Temporada Gulbenkian Música
6 dezembro | 19h00
Grande Auditório
da Fundação Calouste Gulbenkian
A Sagração da Primavera
Marisol Montalvo, soprano
Joonas Ahonen, piano
Orquestra Gulbenkian
Direção de Hannu Lintu
Programa
Luigi Nono – Como una ola de fuerza y luz
Igor Stravinsky – A Sagração da Primavera
Primeira Parte: A adoração da Terra
Introdução
Augúrios primaveris – Dança das adolescentes
Ritual da abdução
Os círculos da primavera
Ritual das aldeias rivais
Cortejo do Sábio
Adoração da terra (O Sábio)
Dança da Terra
Segunda parte: O sacrifício
Introdução
Círculos místicos das adolescentes
Glorificação da eleita
Evocação dos antepassados
Ação ritual dos antepassados
Dança sacrificial (A eleita)
O compositor italiano Luigi Nono associou à sua obra uma notória dimensão política, com referências à revolução argelina, a Auschwitz ou às sublevações que tiveram lugar no Vietname, em Cuba e em países da América do Sul. Essas peças, criadas a partir de um filtro político, tiveram o seu momento final em Como una ola de fuerza y luz, escrita em resposta à morte de Luciano Cruz, líder da esquerda revolucionária chilena.
Neste programa, dirigido por Hannu Lintu, a música de Nono introduz A Sagração da Primavera de Stravinsky, uma obra estética e musicalmente revolucionária.
Transmissão direta
Apresentação: Pedro Ramos
Produção: Alexandra Louro de Almeida, Reinaldo Francisco
Marisol Montalvo | Dotada de uma voz extraordinariamente flexível, a soprano americana é uma das mais solicitadas intérpretes de música do século XX e contemporânea. Para além de colaborar com grandes orquestras e maestros de renome mundial, teve o privilégio de trabalhar com muitos dos principais compositores contemporâneos, incluindo Matthias Pintscher, Olga Neuwirth e Wolfgang Rihm. Alguns compuseram peças e personagens especialmente para ela, incluindo Peter Eötvos (Sierva Maria, em Love and Other Demons), Pascal Dusapin (Prothoe, em Penthesilea) e Marco Stroppa (Olbia em Re Orso). A sua afinidade com a música contemporânea proporcionou também colaborações regulares com o Klangforum Wien, o Ensemble Intercontemporain, o International Contemporary Ensemble, o Remix Ensemble e o Ensemble Modern.
Embora tenha alcançado sucesso num vasto repertório operático, Montalvo está particularmente associada ao papel principal de Lulu, de Alban Berg. Após a sua estreia na Ópera Nacional de Paris, o Le Monde descreveu a sua atuação como uma “verdadeira revelação”. Posteriormente, Lulu tornou-se a peça central do seu trabalho teatral; apresentou-a na Deutsche Oper Berlin, no Théâtre du Capitole de Toulouse, no Teatro de la Maestranza, no Theater an der Wien, na Komische Oper Berlin e no Theater Basel, entre outros palcos.
Montalvo desenvolve uma relação de trabalho particularmente próxima com o maestro Christoph Eschenbach, que tem sido seu mentor e parceiro regular de concertos. Desde a estreia no Carnegie Hall, com a Orquestra de Filadélfia, convidou-a para trabalhar com ele e com orquestras como a Filarmónica de Viena, a Sinfónica de Houston, a Filarmónica de Londres, a Filarmónica de Munique ou a Orquestra de Paris. Mais recentemente, Montalvo interpretou o papel de Sophie, numa versão de concerto de O Cavaleiro da Rosa, com Eschenbach e a National Symphony Orchestra, no Kennedy Center de Washington DC.
