Temporada de Concertos Antena 2
19 dezembro | 19h00
Auditório do
Instituto Superior de Economia e Gestão
Entrada gratuita
Cecília Rodrigues & David Santos
Cecília Rodrigues, soprano
David Santos, piano
Programa
I hate music! But I like to sing…
Francis Poulenc (1899-1963)
– Fiançailles pour rire (Louise de Vilmorin) 1939 – Namoros para rir
– La Dame d’André – A dama de André
– Dans l’herbe – Na erva
– Il vole – Ele está a voar/roubar
– Mon cadavre est doux comme un gant – O meu cadáver é macio como uma luva
– Violon – Violino
– Fleurs – Flores
Enrique Granados (1867-1916) – Canciones amatorias 1914/15 – Canções de amor
– Descúbrase el pensamiento de mi secreto cuidado (Comendador de Ávila) – Revele-se o pensamento do meu secreto cuidado
– Mañanica era (anónimo) – Era de manhãzinha
– Iban al pinar (Luis de Góngora) – Iam para o pinhal
– Mira que soy niña. ¡Amor, déjame! (anónimo) – Olha que sou menina, amor, deixa-me!
– Llorad, corazón, que tenéis razón (Luis de Góngora) – Chorai coração, que tendes razão
– No lloréis, ojuelos (Lope de Veja) – Não choreis, olhinhos
– Gracia mía (anónimo) – Graça minha
Leonard Bernstein (1918-1990) – I hate music! 1942 (Leonard Bernstein) – Odeio música!
A cycle of five kids songs for soprano
– My mother says – A minha mãe diz
– Jupiter has seven moons – Júpiter tem sete luas
– I hate music! – Odeio música!
– A big Indian and a little Indian – Um índio grande e um índio pequeno
– I just found out today – Acabo de descobrir hoje
Manuel Rosenthal (1904-2003) – do ciclo Chansons du Monsieur Bleu 1934 – Canções do Senhor Azul
(Nino – pseudónimo de Michel Veber, tradução portuguesa de Luís Rodrigues)
– Quat’e três sete!
– Gramática
– O velho camelo do Zoo
– Bobi, Bobi
I hate music! But I like to sing…
Este início do texto de uma das canções da coleção com o mesmo nome de Leonard Bernstein aponta para as duas vertentes contrastantes do programa: os ciclos de Francis Poulenc e Enrique Granados celebram o prazer de cantar sobre as arrebatadoras emoções ligadas a diferentes experiências amorosas, enquanto as peças de Bernstein e Manuel Rosenthal são, por outro lado, inspiradas pelo mundo infantil e marcadas por um caráter brincalhão, impulsivo e por vezes simplesmente “do contra“.
Fiançailles pour rire de Poulenc, ciclo baseado em poemas de influência surrealista de Louise de Vilmorin, é composto por imagens fragmentadas de histórias de amor voláteis e fugazes. Enquanto umas têm um caráter fortemente sensual, lúdico ou até desenfreado, outras estão imbuídas de um grande lirismo e melancolia, refletindo sobre a efemeridade de todas as emoções e da própria vida.
As Canciones amatorias de Granados, sobre poemas dos séculos XVI e XVII, combinam uma sumptuosidade romântica com um gesto musical por vezes arcaico e contemplativo, outras vezes caraterizado por ritmos leves e dançantes. Nelas encontramos Vénus tecendo uma coroa de rosas no seu jardim e exercendo o seu encanto sobre amantes enlevados e apaixonados, enquanto Cupido fere corações incautos com as suas setas.
O ciclo I hate music de Bernstein é o ponto de viragem deste programa, transportando-nos para o mundo interior de uma menina de 10 anos, as suas questões existenciais, a sua fértil imaginação e a sua necessidade de ser levada a sério pelos adultos à sua volta.
As Chansons du Monsieur Bleu de Rosenthal, concebidas como peças de cabaret para crianças, dão também a palavra aos mais pequenos, à sua forma de afirmarem uma vontade própria, ao modo criativo como lidam com tarefas escolares e ao seu fascínio pelos animais, descritos e comentados com muita graça…
Um recital repleto de personalidades fortes, emoções intensas e sentido de humor!
Transmissão direta
Apresentação: Pedro Ramos
Produção: Anabela Luís, Zulmira Holstein
Cecília Rodrigues | O soprano destaca-se pela versatilidade estilística do seu extenso repertório e pela elegância e intensidade das suas interpretações. É a vencedora do 1º Prémio e do Prémio do Público no Concurso de Interpretação do Estoril (2022), do 1º Prémio de Canto no Prémio Jovens Músicos/Antena 2/RTP (2017) e do 1º Prémio no Concurso Internacional de Almada (2015).
