Letra Original:
Sem Sol - Poemas do compositor
V chetiryokh stenakh
Komnatka tesnaya, tikhaya, milaya;
Ten’ neprogl’adnaya, ten’bezotvetnya;
Duma glubokaya, pesna unylaya;
V byushchemsa serdsye nadezhda zavetnaya
Bystryy polyet za mgnovenem mMgnoveniya;
Vzor nepodvizhkyy na schast’e dalekoe
Mnogo somneniya, mnogo terpeniya.
Vot ona, noch moya, noch odinokaya.
Menya ty v tolpe ne uznala
Menya ty v tolpe ne uznala,
Tvoy vzgl’ag ne skazal nichevo.
No chudno i strashno mne stalo,
Kogda ulovil ya evo.
To bylo odno lis nyomgnoven’e;
No ver’nne, ya v nem perenyos
Vsey proshloy l’ubvi naslazhden’ye,
Vsu gorech zabvenya i sloz!
Okonchen prazdnyy, shumnyy dyen
Okonchen prazdnyy, shumnyy dyen;
Ludskaya zhizn’, umolknuv, dremlyet.
Vsyo tikho. Mayshoy nochi ten’ stolitsy
sp’ashchuyu ob emiet.
No son ot glaz moikh bezhit.
I pri luchakh inoy denitsy
Vooprazhenie vertit
Godov utrachennykh stranitsy.
Kak budto vnov’, vdychaya yad.
Vesennich, strastnykh snovideniy,
V dushe ya voskreshayu r’da nadezhd,
Poryvov, zabluzhdeniy.
Uvy, to prizreki odni!
Mne skuchno s mertvoy ikh tolpoyu,
I shum ikh staroy boltovni uzhe
Ne vlasten nado mnoyu.
Lish ten’, odna iz vsekh teney,
Yavilas’ mne, dysha l’ubov’yu,
I vernyy drug minuvshich dney
Sklonilas’ tikho k izgolov’ yu.
I smelo otdal yey odnoy vs’u dushu
Ya v sleve bezmolvnoy, nikem nezrimoy.
Schast’ya polnoy, v sleze,
Davno khranimoy mnoy!
Skuchay
Skuchay. Ty sozdana dl’a skuki.
Bez zhguchikh chuvstv otrady net,
Kak net vozvrata bez razluki,
Kak bez boren’ya nyet pobed.
Skuchay, slovam l’ubvi vnimaya,
V tishi serdechnoy pustoti
Privyetom Izhivym otveshaya
Na pravdu devstvennoy mechti.
Skuchay. S rozhden’ya do mogily
Zarane put’ nachertan tvoy:
Po kaple ty istratish’ sily,
Potom umryosh’, im bog s toboy!
Elegiya
V tumane dremlyet noch.
Bezmolvnaya zvezda skvoz’ dimku oblakov
Mertsaet odinoko.
Zmenyat bubensami unylo i daleko
Koney pasushchikhsya stada.
Kak nochi oblaka izmenchivye
Dumy nesuts’ a nado mnoy
Trevozhny i ugrumy; v nikh otblesk nadezhd,
Kogda-to dorogikh, davno poter’ annykh,
Davno uzh ne zhivych.
N nich sozhaleniya… i slozy.
Nesutsya dumy te bez tseli i kontsa,
To prevrat’as’ v cherty l’ubimovo litsa,
Zovut, rozhdaya vnov’ v dushe
Bylye gryozy, to slivshis’v chorni mrak
polny nemoy ugrozy gryadushchevo bor’boy
Pugayut robkiy um, i slyshits’a vdali. Nestroynoy
Zhizni shoom, tolpy byezdushnoy smyekh
Vrazhdy kovarnoy ropot, zhityeyskoy melochi
Neza glushimyy shepot
Unylyy smerti zvon!… Predvyestnitsa
Zvezda, kak budto polnaya stida,
Skryvaet svetlyy lik v tumane bezotradnom, kak
Budushchnost’ moya, nemom i neprogl’adnom.
Nad rekoy
Myesyat zadumchivyy, zvyozdy dalokie
Sinego neba vodami lubuyutsya.
Molcha smotryu ya, na vody glubokie;
Tayny volshebnye syerdsem v nikh chuyutsa.
Pleshchut tayatsa laskatyelno nezhnye;
Mnoga v ich ropote sily charushchey.
Slyshatsa dumy i strasi bezbrezhnye…
Golos nevedomyy, dushu volnuyushchiy.
Nezhit, pugaet, navodit somnenie.
Slushat velit li on ? S mesta ne sdvinulsa;
Gonit li proch? Ubezhal by v smyateniy;
V glub li zobet? Bez ogladki b ya kinulsa!
