Exposição
Pintura Romena Moderna (1875-1945).
Acervo da Fundação Bonte
Curadoria de Doina Pauleanu
(diretora do Museu de Arte de Constança)
Theo Sion, Marinha (pormenor), c. 1920
Óleo sobre cartolina, 45,5×54,5 cm
De 13 Maio a 30 Agosto 2016
Palácio Nacional da Ajuda, Lisboa
Vai estar patente no Palácio Nacional da Ajuda, entre 13 de Maio e 30 de Agosto, uma exposição de pintura romena que reune obras de 1875 a 1945, pertencentes à Fundação Bonte.
A Coleção
A Fundação Bonte é detentora de uma vasta coleção de arte moderna e contemporânea, construída, ao longo de anos, pelo colecionador e diplomata Alain Bonte.
O atual cônsul honorário da Roménia em Portugal iniciou a sua coleção de arte, ao chegar à Roménia para explorar oportunidades de negócios, e ao descobrir a pintura moderna deste país “através duma primeira aquisição (uma cena rural, que reflete preocupações com a especificidade nacional romena), seguida de uma prospeção atenta dos museus, das galerias e das coleções de arte já existentes. A descoberta leva à prospeção do domínio, à constituição da coleção e à criação da Fundação Bonte” (excertos do texto introdutório do catálogo).
Nicolae Grigorescu, Casa em Câmpina (pormenor), s. d.
Óleo sobre tela, 29,5×42,5 cm
Óleo sobre tela, 29,5×42,5 cm
À aquisição daquele primeiro trabalho, segue-se a compra de outras duas obras de arte. Rapidamente Alain Bonte se apercebe que a arte romena ainda é, no seio da arte europeia e internacional, um segmento desconhecido. Nas suas incursões pelas galerias e museus, Bonte vai identificando “os artistas que poderiam despertar o seu interesse, assimila conhecimentos sobre a escola nacional de arte, faz conexões, compreende filiações, descobre conjunturas. Apercebe-se que apenas o destino adverso interrompeu os circuitos culturais fortalecidos pela época moderna da Roménia, isolando a sua cultura e privando-a do acesso ao campo internacional de consagração ao qual já se tinha conectado em 1925, quando Henri Focillon afirmava (no catálogo da Exposição de Arte Romena Antiga e Moderna, inaugurada em 1925 nas salas Jeu de Paume de Paris), reforçando as convicções dos historiadores romenos de arte de que «a pintura romena moderna é uma escola e não a confluência de vários maneirismos».
Pouco a pouco, as aquisições ocasionais da Fundação ganham proporção programática, tornando-se representativas e constituindo uma verdadeira pinacoteca especializada”(idem).
Ao tomar conhecimento da coleção, o Instituto Cultural Romeno e a Embaixada da Roménia em Portugal decidiram valorizá-la de acordo com o seu mérito e com as intenções que a fizeram nascer. O presente projeto ganhou uma nova dimensão através da parceria com o Palácio Nacional da Ajuda.
Nicolae Vermont, Interior com Personagens em Vlaici (pormenor),1921
Óleo sobre tela colada sobre cartolina, 45,5×37 cm
Óleo sobre tela colada sobre cartolina, 45,5×37 cm
A Exposição
A exposição integra 57 obras de pintura, de 26 artistas romenos, nascidos entre 1838 e 1911, com diversos percursos e expressões que vão de um realismo naturalista, passando por uma valorização da luz e da cor, num tratamento pictórico pós-impressionista ou fauvista, até uma certa depuração formal modernizante.
De Flores de Primavera num Copo, de Nicolae Grigorescu (1838-1907), considerado um dos primeiros fundadores da pintura romena moderna, a Inverno num Bairro Industrial (1937), de Jean Cheller (1911-1950), pintor esquecido e só recentemente redescoberto, ou a Mulher a Ler (1946), de Alexandru Ciucurencu (1903-1977) com uma interpretação poética da realidade, as temáticas principais das obras pictóricas agora expostas situam-se globalmente na natureza-morta, na paisagem, na representação de cenas naturais, e de alguns retratos do feminino.
Jean Cheller, Inverno num Bairro Industrial (pormenor), 1937
Óleo sobre cartolina, 50×68 cm
Óleo sobre cartolina, 50×68 cm
A época abrangida pelas obras em exposição, cerca de sete décadas, foi de grandes transformações históricas, estéticas e artísticas no mundo, em particular no mundo ocidental; e “nesse período registam-se mutações, sucessos e fracassos artísticos, a arte romena reencontra as suas formas arquetípicas e valoriza a sua vocação de sincronismo, os principais pintores vivem as suas vidas e realizam as suas obras, surgem e aperfeiçoam-se características e direções de evolução da escola romena, o campo de consagração estabelece os seus marcos e contornos”.
Contudo, “o presente catálogo não é e não poderá ser uma apresentação geral da questão, mas sim um estudo de caso e refere-se ao modo como uma coleção privada, constituída nos últimos vinte anos com plena honestidade, amor, compreensão e profissionalismo pode oferecer, apesar das omissões inerentes (explicáveis conjunturalmente), um panorama eloquente do período escolhido” (idem).
Samuel Mützner, Vestido Lilás, Flores Vermelhas (pormenor), 1911
Óleo sobre tela, 68×60 cm
Óleo sobre tela, 68×60 cm
O catálogo inclui biografias extensivas sobre os 26 artistas apresentados:
Nicolae Grigorescu, Nicolae Vermont, Arthur Garguromin Verona, Ipolit Strâmbu, Kimon Loghi, Theodor Pallady, Gheorghe Petraşcu, Ștefan Popescu, Francisc Șirato, Camil Ressu, Leon Al. Biju, Iosif Iser, Ion Theodorescu-Sion, Nicolae Darascu, Samuel Mützner, Stefan Dimitrescu, Rudolf Schweitzer-Cumpana, Dumitru Ghiata, Constantin Isachie, Rodica Maniu, Vasile Popescu, George Catargi, Adam Balțatu, Magdalena Rădulescu, Alexandru Ciucurencu e Jean Cheller.
Esta exposição revela-se uma oportunidade dos portugueses conhecerem melhor, através do olhar de um colecionador, a arte romena na transição do século XIX para o século XX, na sua singularidade enquanto expressão artística de país periférico, tal como Portugal, mas ao mesmo tempo recebendo fortes influências do grande centro artístico que era Paris.
Theo Sion, Marinha (pormenor), c. 1920
Óleo sobre cartolina, 45,5×54,5 cm
Informações úteis:
Exposição patente de 13 de Maio a 30 de Agosto de 2016.
Exposição patente de 13 de Maio a 30 de Agosto de 2016.
Aberta todos os dias, excepto às quarta-feiras,
das 10h00 às 18h00 (última entrada às 17h30).
Visitas guiadas para grupos mediante solicitação e marcação prévia.
Stefan Popescu, Rosas amarelas (pormenor), s.d.
Óleo sobre cartolina, 39×55,5 cm
Óleo sobre cartolina, 39×55,5 cm