Em palcos como o Teatro Nacional de São Carlos, o Centro Cultural de Belém, o Auditório da Fundação Gulbenkian, o Centro Olga de Cadaval e o Operafest Lisboa desempenhou, entre outros, os papéis de Pamina (Die Zauberflöte), Rosina (Il Barbiere di Siviglia), Adina (L’elisir d’Amore), Zerlina (Don Giovanni), Servilia (La Clemenza di Tito), Stéphano (Roméo et Juliette), Ernestina (L’Ocasione fa il Ladro), Delia (Il Viaggio a Reims), Eurydice (Orphée aux Enfers), Ida (Die Fledermaus), Kuchtík (Rusalka), Monica (The Medium), Wife (The Labyrinth) e Geraldine (A Hand of Bridge).
O seu vasto repertório de oratória inclui Stabat Mater (Pergolesi), Magnificat, Weihnachts-Oratorium, Osteroratorium (Bach), Gloria (Vivaldi), Mattutino de’ Morti (Perez), Exultate Jubilate, Requiem, Missa em Dó menor e Missa da Coroação (Mozart), Stabat Mater (Boccherini), Missa em Lá e Missa em Sib (Francisco Sá Noronha), Lauda Sion, Hör mein Bitten e Te Deum (Mendelssohn), Oratorio de Nöel (Saint-Saëns), Requiem (Fauré), Ein deutsches Requiem (Brahms), Andliga Sanger (Söderman), Le Miroir de Jésus (Caplet), Missa Brevis (Kodály), Pie Jesu (Lili Boulanger), Requiem (Mansurian) e Magnificat em Talha Dourada (Carrapatoso). Em concerto sinfónico estreou Linhagem de Eurico Carrapatoso e apresentou-se com a 9ª Sinfonia de Beethoven.
Trabalhou sob a direção dos maestros Michael Corboz, João Paulo Santos, Lorenzo Viotti, Hannu Lintu, Leonardo García Alarcón, Sigiswald Kuijken, Nuno Coelho, Maxim Emelyanychev, Graeme Jenkins, Antonio Pirolli, Óliver Díaz, Nikolay Lalov e Paulo Lourenço.
Apresentou-se em recital na Fundação Calouste Gulbenkian, no Teatro Nacional de São Carlos, no Centro Cultural de Belém, no Festival Cistermúsica, no Palácio da Pena e no Festival Estoril Lisboa, nomeadamente com os pianistas David Santos e João Paulo Santos, interpretando obras do repertório alemão, inglês, francês e espanhol. Dedica especial atenção à canção portuguesa, incluindo compositores como Vianna da Motta, Luís de Freitas Branco, Fernando Lopes-Graça, Eurico Carrapatoso e Nuno Côrte-Real.
David Santos | O pianista apresenta-se internacionalmente em recitais com cantores e é Professor Honorário de Interpretação de Lied na Escola Superior de Música e Dança em Mannheim e Professor de Piano na Universidade das Artes (UdK) em Berlim (Alemanha).
Foi o primeiro pianista português a vencer grandes concursos internacionais de interpretação de Lied, tendo obtido em 2009 os primeiros prémios no 7º Concurso Internacional Schubert e a Música Moderna em Graz (Áustria) e no 1º Concurso Internacional Schubert para duos de Lied em Dortmund (Alemanha). Deve impulsos artísticos decisivos ao intenso trabalho desenvolvido com os pianistas Leonard Hokanson, Axel Bauni e Irwin Gage.
Tocou em importantes salas como a Konzerthaus e a Philharmonie de Berlim, os Teatros Estaduais de Kassel e Meiningen, o campus cultural de Singel em Antuérpia e a Tonhalle de Zurique, bem como em França, Espanha, Bélgica, Áustria, Grécia, Polónia e nos Estados Unidos, nomeadamente no conceituado Tanglewood Music Festival. Em Portugal atuou nos Teatros de S. Carlos, S. Luiz e Rivoli, no Centro Cultural de Belém e nos Festivais de Música do Estoril, Castelo Branco, Macau, InSpitirum, Capuchos e nos Serões Musicais no Palácio da Pena.
A sua discografia inclui o ciclo Winterreise de Franz Schubert com o barítono Luís Rodrigues (about music), canções de Schubert, Brahms, Schönberg e Busoni com o baixo-barítono Tomasz Wija (Thorofon) e os ciclos Op. 35, 36 e 40 de Robert Schumann com o barítono André Baleiro (Codax).
Foi professor de Interpretação de Lied na Escola Superior de Música Franz Liszt em Weimar (Alemanha) entre 2010 e 2019 e realizou masterclasses em Portugal, na Alemanha, no Brasil e na Finlândia. Tanto no seu trabalho artístico como pedagógico, dedica especial atenção à relação entre análise e interpretação musicais, bem como à apresentação de concertos através de moderações. Estas introduzem o público ao mundo musical e poético dos respetivos programas, criando assim uma maior abertura e recetividade para um repertório que chega do classicismo vienense até aos dias de hoje, numa grande variedade de idiomas, estilos e temáticas.