Depois do êxito alcançado pela sua 5ª sinfonia, em novembro de 1937, obra que lhe permitiu respirar de alívio, Chostakovitch compôs pouco no ano seguinte. Para alguém com uma facilidade criativa tão próxima da de Mozart, estar “quase sem compor” significou neste caso escrever inúmeras músicas para filmes de propaganda (um trabalho utilitário que o compositor desprezava, embora tenha gerado algumas bandas sonoras interessantes) e uma pequena obra “sem importância”, segundo ele. Tratou-se de um quarteto de cordas — o seu primeiro quarteto.
Nesse mesmo ano, Chostakovitch anunciava publicamente a sua intenção de escrever uma sinfonia vocal e instrumental dedicada à memória de Lenine. Esse tipo de anúncio, e os termos encomiásticos em que se referia ao “Grande Guia” seriam desconcertantes se desconhecêssemos a que ponto esses gestos faziam parte de uma estratégia de sobrevivência na Rússia de Estaline.
Neste caso, a ideia era que as autoridades o deixassem em paz enquanto escrevia o que realmente lhe interessava. E o que realmente lhe interessava era uma sinfonia que não podia ter menos a ver com Lenine. A 6ª sinfonia é uma obra puramente instrumental e com uma estrutura singular em três andamentos, o primeiro dos quais é um largo vastíssimo, seguindo-se dois andamentos rápidos e jocosos, de duração bastante inferior.
A Propósito da Música é um programa de Alexandre delgado e pode ser ouvido na Antena 2 aos sábados pelas 11h00 e às terças às 17h00. O programa está também disponível na plataforma RTP Play.

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