O Festival de Jazz em Guimarães comemora este ano a sua 25ª edição. Com um percurso marcado por uma reconhecida coerência e integridade artística, o Guimarães Jazz, apesar do seu estatuto de festival de referência no panorama musical português, apresenta em 2016 um programa com os olhos no futuro e empenhado sobretudo no desvendar de horizontes profícuos para o jazz contemporâneo.
Entrevista a Ivo Martins (programador do Guimarães Jazz 2016), a Marco Barroso (diretor do LUME, Lisbon Underground Music Ensemble) e a Frederico Queiroz (diretor da Cooperativa Oficina que gere o Centro Cultural Vila Flor), por Paulo Alves Guerra, no Império dos Sentidos, a 3 de Novembro de 2016, sobre a 25ª edição do Guimarães Jazz.
Programa (sumário)
05 Novembro | 22h00
10 Novembro | 22h00
CCVF | Grande Auditório
Sfjazz Collective: The Music of Miles Davis & Original Composition
11 Novembro | 22h00
CCVF | Grande Auditório
Matt Wilson Quartet
12 Novembro | 17h00
CCVF | Pequeno Auditório
Quatro a Zero
12 Novembro | 22h00
CCVF | Grande Auditório
Rudresh Mahanthappa Bird Calls
13 Novembro | 17h00
CCVF | Grande Auditório
Big Band e Ensemble de Cordas da ESMAE
13 Novembro | 22h00
Black Box da Plataforma das Artes e da Criatividade
Projeto Guimarães Jazz / Porta-Jazz
16 Novembro | 22h00
CCVF | Grande Auditório
The Jamie Baum American-Polish Septet
17 Novembro | 22h00
CCVF | Grande Auditório
Ambrose Akinmusire Quartet
18 Novembro | 22h00
CCVF | Grande Auditório
Donny Mccaslin Quartet
19 Novembro | 17h00
CCVF | Pequeno Auditório
Adam Bałdych & Helge Lien Trio “Bridges”
19 Novembro | 22h00
CCVF | Grande Auditório
Charlie Haden’s Liberation Music Orchestra, com direção de Carla Bley
LUME + Banda Musical de Pevidém + Bjazz (Convívio Jazz Choir)
Este espetáculo inaugura a 25ª edição do festival e surge do convite dirigido pelo Guimarães Jazz a Marco Barroso para conceber e dirigir um concerto que agregasse, além do LUME, outras formações musicais locais numa grande orquestra. A integração da Banda Musical de Pevidém e do BJazz (Convívio Jazz Choir) foi uma escolha natural, uma vez que o propósito matricial do projeto seria, além de estabelecer vasos comunicantes entre o festival e a comunidade local, gerar pontos de aproximação e confluência entre grupos com características estéticas e musicais muito diferentes.
10 Novembro | 22h00
CCVF | Grande Auditório
San Francisco Jazz Collective: The Music of Miles Davis & Original Composition
Ao longo dos seus doze anos de existência, esta banda de formação variável manteve uma atividade regular baseada num método original de trabalho, que consiste em criar, em cada ano, oito novas composições e oito arranjos para composições de outros artistas que são posteriormente recriadas em concertos. O artista homenageado na temporada de 2016-17 pelo San Francisco Jazz Collective é o incontornável Miles Davis, cuja obra será revisitada através de novos arranjos para oito das suas composições. O concerto que se apresenta no Guimarães Jazz terá, portanto, dois momentos distintos: por um lado, a reinterpretação do legado do autor de Kind of Blue e, pelo outro, a apresentação das novas composições do grupo.
11 Novembro | 22h00
CCVF | Grande Auditório
Matt Wilson Quartet
Esta banda pratica uma música idiossincrática e inclassificável que viaja livremente pela história do jazz, desde as suas raízes até às linguagens mais vanguardistas, ao mesmo tempo que cita e desconstrói ludicamente diversos estilos musicais. A combinação da sensibilidade criativa de Matt Wilson, com o perfil multifacetado dos três músicos que o acompanham gera uma música difícil de catalogar e impossível de ser contida num género estilístico que, apesar de exigente, comunica com o seu ouvinte em múltiplos níveis de sentido e cria paisagens emocionais complexas e diversas, qualidades que fazem deste quarteto um dos mais vibrantes projetos do jazz atual.
