Libreto: Mendouze
Estreia: Paris, Opéra 4 Outubro 1803
PersonagensAnacreonte
Corine
Amor
Vénus
Bathille
Glycere
Athanais
Duas Escravas
AntecedentesCherubini, amigo pessoal da grande Todi e padrinho de uma das suas filhas, foi considerado um génio por Beethoven. Quanto a Brahms classificava a sua "Medea" como o paradigma da música dramática, enquanto Schumann considerava inigualável o uso que ele fazia das harmonias.
É deste compositor, muito popular no seu tempo mas relativamente pouco conhecido nos nossos dias, a ópera que vamos transmitir esta noite numa gravação cedida pela RAI dum espectáculo que teve lugar em Veneza em Dezembro do ano passado. Trata-se de "Anachreonte" – levada a cena pela primeira vez em Paris no dia 4 de Outubro de 1803.
1.º ActoEsta ópera fala do amor de Anacreonte, um celebrado Poeta grego da Antiguidade, pela jovem e bela Corine – amor que o Poeta teme perder por ter já atingido o limiar da Velhice.
A ópera inicia-se com os preparativos dos festejos do aniversário de Anacreonte. A bela Corine leva oferendas ao deus do Amor, formulando o desejo de que o seu afecto pelo Poeta seja correspondido – no que é secundada por duas jovens escravas que vieram ajudá-la a decorar o vestíbulo. Pedem-lhe que cante, e Corine entoa louvores à ternura, à felicidade e às paixões da Primavera da Vida. Depois saúda alegremente Athanaïs que esperava impacientemente a sua vez. Depois de entregar as oferendas, Athanaïs aceita dançar para Anacreonte. O Poeta chega na companhia de escravos, e fica fascinado pela beleza das decorações. Entristecido pela ausência da sua amada Corine, confessa aos escravos o sofrimento que o oprime dizendo temer que a diferença de idades o separe da sua amada.
Os escravos dizem-lhe para não se preocupar: coma antes os frutos que sobraram, e entoe os seus versos. Anacreonte aceita e entoa louvores às alegrias terrenas – no que é interrompido pelo súbito irromper duma tempestade que traz com ela um jovem esfomeado e trémulo de medo. É Eros, o deus do Amor, que não é reconhecido por ninguém. Anacreonte, apaziguado e deslumbrado com tanta beleza, acode o jovem a quem oferece comida e repouso. O acto termina com os escravos atemorizados pela tempestade.
2.º ActoO 2º acto inicia-se com Anacreonte interrogando o jovem chegado com a tempestade. Ainda não descobriu a sua identidade, e o jovem diz que é filho dum velho ciumento e malvado (Vulcano) e duma doce e bela mulher (Vénus), frequentemente visitada por um guerreiro magnífico (Marte) – altura em que pede ao filho para ficar de vigia à porta da alcova. Como o marido descobrisse o que se passava, a mulher lançou as culpas sobre o filho que se tornou igualmente vítima da fúria do velho. Foi por isso que decidiu fugir. Corine chega na companhia de Glycère e de Bathille, e Anacreonte entrega o jovem aos cuidados das escravas. O encontro entre os dois apaixonados é perturbado pelo regresso de Eros perseguido pelas duas jovens escravas, simultaneamente queixosas e divertidas com as confusões criadas pela criança. Anacreonte então sugere que Eros seja entregue aos pais – mas o jovem protesta atemorizado. Os protestos de Eros têm o condão de despertar sentimentos doces e sensuais, o que faz com que todos se voltem para a estátua do deus do Amor para a homenagear.
Os festejos começam finalmente, e, com a ajuda do vinho, as canções e as danças tornam-se selvagens. Chega então um escravo trazendo uma mensagem vinda da ilha de Cythera. É uma mensagem da própria Vénus que busca o seu filho. Eros é finalmente desmascarado por todos, e é amarrado para evitar novas emoções. Vénus aparece. Ela tinha a certeza de encontrar Eros com Anacreonte. O velho Poeta recusa qualquer recompensa, pedindo apenas à deusa que o deixe terminar a vida como sempre a viveu – e sempre amado por Corine. Eros concede o pedido de Anacreonte, e condena os tímidos escravos às emoções do Amor.
A ópera termina com um louvor a Vénus e a Eros.
RDP – Transmissões em "Noite de Ópera" desde 1996
2001 – 29 de Março
Enredo resumido da autoria de Margarida Lisboa.