5 Dezembro 21h00
Grande Auditório
Realização e Apresentação: Reinaldo Francisco
Produção: Alexandra Louro de Almeida / Cristina do Carmo / Zulmira Holstein
Gravação pela Antena 2/RTP
no Grande Auditório da
Fundação Gulbenkian, Lisboa.
a 26 de Setembro de 2019
Bertrand Chamayou
Ciclo Oriente – Ocidente
Bertrand Chamayou, piano
Orquestra Gulbenkian
Nuno Coelho, direcção
Orquestra Gulbenkian
Nuno Coelho, direcção
Programa
Wolfgang Amadeus Mozart – Sinfonia nº33 em si bemol maior, K.319
Benjamin Attahir – Al Fajr, para piano e orquestra*Wolfgang Amadeus Mozart – Concerto para piano e orquestra nº22 em mi bemol maior, K.482
Benjamin Attahir – Al Fajr, para piano e orquestra*Wolfgang Amadeus Mozart – Concerto para piano e orquestra nº22 em mi bemol maior, K.482
*Estreia em Portugal
Para consultar o programa de sala, clicar aqui.
Oriente – Ocidente
Este ciclo de oito concertos abre o seu espaço à interação com as ricas culturas musicais do oriente. Desde sempre, a itinerância tem caracterizado a vida e a atividade dos músicos, deixando estes uma marca da sua tradição quando transportam a sua própria cultura para um contexto diferente. Os oito concertos revelam várias formas de interação entre culturas. O programa de Jordi Savall percorre o ousado trajeto de São Francisco Xavier, de Portugal até ao Japão, no século XVI. Benjamin Attahir demonstra como um jovem compositor contemporâneo pode utilizar elementos da música ocidental e do médio oriente para criar uma nova linguagem musical. A música arménia está naturalmente presente no ano em que se comemoram os 150 anos do nascimento de Calouste Sarkis Gulbenkian.
Este ciclo de oito concertos abre o seu espaço à interação com as ricas culturas musicais do oriente. Desde sempre, a itinerância tem caracterizado a vida e a atividade dos músicos, deixando estes uma marca da sua tradição quando transportam a sua própria cultura para um contexto diferente. Os oito concertos revelam várias formas de interação entre culturas. O programa de Jordi Savall percorre o ousado trajeto de São Francisco Xavier, de Portugal até ao Japão, no século XVI. Benjamin Attahir demonstra como um jovem compositor contemporâneo pode utilizar elementos da música ocidental e do médio oriente para criar uma nova linguagem musical. A música arménia está naturalmente presente no ano em que se comemoram os 150 anos do nascimento de Calouste Sarkis Gulbenkian.
Benjamin Attahir | Compositor em Residência Gulbenkian Música 2019
Pouco depois de ter começado a estudar canto coral e violino no Conservatório de Toulouse, Benjamin Attahir descobriu muito cedo a sua paixão pela composição: “Tive a oportunidade de integrar a formação do coro infantil do Teatro do Capitólio de Toulouse. Ainda muito jovem, envolvi-me com o mundo da cena, da ópera e da orquestra e, a partir dos 13 anos, tudo isso me impulsionou a compor”, disse em entrevista.
Foi aluno de François Zygel e de Édith Canat de Chizy no Conservatório Regional de Paris e posteriormente viria a ter como mestres Marc-André Dalbavie e Gérard Pesson, tendo efetuado estudos superiores de composição, análise, orquestração e direção de orquestra no Conservatório Nacional Superior de Paris. Em 2011, 2012 e 2013 trabalhou com Pierre Boulez na Academia do Festival de Lucerna, no quadro de um programa de formação em composição para orquestra dirigido a jovens compositores.
Depois de uma primeira encomenda da Radio France, em 2009, outros convites surgiriam, bem como a conquista de importantes prémios de composição como o prémio do concurso USA IHC de Bloomington (2013), o Prémio Salabert da SACEM (2016) e dois prémios da Académie des Beaux-Arts (2014 e 2016). Aos 26 anos foi premiado no Concurso Internacional de Harpa dos E.U.A. com a peça De l’obscurité II, para harpa solo (2012). O Concurso Internacional Boulogne Billancourt atribuiu-lhe o 1º prémio pela peça para cravo La Capricieuse (2014). Em 2012 e 2015 estreou e dirigiu as suas duas primeiras óperas, definindo o domínio cénico como a coluna vertebral da sua escrita musical.