12 Novembro | 17h00
CCVF | Pequeno Auditório
Quatro a Zero
O grupo brasileiro Quatro a Zero é um singular projeto musical baseado na reinterpretação do choro, uma das músicas tradicionais do Brasil, através do seu cruzamento com outras linguagens e estilos, entre as quais o jazz e a música erudita.
O sólido percurso deste quarteto num contexto que se pode qualificar de periférico em relação aos grandes centros de criação jazzística (a Europa e os Estados Unidos da América), a qualidade dos instrumentistas que o integram e a vontade do Guimarães Jazz em diversificar cada vez mais a sua abordagem ao fenómeno contemporâneo do jazz justificam plenamente a sua presença no festival. Os Quatro a Zero interpretam um repertório escolhido dentro do vasto universo do choro e tocam também as suas próprias composições, sendo que exprimem, em ambas variantes, uma música com uma dimensão lúdica e habitada pelo espírito da tradição musical do Brasil profundo e popular, na qual o choro é abordado sob o prisma da música contemporânea.
12 Novembro | 22h00
CCVF | Grande Auditório
Rudresh Mahanthappa Bird Calls
Considerado um dos músicos mais promissores e talentosos da nova geração do jazz, o multipremiado Rudresh Mahanthappa (n. 1971, Itália) é um saxofonista de ascendência indiana e sediado nos EUA.
Inspirado pelos seus antecedentes e pelo contacto com a música do saxofonista indiano Kadri Gopalnath, Mahanthappa começou desde cedo a desenvolver uma linguagem musical baseada no cruzamento do jazz progressivo com os elementos formais e antropológicos da música tradicional da cultura dos seus antepassados. “Bird Calls” é o mais recente projeto de Mahanthappa e consiste, genericamente, numa revisitação do legado musical e cultural da música de Charlie Parker, uma das mais importantes figuras da história do jazz. No Guimarães Jazz, Rudresh Mahanthappa apresentará as suas composições sincréticas, antropológicas e culturalmente desafiantes, exprimindo uma visão pessoal da música que transcende o jazz enquanto género ou linguagem.
13 Novembro | 17h00
CCVF | Grande Auditório
Big Band e Ensemble de Cordas da ESMAE
Composições e direção musical Jamie Baum
A vertente pedagógica do Guimarães Jazz é uma das dimensões mais importantes do festival.
Este projeto de direção da Big Band e do Ensemble de Cordas da ESMAE, atualmente uma das mais prestigiadas instituições académicas especializadas no ensino da música em Portugal, constitui, a par com os workshops, um dos eixos estruturantes dessa vocação formativa. Iniciada, nos moldes atuais, em 2012, esta parceria mantém a sua proposta de residência e trabalho de colaboração entre os alunos da ESMAE e o compositor designado para os dirigir, papel que é, este ano, assumido pela flautista norte-americana Jamie Baum. Assim sendo, o Guimarães Jazz voltará a proporcionar a um grupo de jovens músicos uma experiência criativa e profissional de elevada exigência, colocando-os em contacto com uma compositora com um currículo notável na direção de ensembles e com um estilo composicional centrado na conexão e na confluência de diferentes géneros e linguagens musicais.
13 Novembro | 22h00
Black Box da Plataforma das Artes e da Criatividade
Projeto Guimarães Jazz / Porta-Jazz
A terceira edição da parceria entre o Guimarães Jazz e a associação portuense de músicos Porta-Jazz tem como convidado principal o saxofonista português João Mortágua, que é acompanhado pelo trompetista Ricardo Formoso, pelo guitarrista Virxilio da Silva e pelo baterista/percussionista Iago Fernandez (todos eles provenientes da dinâmica cena jazzística galega), e ainda pelo contrabaixista/baixista alemão Felix Barth.
À semelhança dos anos anteriores, este projeto conta com a colaboração de um artista plástico, neste caso Hernâni Reis Baptista, que intervém na concepção e elaboração de um elemento cenográfico e visual, em formato de instalação, complementar ao concerto.
