a ópera recebeu o nome de Fidelio – sabe-se que Beethoven teria preferido o nome original. Em 1806, a partitura foi revista e reduzida a dois actos para ser apresentada em Viena.
Em 1814, Beethoven regressou uma vez mais à ópera, efectuando revisões mais alargadas à partitura, elaborando novos finais para os dois actos e alterando substancialmente as árias de Leonore e Florestan. Com a ajuda de Georg von Treitschke, o libreto foi também drasticamente alterado. Foi esta a versão a ser interpretada a partir daí, ainda que as anteriores tenham sido ocasionalmente recuperadas.
Esta única ópera de Beethoven custou-lhe grandes dificuldades e, apesar do sucesso que acabou por obter a nova versão de 1814, Beethoven não ficou completamente satisfeito.
Resumo
A acção é inspirada num facto real passado durante o período do terror (um período durante a revolução francesa). Os autores situam-na na Espanha do século XVIII.
O libreto não é brilhante mas a ideologia de beethoveniana tem aqui vantagem. Um jovem nobre, defensor da liberdade, é preso por um usurpador tirânico; uma mulher fiel e corajosa salva o prisioneiro da morte; um ministro faz triunfar a justiça libertando os prisioneiros.
I Acto
Florestan é um nobre espanhol, defensor dos ideias de liberdade, posto abusivamente no degredo, numa fortaleza, por Don Pizarro, tirano local que o fez passar por morto. A sua mulher, Leonora, desconfiada da verdade, conseguiu fazer-se contratar como carcereiro sob o disfarce masculino de Fidelio, para se aproximar do seu marido. Mas Marcellina, a filha do carcereiro chefe Rocco, apaixona-se pelo falso Fidelio e tem todo o apoio do pai. Leonora não sabe como sair deste equívoco. Pizarro ordena que cave rapidamente uma sepultura porque se quer desembaraçar rápida e discretamente de Florestan, ilegalmente aprisionado, antes da anunciada inspecção do ministro Don Fernando. Leonora consegue que os prisioneiros saiam para o ar livre, mas não vê o seu marido entre eles.
II Acto
Leonora, disfarçada de Fidelio, ajuda Rocco a cavar a sepultura destinada a Florestan, próximo do calabouço onde se encontra aprisionado o nobre espanhol. Nessa altura ela reconhece-o mas ele ainda não a identifica sob disfarce. Inesperadamente aparece Pizarro que se prepara para apunhalar Florestan. Leonora interpõe-se, desmascara-se e ameaça o tirano com uma pistola. Os trompetes anunciam a chegada do ministro, o que salva a ávida de Florestan e de Leonora, e confunde Pizarro. O ministro ordena que libertem Florestan, seu partidário e amigo: é Leonora quem lhe tira as correntes. O povo canta a liberdade reencontrada, enquanto Pizarro é mandado para a prisão.