Temporada de Concertos Antena 2
20 fevereiro | 19h00
Auditório do
Museu Nacional de Arte Antiga
Entrada gratuita
Ningue Ningue
César Prata, guitarra, guitalele e voz
Maria Isabel Mendonça, violino e voz
Programa
No Paço e no Terreiro
D. Dinis / César Prata – Pera veer meu amigo
Pêro Garcia / César Prata – Maria Balteira
Tradicional / Maria Isabel Mendonça – Conde Nilo
Anónimo Séc. XVII – A la feria va Beliza
Anónimo Séc. XVI – Riu Riu Chiu
Afonso X / César Prata – Direi-vos eu de um rico homem
Anónimo Séc. XVII – Ya Nam Quero Ser Pastora
D. Dinis / César Prata – Mia madre velida
Tradicional / César Prata – Conde Claros em hábito de fraile
Anónimo Séc. XVII – Dexad al niño que llore
Anónimo Séc. XVI – Na fonte está Lianor
Anónimo Séc. XVII – Bullicioso entre las flores
D. Dinis / Maria Isabel Mendonça – Levantou-s’a velida
Anónimo Séc. XVI – Eu velida non dormia
No Paço e No Terreiro
com seleção e pesquisa de Maria Isabel Mendonça e César Prata
Música de compositores anónimos dos séculos XVI e XVII, César Prata, Maria Isabel Mendonça e tradicional.
Textos das canções de Anónimos dos sécs. XIII, XVI e XVII, D. Dinis, Afonso X e Pêro Garcia.
Este disco de Ningue Ningue versa sobre a composição, a adaptação e o arranjo de músicas e textos provenientes de cancioneiros dos séculos XIII a XVII, pressupondo as suas origens populares.
A música em línguas romance circulou na Península Ibérica e foi livremente transformada e adaptada a diversas circunstâncias, como rituais litúrgicos, teatros, festas e círculos aristocráticos.
Transmissão direta
Apresentação: Pedro Ramos
Produção: Anabela Luís, Zulmira Holstein
Ningue Ningue | Os músicos César Prata e Maria Isabel Mendonça editaram, em 2018, o seu primeiro videoclipe da composição original Fio, de César Prata, concebida para o espetáculo Labirinto (2018) – uma criação coletiva com encenação de Graeme Pulleyn. O videoclipe foi lançado em nome do projeto Ningue Ningue.
O primeiro disco – Ningue Ningue – só viria a ser editado em julho de 2020, na sequência de um período de reflexão e experimentação em torno de músicas e letras da nossa música de raiz. Além de Fio, as restantes composições evidenciam um trabalho de “desconstrução” do repertório de tradição oral, “procurando o ponto de encontro entre o som tradicional e a sua contemporaneidade” (Jornal de Letras, Artes e Ideias, n.º 1304, 2020). Ningue Ningue teve uma edição de autor, com uma tiragem de 300 exemplares. O desenho do disco foi concebido pelos próprios, preconizando uma abordagem ambientalista e culturalista transparecida na estética das fotografias e dos desenhos da aldeia de Maceira (Fornos de Algodres) registados por Maria Isabel Mendonça.
O segundo projeto discográfico de Ningue Ningue conciliou, de forma livre, o repertório da tradição oral e a música antiga em línguas romance. A sua conceção foi precedida por um trabalho de pesquisa e seleção musical que visa sustentar a afinidade, uma contaminação recíproca, entre as práticas musicais populares e as formas de composição musical erudita anteriores ao século XVIII. O disco intitulado No paço e no terreiro, editado em dezembro de 2022, reúne, assim, música de compositores anónimos dos séculos XVI e XVII, de César Prata, Maria Isabel Mendonça e tradicional e letras de anónimos dos séculos XIII, XVI e XVII, de Afonso X, Pêro Garcia e D. Dinis. O desenho do objeto discográfico foi desenvolvido pelos próprios autores. O produto final foi, novamente, lançado em edição própria que recebeu o apoio da Antena 2. Foi acolhido com relevo pela crítica, destacando-se, em particular, o programa de rádio Os Cantos da Casa, de Octávio Fonseca e Pedro Ramajal, onde No paço e no terreiro foi distinguido como um dos discos mais importantes de 2022, pela capacidade de “explorar os temas tendo por base a matriz sonora [de Ningue Ningue], sem se afastar do espírito original” da música antiga.
Recentemente, Ningue Ningue desenvolve um projeto designado De boca em boca, com o apoio do programa Arte e Coesão Territorial, lançado pela Direção Geral das Artes no verão de 2023. O programa proposto será desenvolvido ao longo de um ano e meio e tem como objetivo a valorização do legado oral, associado à vertente musical, através do seu estudo, integração na criação musical e divulgação junto das populações dos concelhos de Trancoso, Fornos de Algodres, Sernancelhe e Alfândega da Fé. O projeto visa, por fim, dar voz e palco às estruturas artísticas e comunidades da região em causa.
