Temporada de Concertos Antena 2
18 Outubro | 19h00
Auditório do Liceu Camões
Entrada gratuita
Lokomotiv
Carlos Barretto, contrabaixo
Mário Delgado, guitarra
José Salgueiro, bateria
Ricardo Toscano, saxofone
Programa
Carlos Barretto – Tumba Laka Muna Kira Táka Pirí
Mário Delgado – L’ombre du triton
Carlos Barretto – Ornettish
Carlos Barretto – Horizontes de Paz
José Salgueiro – Decompor
Toscano, Barretto, Delgado e Salgueiro – 3 da manhã e não encontro as chaves
Carlos Barretto – Asymmetric Angles
Carlos Barretto – Drina
Mário Delgado – Rythmic Rebellion
Os Lokomotiv têm-se destacado pela sua enorme flexibilidade estética, interessados apenas em praticar um jazz que tenha tudo a ver com o nosso tempo. Barretto, Delgado e Salgueiro há muito que vêm revelando um grande leque de interesses musicais que cobrem tendências como o rock, o jazz, as músicas do mundo e a clássica, situando-se entre os expoentes portugueses de um ecletismo que é bem a marca deste início de século.
Afim de celebrar os 25 anos de atividade lançaram convite ao saxofonista Ricardo Toscano para fazer parte da banda e gravam o álbum 25 em quarteto com temas originais.
Trio firmado, desde 1997, na vanguarda do Jazz português, surge com o primeiro disco em 1998 ,Suite da Terra (BAB/Dargil), apostado em explorar a fusão entre melodias e ritmos de raiz tradicional portuguesa e a música improvisada, assim como elementos do ‘rock’ e sabores africanos ou orientais. Confirmada a ‘portugalidade’ que o colocou no primeiro plano do Jazz nacional, o seu trabalho evoluiria para uma linguagem mais universal e próxima das novas correntes europeias da música improvisada, registo que marca o segundo título discográfico – Silêncios (Foco Musical) – considerado pela crítica como um dos melhores discos de Jazz de 2000.
A crescente atividade do trio levaria a música de Carlos Barretto aos auditórios e Festivais de Jazz de todo o país e a muitos outros destinos, com presenças assinaladas em Espanha, Andorra, França, Alemanha, Suíça, Holanda, Argentina, Angola e Cabo Verde. O ano de 2001 marca o relançamento do grupo no plano internacional, com atuações na Grécia, Reino Unido, China, Bélgica, Itália e Finlândia.
Em 2002, o ininterrupto trabalho do Trio dá origem a um novo trabalho editado Radio Song (CBTM) e, no ano seguinte, gravam para editora portuguesa, de destaque internacional – Clean Feed Records – o seu LOKOMOTIV”. Após sete anos de estrada pelo mundo fora é então gravado o último disco do trio, Labirintos, resultado do cruzamento intelectual e criativo destes artistas. Carlos Barretto voltou a assinar composições e a direção musical de um trabalho, que tem merecido elogios da crítica especializada nacional e internacional.
E assim chega à atualidade um dos mais antigos e prolíficos trios de jazz português, quando em 2011 é convidado pela Culturgest para apresentar, a 25 de Março, um concerto comemorativo dos quinze anos do grupo. Neste concerto foi filmado um DVD especial, 15, repleto de extras e concertos ao vivo, do produtor e realizador Alexandre Cebrian Valente, lançado no início de 2012.
Transmissão direta
Apresentação: João Almeida
Produção: Anabela Luís, Cristina do Carmo
Carlos Barretto | Nasceu em 1957. Com seis anos aprendeu a tocar guitarra, aos dez passou pelo piano, no Conservatório Nacional, e mais tarde optou pelo contrabaixo. Depois de concluir o curso do Conservatório, foi aperfeiçoar a técnica instrumental na Academia Superior de Música de Viena de Áustria, estudando com o mestre Ludwig Streischer.
De regresso a Lisboa ingressou na Orquestra Sinfónica da RDP e participou em concertos de Jazz com vários artistas. Em 1984, mudou-se para Paris, para se dedicar inteiramente à música improvisada, onde teve ocasião de se apresentar em concertos, festivais, clubes de Jazz, emissões de rádio e televisão, com diversos artistas internacionais. Em 1993 regressou, novamente a Lisboa e formou os seus vários grupos, para os quais compõe, gravando vários discos em seu nome.
Horace Parlan, George Cables, Kirk Lightsey, Alain Jean Marie, Mal Waldron, Brad Mehldau, Lee Konitz, Barry Altschul, George Brown, Cindy Blackman, Joe Chambers, Jordy Rossy, Aldo Romano, Don Moye, Richard Galliano, Tony Scott, Glenn Ferris,Steve Grossman, Karl Berger, John Stubblefield, Steve Potts, Steve Lacy, Gary Bartz, Art Farmer, Jack Walrath, Marlon Jordan, John Betsch, Gerard Presencer, são alguns dos músicos com quem Carlos Barretto trabalhou.