Filho de mãe libanesa, pintora e antiga aluna de belas-artes em Beirute, Attahir situa o foco da sua inspiração a meio-caminho entre Oriente e Ocidente. Segundo as palavras do compositor: “…graças à diversidade de influências que se cruzam nas minhas origens e nos locais onde vivi, sinto-me no centro de uma encruzilhada entre pessoas e crenças. Da mesma forma,
a minha música pode também ser um ponto de encontro de culturas (Ocidental e Oriental), bem como de religiões.”
A peça Al Fajr, que significa “A Alvorada” em árabe, foi escrita para a Boulez Saal de Berlim, a convite da Fundação Daniel Barenboim. É também a primeira parte de um ciclo simbolicamente baseado nos horários de Salah, as orações do dia muçulmano. O ciclo é composto pelas seguintes composições: Al Fajr, para piano e orquestra; Adh Dhohr, para serpentão e orquestra, Al ‘Asr, para quarteto de cordas; Al Maghrib, para violino e orquestra e Al ‘Icha, para grande orquestra.
Al Fajr é inspirada no primeiro momento de oração do dia, o apelo e canto matinal que, progressivamente, desperta a cidade adormecida. Attahir faz uma interpretação poética e musical muito pessoal deste momento: “O canto declamatório, enunciado no piano, vai aos poucos convidando o conjunto orquestral a segui-lo e a juntar-se-lhe. A composição da orquestra é igual à utilizada por Mozart no seu Concerto para Piano e Orquestra nº 22, em Mi bemol maior.”.
Ainda segundo o autor, “a trajetória global da peça é portanto concebida em função do seguinte modelo: polifónico > responsorial > heterofónico > homofónico. Conclui-se num episódio fora do tempo, como uma elevação
dirigida ao imaterial, ao espiritual. Este final não é mais do que o início de uma outra peça, Adh Dhohr (oração do meio-dia). Al Fajr está construída sobre alguns elementos musicais extremamente simples e concisos, o que me permitiu criar um mundo que, embora fechado, evolui permanentemente. O ouvinte poderá reconhecer com muita facilidade um motivo tirado do folclore hebraico da Europa de Leste, um carrilhão de inspiração gregoriana, um acorde obsessivo e omnipresente, uma progressão rítmica encantatória (como uma escanção ao longe, no horizonte), bem como um motivo giratório de caráter imaterial, mas contudo obsidiante. Tudo isto enquadrado no espectro de uma estética inspirada pela monodia ornamentada do médio-oriente, muito melódica e que mergulha as suas raízes numa vocalidade original.”
miguel martins ribeiro
Depois de uma primeira encomenda da Radio France, em 2009, outros convites surgiriam, bem como a conquista de importantes prémios de composição como o prémio do concurso USA IHC de Bloomington (2013), o Prémio Salabert da SACEM (2016) e dois prémios da Académie des Beaux-Arts (2014 e 2016). Aos 26 anos foi premiado no Concurso Internacional de Harpa dos E.U.A. com a peça De l’obscurité II, para harpa solo (2012). O Concurso Internacional Boulogne Billancourt atribuiu-lhe o 1º prémio pela peça para cravo La Capricieuse (2014). Em 2012 e 2015 estreou e dirigiu as suas duas primeiras óperas, definindo o domínio cénico como a coluna vertebral da sua escrita musical.
Filho de mãe libanesa, pintora e antiga aluna de belas-artes em Beirute, Attahir situa o foco da sua inspiração a meio-caminho entre Oriente e Ocidente. Segundo as palavras do compositor: “…graças à diversidade de influências que se cruzam nas minhas origens e nos locais onde vivi, sinto-me no centro de uma encruzilhada entre pessoas e crenças. Da mesma forma,
a minha música pode também ser um ponto de encontro de culturas (Ocidental e Oriental), bem como de religiões.”
