27 Novembro 21h00
Pavel Gomziakov, violoncelo
Pallavi Mahidhara, pianoPrograma
Nos anos 80 do século XIX, Hans von Bülow consagrava a ideia de uma trindade sagrada na história da música. Bülow dizia «eu acredito em Bach, o pai, Beethoven, o filho e Brahms, o espírito santo da música». A verdade é que para muitos estes são os compositores incontornáveis da música ocidental, contudo a constatação não deixou de gerar polémica. Para Peter Cornelius, o terceiro B era Berlioz, já para Lopes-Graça esse terceiro B seria Béla Bartók. Neste concerto três músicos de craveira internacional decidiram brincar com o conceito e colocar a questão «B or not B?» E uma vez que frase é de insiração shakespereana o «não B», surge sob a inspiração de Shakespeare. Assim, partiremos de Bach, passamos por Beethoven, chegamos a Brahms e terminamos com um Romeu e Julieta revisitado por Prokofiev, representante dos comuns mortais compositores, excluídos dessa santíssima trindade da música, mas inspirado pelo espírito mais sagrado do teatro: William Shakespeare.
Concerto de Música de Câmara integrado em For Goodness Sake – Ciclo William shakespeare
Revisitar Shakespeare é sempre um desafio, dada a proliferação de estudos universitários, encenações e adaptações que foram sendo feitas ao longo dos tempos pelos mais diversos discursos artísticos – do teatro ao cinema, do ensaio à literatura e à dança. Contudo, se a sua biografia ainda é terreno de polémicas, a sua obra continua a fascinar pelo que tem de avassalador na abordagem da natureza das paixões humanas e a suscitar releituras de criadores contemporâneos, que é o propósito deste ciclo.
Como solista, colaborou com Mahler Chamber Orchestra, Nordwestdeutsche Philharmonie, Rundfunkorchester SR, Orquestra Gulbenkian, Armenian Philharmonic, Chamber Orchestra of Europe com Heinz Holliger, Frans Brüggen, Claudio Abbado e Eduard Topchyan. Foi viola solo e membro fundador da Chamber Orchestra of Europe. Galardoada com o “European Music Prize”, é atualmente professora em Lausanne, na Academia de Música de Detmold, e na Escola de Música Reina Sofia em Madrid. Com uma vasta experiência na direcção de festivais, Diemut Poppen é Diretora Artística do Cantabile Festival desde o seu início em 2010 e dos Rigi Musiktage.
O seu repertório, excecionalmente extenso, inclui concertos clássicos para viola, obras de música de câmara e de música contemporânea, contando com estreias de obras escritas para ela por compositores contemporâneos, como o concerto para viola de A. Pinho Vargas (2016)
Lançou, em 2016, pela Editora Onyx, os Concertos para Violoncelo, de Haydn, onde, graças ao empréstimo do Museu Nacional da Música em Lisboa, tocou no violoncelo Stradivarius “Chevillard King of Portugal”, de 1725, pertencente à família real portuguesa. Em 2012, gravou o Concerto para Violoncelo nº 1 de Saint-Saëns e La Muse et le Poète, com a Orquestra Filarmónica de Kansai e Augustin Dumay.
Elogiada pela sua interpretação única e presença carismática no palco, realizou concertos a solo e orquestrais nos cinco continentes, apresentando-se no Konzerthaus em Berlim, no Auditório Nacional em Madrid, no Kennedy Center em Washington DC e no Grand Hall of Dimitri Shostakovich Philharmonia em São Petersburgo, Rússia.
Pallavi foi distinguida por Sir András Schiff para acompanhar a sua série de concertos, Building Bridges, uma plataforma para apoiar e promover jovens pianistas. Abriu a temporada 2019-2020 da série com um recital solo no Konzerthaus em Berlim e recentemente estreou-se na Beethoven Haus em Bonn. Os próximos eventos da temporada 2019-2020 incluem apresentações de concertos, recitais solo e música de câmara na Europa e nos Estados Unidos.
Na última temporada, Pallavi estreou-se no Konzerthaus em Berlim com o Metamorphosen Berlin sob a direção de Wolfgang Emanuel Schmidt, em Budapeste no MÜPA com a Danubia Orchestra Óbuda dirigido por Róbert Farkas e com a Eugene Symphony em Oregon com o colega Curtis, Teddy Abrams. Deu recitais de música de câmara em Lisboa com Diemut Poppen e Pavel Gomziakov, em Genebra com István Várdai e em Villefranche-sur-Mer com Theo Fouchennert. Em junho passado, ela fez uma apresentação especial do Játékok de Kurtag, a convite do Ensemble Vide, na Villa Bernasconi, em Genebra. Apresentou-se no 20º aniversário do Festival de Piano de Gijón com a OSPA em Gijón, Espanha.
Pallavi já participou em importantes festivais como o Marlboro Music e o Verbier Festival. Fez apresentações de música de câmara com artistas de nomeada como Wolfram Christ, Arnold Steinhardt, Peter Wiley e Michael Rusinek, e apresentou-se sob a direção de Arjan Tien e Thomas Sanderling, entre outros.
Pallavi é bacharel pelo Instituto de Música Curtis e tem mestrado na Hochschule für Musik Hanns Eisler. Estudou vários anos com Dimitri Bashkirov na Escuela Superior de Música Reina Sofia, onde atualmente é professora de piano no Music & Culture Summer Camp, em Madrid.