No âmbito das comemorações dos 50 anos do 25 de Abril, a Antena 2 apresenta, desde o início de 2024 e ao longo do ano, uma variada programação com entrevistas, documentários sonoros, programas especiais e concertos.
Quinta Essência | Entrevistas
Militares de Abril
por João Almeida
Nestas conversas ficamos a conhecer algumas das personalidades que tiveram um papel de relevo no 25 de Abril de 1974: António de Spínola, militar de Abril e o primeiro chefe do Estado português do período democrático, Vítor Crespo, Sanches Osório e Garcia dos Santos, três do grupo de seis oficiais no posto de Comando do MFA (Movimento das Forças Armadas) na Pontinha, onde são conduzidas as operações do 25 de Abril, os capitães de Abril Santos Silva, Costa Neves, Martins Guerreiro, e finalmente Vasco Lourenço, um dos principais impulsionadores do Movimento dos Capitães e um dos fundadores e atual presidente da Associação 25 de Abril.
Conversa sobre a biografia do General António de Spínola(1910-1996) com o historiador Francisco Bairrão Ruivo
Realizada em 2015
António de Spínola foi nomeado presidente da Junta de Salvação Nacional na sequência da revolução de 25 de Abril de 1974. Tomou posse como Presidente da República, a 15 de maio, tornando-se o primeiro chefe do Estado português do período democrático. Em setembro demite-se, mas em Março de 1975 patrocina um golpe de estado que sai gorado e, como sequência, é obrigado a exilar-se em Espanha.
Antes do 25 de Abril, foi designado governador e comandante-chefe das Forças Armadas da Guiné, posto que assumiu entre 1968 e 1973. Nesses anos desenvolveu a ideia de que a guerra não poderia ser ganha militarmente, mas no campo político. Em Fevereiro de 1974, publica o livro Portugal e o Futuro, questionando a política colonial, provocando um estremecimento no antigo regime e incentivando o processo conspirativo do movimento dos capitães já em curso.
Entrevista a Vítor Crespo (1932-2014), o único oficial da Marinha integrante do grupo de seis oficiais do Posto de Comando do MFA
Realizada em 2014
[1ª parte]
[2ª parte]
[3ª parte]
Após o 25 de Abril, Vítor Crespo foi membro do primeiro Conselho de Estado e assumiu o cargo de Alto-Comissário e Comandante-Chefe das Forças Armadas em Moçambique até à independência deste território. Regressado a Portugal, manteve-se no Conselho da Revolução, sendo o único dos membros da Armada a integrar os primeiros subscritores do Documento dos Nove. Integrou o VI Governo Provisório, chefiado por Pinheiro de Azevedo, como ministro da Cooperação. Após a extinção do conselho da revolução, volta à Armada, onde assume o cargo de Diretor do Serviço de Justiça até à sua passagem à situação de Reserva. Foi ainda professor na Escola Naval e posteriormente, já no posto de Almirante, Diretor da Biblioteca de Marinha.
Conversa com o Capitão de Abril Rui Borges Santos Silva (1945-2021)
Realizada em 2014
[1ª parte]
[2ª parte]
No dia 25 de Abril de 1974, Santos Silva fazendo parte do movimento dos capitães, comandou o esquadrão de reconhecimento para a tomada e ocupação do Terreiro do Paço na Revolução dos Cravos. Era licenciado em Ciências Militares. Em 1998 foi promovido a coronel.
Em 2004 foi agraciado com a Medalha de Mérito Municipal, pela Câmara de Oliveira do Hospital, e em 2006 foi condecorado pelo Presidente da República, Jorge Sampaio, com o Grau de Grande Oficial da Ordem da Liberdade. Santos Silva desempenhou ainda as funções de presidente do Conselho Fiscal na Associação Salgueiro Maia, com sede em Santarém.
