O escritor Mário Cláudio é o convidado de Luís Caetano em A Ronda da Noite. Uma conversa a propósito do lançamento do seu Diário Incontínuo, agora publicado pela Dom Quixote.
Neste Diário Incontínuo, Mário Cláudio desenha um mapa de memórias que ajuda a encontrar o homem e o escritor, a compreender melhor onde começa a vida e termina a ficção, na sua vasta obra publicada.
Um livro em que a personagem principal é o autor, mas onde desfilam outros escritores como Agustina Bessa Luís, António Lobo Antunes, Eugénio de Andrade ou Vasco Graça Moura, ou personalidades da cultura como Carlos Avilez, Graça Lobo, Manoel de Oliveira ou José Rodrigues.
Um livro escrito sem polimento, repositório de (in)confidências, reveladoras das suas perceções imediatas ou de analises mais elaboradas face aos reais que como instantes fotográficos, vai captando e coletando. Registos sem preocupação de ferir, ou não, sensibilidades, até porque “as amizades, as relações têm de ser sobressaltadas. Tal como as memórias. Isso é prova de vida”.
Sinopse de Diário Incontínuo
O diário é seguramente o mais íntimo dos géneros literários. Repositório de confidências – e inconfidências – escritas sob a febre das emoções, partilhá-lo com o público é um acto de coragem, mais ainda quando o seu autor é um intelectual conhecido e reputado e quando as páginas que nos oferece estão cheias de revelações da sua vida real por oposição à ficção a que nos habituou.
Iniciado em 1958 – tinha Mário Cláudio apenas 16 anos – e interrompido por mais de uma vez até à actualidade, o presente livro, que funciona também como um maravilhoso álbum fotográfico, traz-nos relatos de almoços em família, de idas ao supermercado ou de obras em casa, a par de visitas a exposições, leituras de livros, períodos de escrita intensa, viagens, encontros com figuras que marcaram ou marcam ainda a vida nacional.
Nestas páginas, desfilarão por isso Agustina ou Lobo Antunes, Carlos Avilez ou Graça Lobo, Eugénio de Andrade ou Vasco Graça Moura, José Rodrigues ou Manoel de Oliveira, Rodrigo Guedes de Carvalho ou Gonçalo M. Tavares; mas não faltam igualmente os amigos certos, ou os relacionamentos – também amorosos – que num dado momento podem ter entrado em confronto, mas cujo afecto verdadeiro acabou tantas vezes por não deixar abalar.
Com a beleza dos pequenos instantes com os animais de estimação, com a mágoa que o reconhecimento público, mesmo que desejado, não consegue apagar, esta é uma obra pessoal escrita com toda a frontalidade e, ao mesmo tempo, um documento literário importantíssimo de uma época.
Mário Cláudio | Pseudónimo literário de Rui Manuel Pinto Barbot Costa, nasceu no Porto, a 6 de Novembro de 1941. É autor de uma vasta e multifacetada obra que abarca a ficção, a crónica, a poesia, a dramaturgia, o ensaio, a literatura infanto-juvenil e ainda letras para fado e inúmeros artigos publicados na imprensa nacional e estrangeira, proferido também palestras e conferências sobre temas literários ou conotados com a literatura. As suas obras estão traduzidas em inglês, castelhano, francês, italiano, alemão, húngaro, checo e croata.
Depois dos estudos primários e secundários na sua cidade natal, foi para Coimbra onde se licenciou na Faculdade de Direito. Mais tarde, diplomou-se no Curso de Bibliotecário-Arquivista, da Faculdade de Letras da mesma Universidade. Foi bolseiro do Instituto Nacional de Investigação Científica, frequentando a Universidade de Londres (University College), onde se pós-graduou como Master of Arts in Library and Information Studies.
Foi professor do ensino superior, tendo lecionado na Escola Superior de Jornalismo do Porto, na Universidade Católica do Porto e foi formador de Escrita Criativa na Fundação Serralves e no Instituto Politécnico do Porto.
A sua obra recebeu inúmeros prémios, entre os quais o Grande Prémio de Romance e Novela, da Associação Portuguesa de Escritores, pelo romance Amadeo, o Prémio Antena 1, da Radiodifusão Portuguesa, pelo romance Guilhermina, o Prémio Lopes de Oliveira, pelo romance Tocata para Dois Clarins, o Prémio PEN-Clube Português (2 vezes), pelo romance O Pórtico da Glória, em 1998, e pelo romance Camilo Broca, em 2007, e ainda o Prémio Eça de Queirós, Prémio Vergílio Ferreira, Prémio Fernando Namora.
Em 2015, repete o Grande Prémio de Romance e Novela, da APE, agora pelo romance Retrato de Rapaz, e em 2019 pelo romance Tríptico da Salvação. Em 2004, vence o Prémio Pessoa pelo conjunto da sua obra.
Foi galardoado como comendador da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada (2000) e com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique (2019) pelo Estado português. Recebeu a Medalha de Honra da Cidade. Recebeu a comenda de Chevalier des Arts et des Lettres, atribuída pelo Ministério da Cultura de França (2006).
Foi investido Doutor Honoris Causa da Universidade do Porto, por proposta da FLUP, 2019.
Fotos Jorge Carmona / Antena 2
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