Carlos Barretto conta, entre os espectáculos e trabalhos discográficos dos grupos que lidera, com vários CD’s premiados, entre eles Going Up (Challenge/Dargil), melhor CD do ano e Prémio Luís Villas-Boas da Câmara Municipal de Cascais, em 1996; e Olhar (Up Beat), Melhor Disco de Jazz do Ano, em 1999, pela JazzPortugal.net e Prémio Luís Villas Boas.
Mário Delgado | Nasceu em 1962. Iniciou os seus estudos musicais na Escola de Jazz do Hot Clube de Portugal. Mais tarde, dedicou-se ao estudo da guitarra clássica, estudando com José Peixoto e Piñero Nagy na Academia de Amadores de Música de Lisboa.
Paralelamente integrou vários projetos e grupos com Carlos Martins, Maria João, Naná Sousa Dias, e foi convidado regularmente para tocar com músicos estrangeiros que se deslocavam ao nosso país.
Participou em vários seminários e workshops nomeadamente com: Atila Zoller, Bill Frisel, John Abercrombie, Barney Kessel, Kenny Burrel, Gary Burton, David Liebman, Jimmy Giuffre, Steve Lacy, Hans Benink, Derek Bailey, José Eduardo, Paul Motian, Red Mitchel, Joe Lovano e Hal Galper.
Em 1992 forma um Trio de música instrumental com o guitarrista José Peixoto e o percussionista José Salgueiro. Com este grupo gravou o disco Taifa, em Março de 1993. Em 1996 gravou o CD Ad Lib(itum) da Orquestra Som do Mundo de Laurent Filipe. Ainda em Setembro e Outubro de 1996 participou na digressão do quarteto Danças de Maria João e Mário Laginha, pela Suiça, Áustria e Alemanha, onde actuou em Festivais de Jazz como Willisau, Leverkusener e Viersen. Em 1997 inicia a sua participação no Trio de Carlos Barretto e José Salgueiro que dará à luz o trio Suite da Terra. Grava o Cd Suite da Terra com o Trio de Carlos Barretto (LOKOMOTIV).
José Salgueiro | Estudou na Academia dos Amadores de Música, Conservatório Nacional, Hot Clube de Portugal e no Taller de Musics, em Barcelona. Participou em workshops sobre improvisação, bateria e trompete, em Barcelona, com Max Roach, Billy Hart, Ron McLoure, David Liebman, Richard Beirack, Paul Motion e John Tchichai.
A sua atividade musical passou por concertos, gravações de discos e espetáculos de televisão com Sérgio Godinho, Zeca Afonso, Janita Salomé, Camané, Vitorino, José Mário Branco, Rui Veloso, Filipa Pais e Pedro Jóia.
No campo do jazz, participou em projetos de António Pinho Vargas, Bernardo Sassetti, Perico Sambeat, Carlos Martins, Carlos Bica, Pedro Burmester, João Paulo Esteves da Silva, José Peixoto, Carlos Zíngaro e da dupla Maria João e Mário Laginha.
Em Março de 2001, fez parte do Quinteto de Wayne Shorter, num espetáculo integrado na programação de Jazz do “Porto 2001 – Capital Europeia da Cultura”. De 1983 a 1991 foi baterista dos Trovante. Integrou igualmente grupos como Resistência e Cal Viva. Em 2003, foi desafiado pela Coimbra Capital Nacional da Cultura a criar o projeto Mátria. Até 2007, fez parte dos Gaiteiros de Lisboa. É mentor e produtor dos Tim Tim por Tim Tum (diálogos de baterias). Atualmente, toca com Lokomotiv de Carlos Barretto e El Fad de José Peixoto. Em 1998 concebeu, por encomenda da Expo’98, ADUF, um espetáculo sobre instrumentos tradicionais portugueses. Em 2008, retoma o projeto ADUF, em parceria com José Peixoto e Maria Berasarte, com um CD e DVD editado em 2010 pela editora Adufmúsica, da qual é fundador.
Ricardo Toscano | A sua subida ao primeiro patamar do jazz nacional foi rápida, mas apenas porque o seu invulgar talento e a sua forte personalidade musical marcaram esse ritmo muito naturalmente quando era ainda muito jovem. Na verdade, Toscano tem feito o seu percurso com tempo: se foi em 2011 que ganhou o Prémio Jovens Músicos, só em 2018 lançou o seu disco de estreia, Ricardo Toscano 4tet, com o grupo que formou em 2013. Esse álbum foi considerado o mais importante do ano em Portugal, levando depois o músico às principais salas do País, como a Casa da Música, o Centro Cultural de Belém ou o Tivoli BBVA, bem como aos festivais de topo na área do jazz e não só, como foi o caso do NOS ALIVE.
Pelo caminho foi chamando a atenção dos melómanos internacionais e de jazzmen de outros países, o que levou a que fizesse uma digressão com figuras como Ali Jackson (Wynton Marsalis) e Géraud Portal. Com matriz na tradição do bop e do pós-bop, ei-lo agora também a marcar pontos em contextos mais livres, ao lado de improvisadores do nosso panorama.
Fotos Jorge Carmona / Antena 2