Conversa com o Militar de Abril José Manuel da Costa Neves (1940-)
Realizada em 2014
[1ª parte]
[2ª parte]
Costa Neves foi, em 1973, um dos pioneiros na adesão da Força Aérea ao movimento de contestação que levaria à Revolução dos Cravos.
Na madrugada de 25 de Abril o major Costa Neves comanda o Grupo de Comandos nº 10 que entra no Rádio Clube Português, em Lisboa, na Rua Sampaio Pina, de onde são emitidos os primeiros comunicados do Posto de Comando. Inicialmente estava previsto que os comunicados seriam lidos pelo próprio major, contudo, Joaquim Furtado, locutor de serviço no RCP, ao saber das intenções do Movimento prontificou-se de imediato para o fazer.
O então major engenheiro aeronáutico José Manuel da Costa Neves integrou a Comissão Coordenadora do Movimento das Forças Armadas, e foi chefe de gabinete do membro da Junta de Salvação Nacional, general Galvão de Melo.
Foi representante da Força Aérea no Conselho da Revolução de 1975 a 1982.
Em 2005 passou à reforma em 2005, como major-general da Força Aérea.
Conversa com o Militar de Abril Manuel Beirão Martins Guerreiro (1940-)
Realizada em 2014
[1ª parte]
[2ª parte]
[3ª parte]
O Capitão-de-fragata engenheiro construtor naval Martins Guerreiro participou ativamente na organização do movimento político na Marinha desde 1970 e na preparação do 25 de Abril de 1974. Integrou os vários órgãos do MFA – Movimento das Forças Armadas. Chefiou o Gabinete do Chefe do Estado Maior da Armada, 1974/1975. Fez parte do Conselho de Revolução desde a sua criação, 1975, até à sua extinção em 1982.
Cursou a Escola Naval, de 1959 a 1962 – licenciatura em ciências militares e náuticas e Engenharia Naval e Mecânica, na Faculdade de Engenharia de Génova (Itália), de 1965 a 1969. Foi promovido a Guarda-Marinha em 1962 e, sucessivamente, aos vários postos até Contra-Almirante que atingiu em 1997, passando à reserva por limite de idade, em 1999. Foi condecorado com as medalhas de serviços distintos e mérito militar, possui, além de outras, a Grã Cruz da Ordem da Liberdade que lhe foi atribuída pelo Presidente da República, pela sua participação no 25 de Abril de 1974. Foi Presidente do Conselho de Administração dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo, S.A., entre 2002 e 2004. É sócio de diversas Associações de natureza profissional, cultural e humanitária e movimentos cívicos e desempenhou funções nos órgãos sociais dos CMN – Clube Militar Naval, da Amnistia Internacional, do Círculo Teixeira Gomes e da Associação 25 de Abril de que é atualmente presidente do Conselho Fiscal.
Conversa com o Militar de Abril José Eduardo Fernandes de Sanches Osório (1940-)
Realizada em 2014
[1ª parte]
[2ª parte]
Sanches Osório foi um participante ativo na Revolução dos Cravos. Na madrugada de 25 de Abril foi, enquanto Major do Exército, um dos seis oficiais organizadores do golpe de Estado que ocupou o Posto de Comando do Movimento das Forças Armadas, na Pontinha. Posteriormente foi diretor-geral da Informação e ministro da Comunicação Social no II Governo Provisório (1974).
É licenciado em Engenharia Militar, Major de Engenharia do Exército, e foi Professor da Academia Militar. É também licenciado em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, e advogado.
Foi fundador do Partido da Democracia Cristã (PDC) que esteve ilegalizado durante o PREC, vindo depois a ser conotado com a direita conservadora e a extrema-direita, e que acabaria por ser extinto, em 2004. Foi deputado à Assembleia da República, primeiro pelo CDS, depois como independente.
A 24 de Setembro de 1983 foi agraciado com a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade.