Trabalhou também com maestros como Daniel Harding, Vladimir Jurowski, Christopher Hogwood, Yuri Temirkanov, Bernhard Kontarsky, Sylvain Camberling, Sussana Mälkki, Lothar Zagrosek ou Sir Neville Marriner, e com a Orquestra de Cleveland, a Filarmónica de Los Angeles, a Sinfónica de São Francisco, a Filarmónica de São Petersburgo, a Deutsches Symphonie-Orchester Berlin, a Sinfónica SWR, a Sinfónica da Rádio de Viena, a Sinfónica da Rádio Finlandesa e a Sinfónica de Bamberga, entre outras. Apresentou-se na Ópera de Zurique, no Festival de Bregenz, no Gran Teatro del Liceu de Barcelona, no Festival de Baden-Baden, no Teatro Real de Madrid, no Festival de Ópera de Glyndebourne, no Théâtre du Châtelet, no Grande Teatro de Genebra, na Ópera de Monte Carlo, na Ópera Nacional da Lituânia, na Ópera Nacional Polaca e na Opéra-Comique, entre outros prestigiados palcos.
Joonas Ahonen | O repertório do pianista finlandês estende-se da música para tecla do século XVIII até estreias de obras contemporâneas. Como membro do Klangforum Wien, durante doze anos, colaborou com compositores no ativo, incluindo Tristan Murail e Beat Furrer.
Destaques de atuações recentes incluem o Concerto para Piano de Unsuk Chin, com a Sinfonietta de Basileia, a estreia mundial do Concerto para Piano de Bernhard Gander, em Estugarda, o Concerto para Piano de Philipp Maintz, com Marin Alsop e a Sinfónica da Rádio de Viena, a Sonata de Ives Concord, no Teatro Colón de Buenos Aires, e Makrokosmos de George Crumb, no Festival de Salzburgo. Com a violinista Patricia Kopatchinskaja, apresentou-se no Teatro alla Scala de Milão, no Konzerthaus de Viena, no Toppan Hall de Tóquio, e no Festival Menuhin de Gstaad. O álbum do duo, Le monde selon George Antheil, (Alpha Classics, 2022), foi caracterizado na Gramophone com um ”milagre”.
A discografia de Joonas Ahonen inclui também o Concerto para Piano de Ligeti, uma integral das Sonatas para Piano de Charles Ives, as Variações Diabelli de Beethoven (num pianoforte de 1838) e um disco de primeiras gravações mundiais com o violinista Pekka Kuusisto. Tocou Morton Feldman num celeiro escuro na Finlândia, partiu um violino como parte de One for Violin Solo de Nam June Paik e participou numa digressão europeia de Achterland, de Anne Teresa De Keersmaeker, com o projeto de dança Rosas. Desde 2023, é professor de piano na Universidade de Música e Dança de Colónia.
Hannu Lintu | O maestro finlandês é o atual Maestro Titular da Orquestra Gulbenkian. Em paralelo, prossegue o seu trajeto como Maestro Principal da Ópera e Ballet Nacionais da Finlândia. Estas responsabilidades surgiram na sequência dos grandes sucessos obtidos na direção da Orquestra Gulbenkian, bem como na liderança de produções com a Ópera e Ballet Nacionais da Finlândia. Na temporada 2023/24, foi anunciada uma futura parceria artística com a Orquestra Sinfónica de Lahti, com início no outono de 2025.
Os compromissos do maestro em 2024/25 incluem a sua estreia no Festival de Bergenz (Oedipe de Enesco), bem como regressos à Sinfónica de Chicago, à Sinfónica da BBC, à Sinfónica da Rádio Finlandesa, à Filarmónica de Londres, à Sinfónica de St. Louis e à Sinfónica de Oregon.
Nos últimos anos dirigiu, entre outras orquestras, a Filarmónica de Nova Iorque, a Filarmónica de Berlim, a Orquestra de Cleveland, a Sinfónica da Rádio da Baviera, a Orquestra Nacional da Radio France, a Sinfónica de Boston, a Sinfónica da Rádio Sueca, a Deutsches Symphonie-Orchester Berlin, a Radio Filharmonisch Orkest, a Sinfónica de Atlanta, a Orquestra do Konzerthaus de Berlim, a Orquestra de Câmara de Lausanne e a Sinfónica de Montreal, bem como solistas como Gil Shaham, Kirill Gerstein, Daniil Trifonov ou Sergei Babayan.