Maria Isabel Mendonça | Música, arquiteta e investigadora. É Mestre, desde 2017, pela FAUP. Realiza Doutoramento na mesma instituição sobre a construção da paisagem rural e a organização do povoamento na raia de Ribacôa (concelhos de Almeida, Pinhel, Sabugal e V.N. Foz Côa). É investigadora integrada do grupo Arquitetura: Teoria, Projeto, História do CEAU-FAUP. É licenciada em Instrumento – Ramo Piano e Teclas pela ESMAE-IPP.
Na área da música, criou, dirigiu e executou (violino, piano e/ou voz) em diversos espetáculos. É membro da direção artística do Festival de Piano da Serra da Estrela. É pianista acompanhadora na EPSE (Seia) e no Conservatório de Música de Seia e docente da disciplina de Voz do Curso Básico de Teatro desta última instituição.
Em 2017, fundou o projeto de música de câmara Re:Flexus Trio – uma formação constituída também pela clarinetista Ana Sofia Matos e pela violetista Mariana Morais. Integrou, com Re:Flexus Trio, o ciclo de música de câmara “Anúncios da Primavera” (2019), do Centro de Artes e Espetáculos de Sever de Vouga, comentado pelo musicólogo Jorge Castro Ribeiro, a temporada de Concertos Antena 2 (2021), o Festival de Música da Primavera de Viseu (2022), o Festival COMA de Madrid (2023).
No âmbito da música tradicional, interpretou e dirigiu espetáculos com o Rancho Folclórico de Paranhos da Beira (Seia) e a Tuna de Figueiredo (Seia). É observadora do Conselho Técnico Regional da Beira Alta Serrana da Federação do Folclore Português, desde março de 2023.
Colaborou, entre 2018 e 2019, com o Teatro do Calafrio na interpretação musical de visitas encenadas a Castelo Mendo e Almeida, encenadas, respetivamente, por Américo Rodrigues e Luciano Amarelo. Foi co-criadora e intérprete no espetáculo de teatro de rua Labirinto (Teatrão, 2018) e na peça para público infanto-juvenil Teias & Odisseias (Cem Palcos, 2023), encenados por Graeme Pulleyn. Com o projeto Ningue Ningue, partilhado com o multinstrumentista César Prata, editou os discos Ningue Ningue (2020) e No Paço e no Terreiro (2022).
César Prata | Fundou e dirigiu diversas associações culturais e trabalhou com inúmeras coletividades no âmbito da recolha do património imaterial. Criou e dirigiu diversos espetáculos. Orientou oficinas de formação na área da música: instrumentos tradicionais, cultura popular e informática musical.
O seu nome encontra-se ligado a inúmeros discos, quer como compositor, arranjador, criador, intérprete ou técnico dos quais se destacam Chuchurumel, Assobio, Chukas (encomenda do IGESPAR para o Parque Arqueológico do Vale do Côa), Ai! e Cantos de cego da Galiza e Portugal (edição de aCentral Folque, Santiago de Compostela, 2016).
Publicou cadernos sobre tradição oral. Criou e assegurou a direção musical de espetáculos. Compôs para teatro e cinema. Integrou o GEFAC. Fundou os projetos Chuchurumel, Assobio e Ai!. Participou em festivais internacionais, dos quais se destacam “Canti di Passione” (Salento, Itália, Abril de 2007), “Ahoje é ahoje!” (Maputo, Moçambique, Agosto de 2008). Integrado na coleção “a IELTsar se vai ao longe” do IELT (Instituto de Estudos de Literatura Tradicional da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa) editou, em Dezembro de 2010, Canções de cordel. Em julho de 2016 co-produziu, juntamente com o Município de Trancoso, a primeira edição do festival ‘Música no Castelo’.
Em março de 2018 apresentou o disco Cantos da Quaresma, em parceria com Sara Vidal e numa edição Sons Vadios. Dois dos temas foram selecionados pela Antena 2 para representar Portugal na coletânea europeia “Folk Eurorádio de Primavera” (2018).
Dirigiu o projeto de recolha e edição Ti Maria — Cancioneiro de Videmonte. Em julho de 2019 apresentou Rezas, benzeduras e outras cantigas, em parceria com Vânia Couto e numa edição Sons Vadios. Em novembro de 2019 aCentral Folque de Santiago de Compostela editou o seu disco do Natal aos Reis — cantos da Galiza e Portugal, em parceria com Ariel Ninas e Catarina Moura. Por indicação da Antena 2, dois temas foram incluídos no projeto de Natal e Ano Novo da União Europeia de Radiodifusão. Em dezembro de 2022 editou o seu disco mais recente: Ningue Ningue — No paço e no terreiro, um disco apoiado pela Antena 2.
Fotos Jorge Carmona / Antena 2