Conversa com o Militar de Abril Amadeu Garcia dos Santos (1935-)
Realizada em 2014
[1ª parte]
[2ª parte]
Garcia dos Santos, então major, participou no processo de preparação da revolução de 25 de Abril de 1974. Na altura era professor na Academia Militar, e foi contactado para se ocupar das transmissões no golpe de estado, tendo preparado e assegurado as operações de comunicações no decurso da revolução. Integrou o posto de comando do MFA.
Posteriormente participou na contenção do 25 de Novembro, que levou ao fim do PREC (Processo Revolucionário em Curso).
Entre 1974 e 1979, foi Secretário de Estado das Obras Públicas no II, III, IV e VI Governos Provisórios.
Foi chefe da Casa Militar do Presidente da República António Ramalho Eanes, e entre 1982 e 1983, foi chefe do Estado-Maior do Exército.
O seu último cargo público foi o de presidente da Junta Autónoma das Estradas.
O general Garcia dos Santos foi agraciado com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Avis (1982), a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade (1983) e a Grã-Cruz da Ordem Militar de Cristo (1983), e com várias ordens honoríficas estrangeiras.
Conversa com o Militar de Abril, e Presidente da Associação 25 de Abril, Vasco Correia Lourenço (1942-)
Realizada em 2008
Vasco Lourenço era capitão nos Açores no dia 25 de Abril de 1974. Membro ativo do Movimento dos Capitães, pertenceu à Comissão Política do MFA. Nesta condição foi nomeado para o Conselho de Estado (24 de Julho de 74), passando mais tarde a integrar a estrutura informal do Conselho dos Vinte e, a partir de 14 de Março de 75, tornou-se membro do Conselho da Revolução, funções que manteve até à extinção (1982).
Nasceu em Castelo Branco. Ingressou na Academia Militar em 1960. Pertenceu à Arma de Infantaria. Combateu na Guerra Colonial, tendo cumprido uma comissão militar na Guiné de 1969 a 71. Passou à Reserva no posto de tenente-coronel a 20 de Abril de 88. Pertence desde a sua fundação aos corpos gerentes da Associação 25 de Abril.
É maçon do Grande Oriente Lusitano.
A 24 de Setembro de 1983 foi agraciado com a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade, e a 19 de Abril de 1986 foi agraciado com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique.
Conversa com o Militar de Abril João Menino Vargas (1935-)
Realizada em 2019
Menino Vargas participou no Movimento das Forças Armadas, tendo sido um dos responsáveis, em 26 de abril de 1974, pela libertação dos presos políticos de Caxias, e dirigido a Repartição de Análise e Investigação Documental da Comissão de Extinção da PIDE/DGS e LP.
Fez o curso de Artilharia da Academia Militar e os cursos de Criptografia e de Cinema, ambos do Estado-Maior do Exército. Cumpriu comissões de serviço em Timor, Moçambique e Guiné. Graduou-se em Ciências Documentais, pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, e lecionou em diversos cursos na área do tratamento documental e arquivologia.
É coronel do Exército na reserva desde 1984 e aposentado em 2004. É autor do livro com a peça de teatro Todos ou Nenhum: A libertação dos presos de Caxias (2019).
Conversa com o Militar de Abril António Dinis Delgado Fonseca (1940-)
Realizada em 2014
[1ª parte]
[2ª parte]
O capitão Delgado Fonseca teve um papel decisivo no controlo da Cidade Invicta no 25 de Abril de 1974. Partiu de Lamego para o Porto e tinha como missão tomar a PIDE, mas foi preciso reforçar o quartel no Porto e restabelecer as ligações.
Tinha feito a primeira comissão em Timor, entre 1966 e 1968, e depois, entre 1969 e 1973 esteve em Angola. Reformou-se como Coronel de Artilharia, em 1997.
Nota de agradecimento:
A realização destas entrevistas teve a inestimável colaboração de Maria do Rosário F. Rodrigues (1951-2022), da Associação 25 de Abril.