Carmen Dolores (1924-2021)
No dia 22 de abril comemora-se o centenário de nascimento da grande atriz, declamadora e escritora Carmen Dolores; uma vida dedicada aos palcos e à representação, desde os 14 anos na sua estreia na rádio.
A Antena 2 assinala esta efeméride com a transmissão da sua entrevista em 2014, e com a sua interpretação numa peça de García Lorca, onde tem o papel principal.
Entrevista a Carmen Dolores ao programa Quinta Essência de João Almeida, aquando dos seus 90 anos, em Novembro de 2014:
Programa A Ronda da Noite, por Luís Caetano
Carmen Dolores: senhora das palavras,
mulher de muitas artes, da rádio, do teatro, do cinema, da poesia.
No centenário, as suas palavras declamando poesia, e a sua intervenção nas Correntes d’Escritas, em 2012.
Programa Ecos de Ribalta, por João Pereira Bastos
Carmen Dolores 100 anos
A casa de Bernarda Alba de Federico García Lorca
Adaptação e tradução: Isabel Figueiredo de Barros (1987)
Direção de ensaios e realização: Eduardo Street
Intérpretes: Carmen Dolores, Irene Cruz, Carmen Santos, Clara Joana, Fernanda Borsati, Teresa Madruga, Ana de Sá, Adelaide João, Fernanda Esmeralda e Manuela Cassola
Adaptada à versão radiofónica, em Março de 1987, A Casa de Bernarda Alba é a última peça do escritor espanhol Federico García Lorca em 1936, e foi realizada por Eduardo Street, radialista, sonoplasta e autor de peças de teatro para rádio.
Carmen Dolores nasceu em Lisboa, a 22 de Abril de 1924, filha do jornalista José Sarmento, com grandes ligações ao teatro, e de Maria del Pilar, mãe espanhola, e irmã do ator António Sarmento. Foi casada com o engenheiro Victor Manuel Carneiro Veres.
Aos 14 anos estreou-se na Rádio, onde, durante 70 anos, disse poesia, fez teatro, folhetins e todo o tipo de programas, tornando-se uma das vozes mais populares do país.
Pela mão de António Lopes Ribeiro, estreou-se no Cinema aos 18 anos em Amor de Perdição, tendo protagonizado, nos anos 40, filmes dos principais realizadores dessa época de ouro do cinema nacional. Voltaria ao cinema nos anos 70 e 80, em filmes de António de Macedo e de Fonseca e Costa.
No Teatro, representou, dos anos 40 aos anos 2000, textos clássicos e contemporâneos e originais portugueses, em companhias como Comediantes de Lisboa, Amélia Rey Colaço /Robles Monteiro (Teatro Nacional), Teatro de Sempre, Teatro Nacional Popular, Grupo 4 e Novo Grupo, e Teatro Experimental de Cascais, tendo fundado e co-dirigido o Teatro Moderno de Lisboa. Participou ainda em importantes produções na casa da Comédia, e com Jorge Listopad, João Lourenço, Mário Viegas, Carlos Avilez ou Diogo Infante.
Na Televisão, entre os anos 60 e 2000, fez teatro, recitais, séries e telenovelas.
Publicou três livros de memórias, tendo colaborado igualmente em livros sobre o Teatro Moderno de Lisboa, e os Comediantes de Lisboa.
Durante toda a sua vida, contribuiu para a divulgação da poesia em língua portuguesa, através de recitais e gravações.
Foi frequentemente premiada pelos seus trabalhos em Teatro, Cinema, Rádio e Televisão.
Agraciada pelo Estado Português como Cavaleiro da Ordem de Santiago da Espada (1959), Grande Oficial da Ordem do Infante D. Henrique (2005) e Grande Oficial da Ordem do Mérito (2018).
Carmen Dolores faleceu em Lisboa, a 15 de Fevereiro de 2021.
Fonte: Dados biográficos disponibilizados pelo seu filho Rui Veres
Fotografia: Leonardo Negrão/Global Imagens