Um dos mais importantes títulos da imprensa periódica portuguesa, Seara Nova – revista de doutrina e crítica celebra o seu centenário. A 15 de Outubro de 1921 era publicado o 1º número de um dos expoentes na defesa do pensamento crítico, da liberdade e da democracia, do século XX português.
Seara Nova | 1921-2021
15 Outubro – Uma data centenária em revista
A abrir o seu primeiro número, o grupo fundador da revista afirmava a sua tendência republicana, o seu propósito de intervenção e o seu espírito internacionalista, numa declaração de princípios em que se pode ler:
Pretende: Renovar a mentalidade da elite portuguesa, tornando-a capaz dum verdadeiro movimento de salvação;
Criar uma opinião pública nacional que exija e apoie as reformas necessárias;
Defender os interesses supremos da nação, opondo-se ao espírito de rapina das oligarquias dominantes e ao egoísmo dos grupos, classes e partidos;
Protestar contra todos os movimentos revolucionários e todavia defender e definir a grande causa da verdadeira Revolução;
Contribuir para formar, acima das Pátrias, a união de todas as Pátrias – uma consciência internacional bastante forte para não permitir novas lutas fratricidas.
O grupo fundador de Seara Nova, Aquilino Ribeiro, Augusto Casimiro, Azeredo Perdigão, Câmara Reys, Faria de Vasconcelos, Ferreira de Macedo, Francisco António Correia, Jaime Cortesão, Raul Brandão, declarava, pela mão de Raúl Proença, que este novo projeto "representa o esforço de alguns intelectuais, alheados dos partidos políticos mas não da vida politica, para que se erga, acima do miserável circo onde se debatem os interesses inconfessáveis das clientelas e das oligarquias plutocráticas, uma atmosfera mais pura em que se faça ouvir o protesto das mais altivas consciências, e em que se formulem e imponham, por uma propaganda larga e profunda, as reformas necessárias à vida nacional”.
Da esquerda para a direita, de pé: Horácio Biu, pároco de Coimbrão (não fundador da Revista), Faria de Vasconcelos, Raul Proença e Câmara Reis; sentados: Jaime Cortesão, Aquilino Ribeiro e Raul Brandão.
Se é certo que a revista nasce numa época conturbada, o seu percurso foi igualmente complexo, em particular durante os 48 anos de ditadura, mas também bastante heterogéneo, dadas as múltiplas personalidades do pensamento, da política e da cidadania, da cultura e das artes que nela participaram.
Às figuras inaugurais, juntam-se-lhes desde logo nomes como o de António Sérgio, Rodrigues Miguéis, Adolfo Casais Monteiro, Irene Lisboa, João Pedro de Andrade, José Bacelar, Santana Dionísio, Emílio Costa, Roberto Nobre, que vão ter um papel fundamental na revista. Ao longo das décadas, mais de três mil autores colaboram, com maior ou menor empenho, na construção da história intelectual e cultural portuguesa pelas páginas da revista seareira, edificando um dos maiores acervos da Cultura Portuguesa do século XX.
A Empresa de Publicidade Seara Nova, foi também uma editora que publicou mais de 600 títulos de livros e de cadernos sobre as mais variadas áreas do conhecimento.
A Antena 2 evoca esta efeméride com
– Entrevista de
Luís Crespo de Andrade, responsável pelo Seminário Livre da História das Ideias, do CHAM da Universidade Nova de Lisboa, em
Império dos Sentidos (a partir de 2h28m), para
ouvir aqui.
– Rubrica
Há 100 anos, de Silvia Alves e Ricardo Saló. Para ouvir,
clicar aqui.
Na RTP 2, documentário "15 de Outubro de 1921: Há 100 anos, a Seara Nova", de Diana Andringa.
De uma vasta programação das
Comemorações do Centenário,
Seara Nova – 100 anos de Acção e Pensamento Crítico decorrem entre Maio de 2021 até Outubro de 2022. Destas já decorreram relevantes iniciativas como os Colóquios na Fundação Mário Soares e Maria Barroso (7, 8 e 9 de Junho), "Os seareiros" na Fundação Gulbenkian (12 de Outubro), em Vila Nova de Famalicão.
Outros eventos fazem ainda parte desta programação, entre os quais:
– Colóquio no Museu do Aljube A Seara no Aljube, nos dias 19, 20 e 21 de Outubro de 2021
– Exposição Itinerante que irá percorrer o país de Norte a Sul, com início em Lisboa, na Biblioteca Municipal de Alcântara, de 15 de Setembro a 30 de Outubro de 2021. As restantes localidades e datas são divulgadas oportunamente.
– Exposição na Biblioteca Nacional de Portugal, de 15 de Setembro a 31 de Dezembro de 2021
– Exposição no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, entre 20 de Outubro de 2021 e 20 de Janeiro de 2022
– Mostra Bibliográfica na Hemeroteca Municipal, de 1 de Setembro a 31 de Dezembro de 2021
– Conferência de Encerramento das Comemorações, na Biblioteca Nacional de Portugal, no dia 15 de Outubro de 2022.