Tradução para Português:
Sem Sol - Poemas do compositor
Dentro de quatro paredes
Deitado eu estou aqui, no meu quarto, em silêncio, sem sono,
Na noite escura, impenetrável, à minha volta,
Suavemente um suspiro se solta, uma triste palavra de lamentação,
Uma ténue esperança permanece no meu doloroso coração.
Cada momento como um relâmpago passa apressadamente,
Ansiosamente fixando-se na alegria que está tão distante,
Duvidando sempre, sofrendo sempre –
Assim passa a noite tão solitariamente.
Tu não me reconheceste na multidão
Os teus olhos nunca se aperceberam de mim na multidão,
O teu olhar era tranquilo e sereno.
Contudo, os meus nunca falharam ou me enganaram
No momento que de ti tive a visão.
Não foi senão por um fugitivo momento,
Contudo fez-me sofrer de novo
Todas as nossas velhas paixões,
As lágrimas, as separações, o sofrimento!
O ocioso e ruidoso dia acabou
O inútil dia acabou;
O apressado tumulto, ruído e azáfama.
Só silêncio! A noite de primavera traz descanso e frescura,
Sono aos cansados mortais
E contudo nenhum conforto chega para mim,
Porque na luz das horas há muito desaparecida,
Levantam-se perante os cansados olhos
Velhas visões desvanecidas e esquecidas.
Porque a Primavera agora me aprisiona no seu encanto
E enche o meu espírito com sonhos de magia
Como se o meu espírito se levantasse de novo para a esperança,
Para a luta e para a agonia
Ai de mim! estes sonhos são todos em vão!
Eu odeio estes mortais e falsos fantasmas,
O som oco da ociosa expressão
Eu não deixarei que me engane mais!
E então através da noite
Uma forma aparece, tão confortável,
A bela e terna companheira da minha juventude
Que se inclina sobre a minha cabeça com tanta solicitude.
A ela alegremente eu entrego a minha alma
Escondida numa pequena gota de lágrima
Caindo, desconhecida para alguns;
Silenciosa gota, há quanto tempo conténs a minha alegria!
Aborrecimento
Aborrecimento existe em cada dia que passa.
Nenhuma jornada é feita sem retorno,
Nenhuma vida é vivida sem tristeza,
Não há vitória sem combate.
Aborrecimento, quando o amor engana
O teu frio e vazio coração,
E tu acreditas e sorris
À falsa criação da paixão.
Aborrecimento, através da jornada da vida,
O livro é lido, a história contada.
Que os momentos felizes passem lentamente
Até á sepultura: para que tu, em paz, repouses descansada.
Elegia
Os sonhos da noite perdem-se na sombra.
Uma pálida e solitária estrela, através das escuras nuvens,
No céu faz de sentinela à terra,
Enquanto lá baixo no vale distante ressoam tão tristemente
Os minúsculos chocalhos de rebanhos que vagueiam à vontade.
E como as nuvens velejantes
Que de noite fazem a sua jornada,
Tristes pensamentos se erguem dentro de mim e deslizam numa corrente sem fim,
Recordando esperanças há muito mortas, ternos sonhos que eu acariciei,
Coisas conhecidas e perdidas para mim, e ansiando tudo em vão.
Nada resta senão remorsos… e choro.
Numa corrente nunca acabada estes pensamentos sem desígnio se levantam;
Retratado em forma viva um ser que outrora conheci,
Ou eco através dos refrões da minha mente perturbada esquecido.
E perseguindo através da noite,
Esta silenciosa multidão de memórias pressagiará dor
E assustará a minha alma solitária.
Ressoando através dos meus ouvidos eu ouço os sons da Vida,
O desprezo das multidões irritadas, o ódio profundamente enraizado dos cobardes,
O ruído vazio de dia e a amarga e hostil gargalhada,
Até a própria terrível chamada da Morte… e então
A estrela da manhã se torna pálida, como se com vergonha possuída,
Vela a sua modesta luz atrás das nuvens que a protegem;
E assim as minhas esperanças se perdem e lentamente se desvanecem em sombras.
No rio
O luar tão tranquilo e a luz estrelar tão distante
Reflectem-se tão claramente nas águas adormecidas.
Eu contemplo silenciosamente, tomado de encanto,
O porto de refúgio dos corações naquelas profundezas mágicas.
Pequenas ondas ondulando, implorando, acariciando,
Quem pode compreender o significado dos seus murmúrios?
Sabedoria e aprendizagem, ou paixão que não conhece fim…
Tais palavras o meu espírito lê, excitando e pressionando-me.
Belos sonhos e terror despertam prazer e medo.
Chamam-me? Vozes eu fico a ouvir.
Mandam-me partir? Tristemente eu trilhei o meu solitário caminho.
Águas, desejais a minha vida? Eu estou aqui, tomai-me!
Tradução – RDP – Maria de Nazaré Fonseca