Para além das grandes obras sinfónicas, dirige regularmente repertório de ópera. Neste domínio, os destaques recentes incluem O Navio Fantasma de Wagner, na Ópera de Paris, e Pelléas et Mélisande de Debussy, na Ópera Estadual da Baviera, bem como várias produções para a Ópera e Ballet Nacionais da Finlândia, incluindo o ciclo O Anel do Nibelungo de Wagner, Dialogues des Carmélites de Poulenc, Don Giovanni de Mozart, Turandot de Puccini, Salome de R. Strauss, Billy Budd de Britten, e uma versão coreografada da Messa da Requiem de Verdi.
Hannu Lintu gravou para as editoras Ondine, Bis, Naxos, Avie e Hyperion. Recebeu vários prémios, incluindo dois ICMA para os Concertos para Violino de Béla Bartók, com Christian Tetzlaff, e para a gravação de obras de Sibelius, com Anne Sofie von Otter. Estas duas gravações, bem como Kaivos, de E. Rautavaara e os Concertos para Violino de Sibelius e de T. Adès, com Augustin Hadelich e a Royal Liverpool Orchestra, foram nomeados para os prémios Gramophone e Grammy.
Hannu Lintu estudou violoncelo e piano na Academia Sibelius, em Helsínquia, instituição onde mais tarde se formou em direção de orquestra com Jorma Panula. Estudou também com Myung-Whun Chung na Accademia Musicale Chigiana, em Siena. Em 1994 venceu o Concurso Nórdico de Direção de Orquestra, em Bergen.
Orquestra Gulbenkian | Em 1962 a Fundação Calouste Gulbenkian decidiu estabelecer um agrupamento orquestral permanente. No início constituído apenas por doze elementos, foi originalmente designado por Orquestra de Câmara Gulbenkian. Ao longo de mais de cinquenta anos de atividade, a Orquestra Gulbenkian (denominação adotada desde 1971) foi sendo progressivamente alargada, contando hoje com um efetivo de sessenta instrumentistas que pode ser pontualmente expandido de acordo com as exigências de cada programa de concerto. Esta constituição permite à Orquestra Gulbenkian interpretar um amplo repertório que se estende do Barroco até à música contemporânea. Obras pertencentes ao repertório corrente das grandes formações sinfónicas tradicionais, nomeadamente a produção orquestral de Haydn, Mozart, Beethoven, Schubert, Mendelssohn ou Schumann, podem ser dadas pela Orquestra Gulbenkian em versões mais próximas dos efetivos orquestrais para que foram originalmente concebidas, no que respeita ao equilíbrio da respetiva arquitetura sonora.
Em cada temporada, a Orquestra Gulbenkian realiza uma série regular de concertos no Grande Auditório Gulbenkian, em Lisboa, em cujo âmbito tem tido ocasião de colaborar com alguns dos maiores nomes do mundo da música, nomeadamente maestros e solistas. Atua também com regularidade noutros palcos em diversas localidades do país, cumprindo desta forma uma significativa função descentralizadora. No plano internacional, por sua vez, a Orquestra Gulbenkian foi ampliando gradualmente a sua atividade, tendo até agora efetuado digressões na Europa, na Ásia, em África e nas Américas.
No plano discográfico, o nome da Orquestra Gulbenkian encontra-se associado às editoras Philips, Deutsche Grammophon, Hyperion, Teldec, Erato, Adès, Nimbus, Lyrinx, Naïve e Pentatone, entre outras, tendo esta sua atividade sido distinguida, desde muito cedo, com diversos prémios internacionais de grande prestígio.
Fotos Jorge Carmona / Antena 2