Libreto
Bertolt Brecht
Antecedentes e resumo
Em 1928 estreava em Berlim a Ópera dos Três Vinténs de Kurt Weil e Bertolt Brecht, uma crítica à sociedade burguesa que tolera a existência dum mundo marginalizado, contraventor e corrupto, inspirada na "Ópera do Mendigo" de John Gay.
A propósito desta ópera porque não recordar a feliz apropriação de uma das suas canções mais conhecidas feita por Louis Armstrong.
A ópera passa-se no Soho, bairro pouco aristocrático da Inglaterra, no século XIX. Como personagem masculino principal, apresenta Macheath, um marginal ladrão, um elegante anti-herói, cercado de mendigos, ladrões, prostitutas e vigaristas e que explora assaltos e prostituição. Conhecido popularmente como "Mac the Knife", "Mac Navalha", é mulherengo e bígamo, pois embora casado com Lucy, filha de Tiger Brown, chefe de polícia, "casa" secretamente, num estábulo, com Polly, a filha do seu colega marginal, Peachum, "Rei dos Mendigos" – assim chamado por ser dono da casa de negócios "O Amigo do Mendigo": uma loja para organizar e vestir mendigos e deficientes. Como comerciante, Peachum dá cobertura ao seu grupo de pedintes. Ele não aprova o casamento da filha com Mac, planeia a prisão do genro e quer que ele seja condenado à forca. Porém Tiger Brown não quer prendê-lo, pois tinha servido o exército inglês na Índia com Mac de quem ficara amigo, para além de receber por fechar os olhos às infracções cometidas pelo marginal. Acaba por concordar em prender Mac, pressionado por uma ameaça de Peachum de que um bando de mendigos tiraria o brilho da festa da coroação da jovem rainha da Inglaterra, cuja segurança estava ao encargo de T. Brown. O polícia procura avisar Mac sobre sua prisão iminente, para que ele fuja de Londres. Navalha, porém, não abre mão da sua tarde de quinta-feira no seu bordel preferido e é preso, como consequência de uma traição de Jenny, a sua amante, e outras prostitutas que o delatam. Lucy, entretanto, ajuda Mac a fugir. Mas ele teima em voltar ao bordel. É recapturado e levam-no para ser executado. Já está no patíbulo, com a corda no pescoço, mas a pena é comutada, num "happy end" deliberadamente artificial: recebe perdão real, mas deve afastar-se, viver numa casa de campo, que lhe é dada, com 10.000 libras por mês.