A 4 de novembro de 2024 completam-se 100 anos da morte de um dos mais proeminentes compositores franceses da sua geração, Gabriel Fauré.
Nascido em 1845 no Sul de França, numa pequena localidade perto dos Pirenéus, foi estudar para Paris, na prestigiada escola Niedermeyer, uma instituição de ensino vocacionada para a formação de músicos especializados em música sacra, onde lecionava o compositor Camille Saint-Saëns, de quem se torna amigo.
Não é portanto por acaso que a sua obra mais conhecida seja «o» Requiem. Apesar disso, Fauré não era uma pessoa particularmente religiosa, pelo que, para além de ter trabalhado como organista e diretor musical de algumas das principais igrejas de Paris, desde cedo se fez notar nos salões mais elegantes da cidade através das inúmeras canções que compôs.
Foi um dos fundadores da Sociedade Nacional da Música, cujos membros foram, entre outros, César Franck, Édouard Lallo, Jules Massenet, Bizet.
Como professor teve também um papel de relevo, sendo mestre de Ravel, Enesco e de Nádia Boulanger, mas a sua influência musical estendeu-se a muitos compositores do século XX. Gabriel Fauré conseguiu estabelecer uma ligação entre o romantismo de Saint-Saëns e a inovação de Ravel, os ciclos de César Franck com as harmonias de Debussy.
Organista, pianista, especialista em harmonia, além de composição, e interveniente ativo no círculo musical francês, Fauré morre aos 79 anos, em Paris, a 4 de novembro de 1924.
4 novembro | 21h00
Grande Auditório
Realização e Apresentação: Reinaldo Francisco
Produção: Susana Valente
Gravação pela Radiotelevisão Suíça,
no Festival de Verbier
a 21 de julho de 2024
100 anos da morte | Gabriel Fauré
Yamen Saadi, violino
Raphaëlle Moreau, violino
Timothy Ridout, viola
Edgar Moreau, violoncelo
Alexandra Dovgan e Lucas Debargue, piano
Programa
Frédéric Chopin – Trio c/ piano em sol menor, Op.8
Gabriel Fauré – Quinteto c/ piano em ré menor, Op.89
Duas pérolas da música de câmara, raramente tocadas, são interpretadas por virtuosos da nova geração no palco da Igreja de Verbier, aldeia no cantão suíço de Valais.
O Trio com piano de Chopin em quatro movimentos representa a sua única obra de câmara em grande escala. Composta quando tinha apenas 18 anos, revela tanto a influência de antigos mestres, nomeadamente Beethoven, como o início da sua sofisticada assimilação das danças folclóricas polacas. Por exemplo, o segundo movimento do scherzo é inspirado no salto de Oberek, enquanto o tema rondó do final é uma cracoviana sincopada em tempo duplo. Estes elementos demonstram a capacidade de Chopin em integrar de forma inovadora as características rítmicas e melódicas das danças folclóricas polacas numa composição de câmara clássica.
O primeiro Quinteto com piano de Fauré foi concluído em 1905, mas começou já em 1887, período em que ele também trabalhava no seu Requiem. A abertura nostálgica do Molto moderato tem semelhanças com o In Paradisum do Requiem no contraste da execução entre o piano e as cordas. É seguido por um Adagio terno e melancólico, rico em diálogos íntimos, antes de um igualmente denso Allegretto moderato cujo clímax é marcado pela audaciosa primeira escrita para piano da obra.