A peça Al Fajr, que significa “A Alvorada” em árabe, foi escrita para a Boulez Saal de Berlim, a convite da Fundação Daniel Barenboim. É também a primeira parte de um ciclo simbolicamente baseado nos horários de Salah, as orações do dia muçulmano. O ciclo é composto pelas seguintes composições: Al Fajr, para piano e orquestra; Adh Dhohr, para serpentão e orquestra, Al ‘Asr, para quarteto de cordas; Al Maghrib, para violino e orquestra e Al ‘Icha, para grande orquestra.
Al Fajr é inspirada no primeiro momento de oração do dia, o apelo e canto matinal que, progressivamente, desperta a cidade adormecida. Attahir faz uma interpretação poética e musical muito pessoal deste momento: “O canto declamatório, enunciado no piano, vai aos poucos convidando o conjunto orquestral a segui-lo e a juntar-se-lhe. A composição da orquestra é igual à utilizada por Mozart no seu Concerto para Piano e Orquestra nº 22, em Mi bemol maior.”.
Ainda segundo o autor, “a trajetória global da peça é portanto concebida em função do seguinte modelo: polifónico > responsorial > heterofónico > homofónico. Conclui-se num episódio fora do tempo, como uma elevação
dirigida ao imaterial, ao espiritual. Este final não é mais do que o início de uma outra peça, Adh Dhohr (oração do meio-dia). Al Fajr está construída sobre alguns elementos musicais extremamente simples e concisos, o que me permitiu criar um mundo que, embora fechado, evolui permanentemente. O ouvinte poderá reconhecer com muita facilidade um motivo tirado do folclore hebraico da Europa de Leste, um carrilhão de inspiração gregoriana, um acorde obsessivo e omnipresente, uma progressão rítmica encantatória (como uma escanção ao longe, no horizonte), bem como um motivo giratório de caráter imaterial, mas contudo obsidiante. Tudo isto enquadrado no espectro de uma estética inspirada pela monodia ornamentada do médio-oriente, muito melódica e que mergulha as suas raízes numa vocalidade original.”
miguel martins ribeiro
Bertrand Chamayou nasceu em Toulouse, cidade onde iniciou os seus estudos musicais. Recebeu um importante incentivo de Jean François Heisser, pianista que viria a ser seu professor no Conservatório Nacional Superior de Música de Paris. Completou a sua formação com Maria Curcio, em Londres. Com grande segurança, imaginação e consistência artística, domina um repertório extenso, sendo um convidado regular de prestigiosos palcos como o Théâtre des Champs-Élysées de Paris, o Lincoln Center de Nova Iorque, a Herkulessaal de Munique ou o Wigmore Hall de Londres.
Apresenta-se também em importantes festivais como o Mostly Mozart de Nova Iorque ou os de Lucerna, Salzburgo, Edimburgo, Rheingau e Bona. Ao longo da presente temporada, estreia-se com a Sinfónica de Chicago e o maestro Herbert Blomstedt, a Filarmónica de Munique e Karina Canellakis, a Sinfónica de Gotemburgo e Elim Chan e a Filarmónica de Dresden e Louis Langrée.
Colaborou com muitas das principais orquestras europeias, norte-americanas e asiáticas. Mais recentemente, estreou-se com a Filarmónica de Nova Iorque, a Philharmonia Orchestra, a Sinfónica de Montreal, a Sinfónica de Pittsburgh a Orquestra do Festival de Budapeste, a Sinfónica de Bamberg, a Sinfónica de Atlanta e a Orquestra do Gewandhaus de Leipzig. Para além dos maestros já mencionados, tocou sob a direção de Pierre Boulez, Leonard Slatkin, Neville Marriner, Semyon Bychkov, Michel Plasson, Stéphane Denève, Emmanuel Krivine e Andris Nelsons, entre outros. No domínio da música de câmara, colaborou com músicos como Renaud e Gautier Capuçon, Antoine Tamestit, Sol Gabetta ou o Quarteto Ébène.
Em recital, destacam-se as suas atuações recentes no Lincoln Center e no Festival de Páscoa de Salzburgo. Além da Fundação Gulbenkian, na presente temporada apresenta-se em recital no Théâtre des Champs-Élysées, no Wigmore Hall, nas Schubertiade Hohenems e no Prinzregententheater de Munique, entre outros palcos na Europa. Bertrand Chamayou realizou várias gravações premiadas. É o único artista que recebeu quatro vezes o prestigiado galardão francês Victoires de la Musique.
Fotos Jorge Carmona / Antena 2