Abdulrazak Gurnah esteve recentemente em Portugal para lançar Gente da Casa, o seu novo romance que terminou após ter sido distinguido com Prémio Nobel da Literatura. Aquando da atribuição da maior distinção literária do mundo em 2021 ao escritor tanzaniano, foi considerado pela Academia Sueca “um dos autores pós-coloniais mais proeminentes do mundo”.
18 dezembro | 22h00
Em A Ronda da Noite
Luís Caetano conversou com Abdulrazak Gurnah sobre este último livro, marcado pela ternura e pelo amor, mas também acerca do abandono e do acolhimento, do egoísmo e da generosidade, onde nos mostra uma África de dentro para fora.
Uma conversa na qual Gurnah fala do seu percurso de vida, desde a década de 60 quando deixou Zanzibar, com apenas 18 anos, num caminho que o levou a Inglaterra, e onde se tornou um nome de referência na academia e na escrita, e também onde conheceu também um racismo latente, que partia muitas vezes da insensibilidade humana. Nesta conversa ainda reflete sobre o populismo de incompetentes como Trump e Farage, de como o turismo em Zanzibar assenta na corrupção política mas como toda a gente acaba por beneficial alguma coisa dele, da memória dos portugueses que anda hoje lá perdura (quase nada) e conta-nos uma das histórias que mais o encantavam na infância: a do macaco e do tubarão.

Abdulrazak Gurnah nasceu em 1948 em Zanzibar, região insular da Tanzânia. Na década de 1960, abandonou o seu país, então a braços com uma revolução, e rumou ao Reino Unido. Foi professor de Literatura Inglesa na Universidade de Kent em Canterbury, onde vive atualmente. A sua obra versa sobre a experiência africana, o colonialismo e o refugiado, e nela se destacam os romances Paraíso (1994), finalista do Booker Prize e do Whitbread Award; Junto ao Mar (2001), nomeado para o Booker Prize e finalista do Los Angeles Times Book Award; O Desertor (2005), finalista do Commonwealth Writers’ Prize; e Vidas Seguintes (2020), finalista do Orwell Prize for Political Writing 2021 e nomeado para o Walter Scott Prize 2021, todos eles publicados pela Cavalo de Ferro. Gurnah recebeu o Prémio Nobel de Literatura 2021 “pela forma determinada e humana com que aborda e aprofunda as consequências do colonialismo e o destino do refugiado no fosso entre culturas e continentes”. Gente da Casa (2025) é o seu mais recente romance.
Fotos Jorge Carmona / RTP-Antena 2