O programa da manhã na Antena 2 deste dia 3 de novembro foi dedicado a Maria João Pires, uma das maiores intérpretes mundiais do repertório pianístico dos últimos 50 anos.
Este sábado, Maria João Pires surpreendeu-nos a todos ao afirmar que se ia retirar.
Ao longo da emissão, conduzida por André Cunha Leal, foi transmitida uma reportagem da jornalista da Antena 2 Isabel Meira, na Fundação Calouste Gulbenkian, a propósito do Prémio Europeu Helena Vaz da Silva, recentemente atribuído à pianista. Esse foi o mote para revistar o seu percurso singular, evocando a profundidade e a poesia com que sempre abordou a música.
Nesta emissão ouvimos gravações que traçam a história de uma carreira ímpar — desde os primeiros registos realizados ainda jovem, até às grandes interpretações que a consagraram internacionalmente.
Recordámos as suas colaborações com maestros como Claudio Abbado, Bernard Haitink, André Previn, John Eliot Gardiner, Daniel Harding e Riccardo Chailly, bem como com solistas como Martha Argerich, Pavel Gomziakov, Augustin Dumay ou Christine Schäfer; o trabalho com orquestras de prestígio, como a Filarmónica de Berlim e a Orquestra de Paris; e o seu empenho em projetos pedagógicos e sociais, nomeadamente em Belgais.
Gravações em destaque:
Mozart – Concerto para Piano nº 20 em ré menor, K. 466, com a Orquestra de Câmara da Europa, dir. Claudio Abbado.
Beethoven – Concerto para Piano nº 4, com Daniel Harding.
Schumann – Concerto para Piano com John Eliot Gardiner
Schubert – Impromptus e Momentos Musicais, gravação de referência da Deutsche Grammophon
Chopin – Noturnos, um álbum memorável pela leitura intimista e profundamente humana do compositor polaco
Chopin – Sonata para Violoncelo e Piano com Pavel Gomziakov
Beethoven – Sonata nº 14 “Quase uma Fantasia” (“Clair de Lune”), onde Pires alia transparência e profundidade filosófica
Mozart – Sonatas para Piano, ciclo gravado entre 1974 e 1991, um verdadeiro monumento discográfico dedicado ao compositor de Salzburgo
Com esta homenagem, a Antena 2 celebra a arte de Maria João Pires – não apenas a pianista, mas um vulto maior da cultura portuguesa, que continua a inspirar e a lembrar-nos que a música, antes de ser performance, é encontro e escuta.