O primeiro álbum de Paulo Tato Marinho, Gaitas de Fole em Portugal, recentemente lançado, foi apresentado pelo autor no programa Raízes, de Inês Almeida, numa conversa que pode ser escutada aqui.
Gaitas de Fole em Portugal é um álbum dedicado maioritariamente ao reportório tradicional português para este instrumento que também incluí originais de vários compositores. Os diversos tipos de gaitas de fole são acompanhados por instrumentos de percussão mas também por flautas, voz, viola braguesas entre outros.
Com quase uma hora de música, compreende 39 temas em 15 faixas, entre as quais, “Caminhadas” – que pode ouvir aqui -, ou “Tiêrras de Miranda”:
Gaita de fole é o nome usado em português para denominar um conjunto de instrumentos musicais de sopro e de palheta que têm em comum a capacidade de emitir som contínuo através de um depósito flexível de ar. A sua variedade é enorme quanto às características morfológicas e musicais, correspondendo a diferentes origens geográficas e históricas.“Gaita”, palavra de origem incerta (germânica, latina, berbere, árabe, gaélica ou outra) é também usada para informalmente designar outros instrumentos de sopro antigos e actuais como flautas, charamelas, harmónica, clarinete, etc. “Fole”, sinónimo de saco ou bolsa, denomina o depósito flexível de ar. “Sanfonina”, “odrecilho”, “cornamusa”, “gaita”, “gaita-de-foles”, “gaita de fole” e “samponha” são alguns dos nomes que, desde o séc. XIII, se referem a diferentes tipos de gaitas de fole em Portugal.
É abundante a iconografia e documentos escritos que atestam o uso considerável do instrumento ao longo dos séculos; em 1846 um anónimo escreveu: «instrumento Gaita de Foles: os camponeses usam delle frequentes veses, nas romarias, nos casamentos, nos arraiaes, etc..» A partir do séc. XX surgem numerosas gravação sonoras.
A prática da gaita-de-fole em Portugal é ancestral e o património imaterial musical associado a este instrumento é transversal à história da música portuguesa, conforme se pode constatar nos múltiplos registos existentes, inclusive nas ex-colónias.
Foi com o objetivo de perpetuar este património que a Associação Portuguesa para o Estudo e Divulgação da Gaita-de-Foles, reuniu no Cancioneiro de Gaita-de-foles, um conjunto de cem temas da tradição gaiteira.
Na edição deste primeiro volume, coordenado por Gustavo Portela, transcreveram-se temas que são representativos de uma cultura muito viva que chegou até nós pelas mãos de gaiteiros de norte a sul do país. Para este projeto de salvaguarda e preservação deste património imaterial foram convidados dez gaiteiros, aos quais foram pedidos, a cada um, dez temas de áreas territoriais em que a tradição gaiteira está mais ativa: Ana Pereira, António Freire, Francisco Pimenta, Henrique Fernandes, João Tiago Morais, Napoleão Ribeiro, Nuno Dias, Paulo Tato Marinho, Ricardo Coelho e Ricardo Brás dos Santos.
Paulo Tato Marinho nasceu em Lisboa, em 1964. Dedica-se às gaitas de fole como instrumentista, professor, investigador, divulgador, compositor e construtor. Começou a tocar gaita de fole em 1982.
O seu gosto pelo instrumento nasceu no Alto Minho onde passava férias na aldeia de sua família paterna, São Pedro da Torre – Valença. Nesta zona, e abrangendo a Galiza, viu e ouviu zés pereiras e gaiteiros galegos criando desde cedo um fascínio pela gaita de fole.
Em 1983 integrou o grupo musical “Sétima Legião” e no ano seguinte o grupo de danças e cantares Anaquiños da Terra da Xuventude da Galiza – Centro Galego de Lisboa. Em 1992 foi um dos fundadores do grupo musical “Gaiteiros de Lisboa”. Em 1999 foi um dos fundadores da “APEDGF – Associação Portuguesa para o Estudo e Divulgação da Gaita de Foles”. Tem participado e colaborado em espectáculos e discos com vários projectos musicais.