16 Novembro | 22h00
CCVF | Grande Auditório
The Jamie Baum American-Polish Septet
No Guimarães Jazz, Jamie Baum atuará acompanhada de músicos com origens e formações muito distintas, entre os quais se incluem os norte-americanos Zack Lober e Jeff Hirshfield, o venezuelano Luis Perdomo e três instrumentistas provenientes da dinâmica cena jazzística polaca – o saxofonista Maciej Obara, o saxofonista e clarinetista Irek Wojtczak e o trompetista Tomasz Dabrowski. Além da atuação em concerto, que certamente incidirá na reinterpretação do trabalho composicional mais recente de Jamie Baum em conjunto com os músicos polacos que tocarão pela primeira vez integrados nesta formação, a flautista terá a responsabilidade de conduzir as jam sessions e os workshops.
17 Novembro | 22h00
CCVF | Grande Auditório
Ambrose Akinmusire Quartet
Apologista de um jazz eclético, inclusivo e irradiante, Akinmusire explora instrumentações invulgares, integrando na sua música elementos habitualmente ausentes do jazz, tais como a experimentação vocal e a spoken word. No concerto do Guimarães Jazz, Ambrose Akinmusire atuará em quarteto, acompanhado por três jovens músicos e seus habituais parceiros criativos. As complexas composições de Akinmusire encontram neste ensemble o veículo ideal de expressão do seu singular universo musical ao mesmo tempo que acrescentam energia rítmica a uma música que contém também uma dimensão intensamente performática que só nas atuações ao vivo se pode ser realizada em pleno.
18 Novembro | 22h00
CCVF | Grande Auditório
Donny Mccaslin Quartet
Com uma sólida carreira de trinta anos no jazz, por três vezes nomeado para os Grammys, o saxofonista Donny McCaslin atua no Guimarães Jazz pela quarta vez.
McCaslin é, neste momento, um dos nomes mais mediáticos do jazz contemporâneo, em parte por consequência da sua contribuição para a composição e gravação de Blackstar, o último álbum editado em vida por David Bowie. O quarteto com que se apresenta no Guimarães Jazz é composto por três extraordinários músicos e seus habituais cúmplices criativos, também eles membros do ensemble responsável pela instrumentação da obra final da estrela planetária da pop. O Donny McCaslin Quartet editou recentemente um álbum, Beyond Now, inspirado pela experiência de trabalho da banda com David Bowie, pelo que é legítimo esperar que seja esse o elemento central do concerto do quarteto no Guimarães Jazz, naquela que será uma oportunidade do festival para homenagear um dos grandes músicos do nosso tempo.
19 Novembro | 17h00
CCVF | Pequeno Auditório
Adam Bałdych & Helge Lien Trio “Bridges”
O Adam Bałdych & Helge Lien Trio é um projeto que reúne alguns dos mais dinâmicos e promissores jovens músicos de jazz europeus da atualidade.
Esta formação, que junta o trio do pianista Helge Lien ao violinista Adam Bałdych, é o resultado profícuo da colaboração entre músicos de nacionalidades diversas (Polónia, Noruega e Dinamarca) e estilos musicais distintos empenhados em gerar ligações entre múltiplas sensibilidades musicais – o seu álbum de estreia, editado em 2015, intitula-se, muito apropriadamente Bridges, ou seja, pontes. A música deste trio, emocionalmente intensa e profundamente melódica, constitui um esforço de adaptação de sonoridades do passado para uma linguagem assumidamente moderna e aberta até aos sons da pop e da música urbana contemporânea. A horizontalidade da natureza desta parceria artística entre estes dois nomes emergentes do jazz contemporâneo permite, assim, a criação de uma música original e moderna na sua essência pela naturalidade com que cruza e faz confluir diferentes idiomas e formas de expressão musicais.
19 Novembro | 22h00
CCVF | Grande Auditório
Charlie Haden’s Liberation Music Orchestra
Após a morte de Charlie Haden, em 2014, a direção artística da orquestra foi integralmente assumida pela compositora e pianista Carla Bley, ela própria uma das figuras fundamentais do movimento do free jazz dos anos sessenta.
adquiridos na bilheteira do Centro Cultural Vila Flor, da Plataforma das Artes e da Criatividade,
nas Lojas Fnac, El Corte Inglés e Worten, e via online em www.ccvf.pt e oficina.bol.pt.