19 Maio 19h00
Grande Auditório
da Fundação Gulbenkian
Heroica de Beethoven
Programa
Guo Wenjing (1956) – Concerto para percussão e orquestra, The Rite of Mountains
Toccata and Elegy for marimba
Trio and Quartet for one gong
Trio and Quartet for one gong
Toccata for a group of gongs,
Largo-Allegretto-Largo
Recitative for drums, Moderato-Presto
Largo-Allegretto-Largo
Recitative for drums, Moderato-Presto
Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Sinfonia nº 3, em Mi bemol Maior, op. 55 , Heroica
Allegro con brio
Marcia funebre: Adagio assai
Scherzo: Allegro vivace
Finale: Allegro molto
Marcia funebre: Adagio assai
Scherzo: Allegro vivace
Finale: Allegro molto
The Rite of Mountains é uma obra em que Guo Wenjing, possivelmente o mais importante compositor chinês vivo, reflete sobre o terramoto que castigou a zona de Wenchuan em 2008, explorando a relação entre a catástrofe natural e a vida humana. A emblemática peça de Wenjing, será interpretada por Li Biao, um dos mais talentosos e reputados percussionistas asiáticos da atualidade. Na segunda parte, Muhai Tang dirige a Sinfonia Heroica de Beethoven, por seu lado testemunho de uma era de conflito e de mudança política e social.
Transmissão em direto
Realização e apresentação: João Almeida
Produção: Alexandra Louro de Almeida
Realização e apresentação: João Almeida
Produção: Alexandra Louro de Almeida
Guo Wenjing é hoje um dos principais compositores chineses vivos. Os seus extraordinários dotes permitiram-lhe fazer parte do restrito grupo de apenas cem estudantes que, de um total de 17.000 candidatos, entraram em 1978 para o Conservatório Central de Música de Pequim, reaberto nesse ano. Embora nunca tenha vivido fora da China, Wenjing tornou-se internacionalmente reputado aos 27 anos com a obra Suspended Ancient Coffins on the Cliffs in Sichuan. Já nessa obra o compositor revela o seu estilo: uma música que funde Europa e Ásia, música tradicional chinesa (e seus instrumentos populares, como o zheng ou o erhu) e influências de, entre outros, Penderecki, Bartók, Chostakovitch e Stravinsky. Como Chostakovitch, aliás, Guo Wenjing teve de batalhar desde cedo com um regime não democrático que, ora corteja, ora (discretamente) coloca em questão.
Mas se é a Stravinsky que The Rite of Mountains vai buscar o título, Wenjing não “copia” The Rite of Spring (“A sagração da primavera”), embora existam alusões óbvias. Às curtas cenas da “Sagração”, The Rite of Mountains opõe uma forma “clássica” em três andamentos, caraterizados não somente pelos tempos mas, principalmente, pelo timbre, timbre este que deriva dos instrumentos usados pelo solista, a que se juntam os instrumentos chineses tocados pelos membros da orquestra, instrumentos que dão à peça, juntamente com o uso de escalas pentatónicas, o seu sabor “exótico” tão particular. Assim, o primeiro andamento é dominado no solista pela marimba, o segundo pelos dez gongs de vários tipos, e o terceiro por vários tipos de tambores. O concerto, escrito para Li Biao, que o tornou “seu”, é uma resposta ao trágico tremor de terra que se abateu sobre a província montanhosa de Sichuan (terra natal de Wenjing) em 2008, e que tirou a vida, em particular, a milhares de crianças. O compositor revelou publicamente a sua vontade de exprimir nesta obra a compaixão que sentiu por essas crianças e a raiva pelo que lhes aconteceu, sem ignorar no entanto a esperança. Neste sentido, The Rite of Mountains junta-se à Sinfonia Heroica de Beethoven, como obra que, ao desafiar um destino trágico, lhe opõe a energia dessa esperança, sentimento que, no caso de Guo Wenjing, toma a forma de uma canção tradicional de Sichuan que se ouve a coroar o jubiloso final do concerto.
Mas se é a Stravinsky que The Rite of Mountains vai buscar o título, Wenjing não “copia” The Rite of Spring (“A sagração da primavera”), embora existam alusões óbvias. Às curtas cenas da “Sagração”, The Rite of Mountains opõe uma forma “clássica” em três andamentos, caraterizados não somente pelos tempos mas, principalmente, pelo timbre, timbre este que deriva dos instrumentos usados pelo solista, a que se juntam os instrumentos chineses tocados pelos membros da orquestra, instrumentos que dão à peça, juntamente com o uso de escalas pentatónicas, o seu sabor “exótico” tão particular. Assim, o primeiro andamento é dominado no solista pela marimba, o segundo pelos dez gongs de vários tipos, e o terceiro por vários tipos de tambores. O concerto, escrito para Li Biao, que o tornou “seu”, é uma resposta ao trágico tremor de terra que se abateu sobre a província montanhosa de Sichuan (terra natal de Wenjing) em 2008, e que tirou a vida, em particular, a milhares de crianças. O compositor revelou publicamente a sua vontade de exprimir nesta obra a compaixão que sentiu por essas crianças e a raiva pelo que lhes aconteceu, sem ignorar no entanto a esperança. Neste sentido, The Rite of Mountains junta-se à Sinfonia Heroica de Beethoven, como obra que, ao desafiar um destino trágico, lhe opõe a energia dessa esperança, sentimento que, no caso de Guo Wenjing, toma a forma de uma canção tradicional de Sichuan que se ouve a coroar o jubiloso final do concerto.
The Rite of Mountains foi composta em 2008-2009 e teve a sua estreia em Pequim, em 2009.
Muhai Tang nasceu em Xangai, na China. Estudou composição e direção de orquestra na Academia de Música de Xangai e na Escola Superior de Música de Munique. Posteriormente, trabalhou dois anos com o maestro Herbert von Karajan, tendo então dirigido a Orquestra Filarmónica de Berlim com grande sucesso. Foi também maestro associado no Tanglewood Music Centre, em Boston, com o maestro Seiji Ozawa. Foi Diretor Musical e Maestro Principal de várias orquestras, incluindo a Orquestra Gulbenkian (1988-2001), a Sinfónica de Queensland (Austrália), a Filarmónica Real da Flandres (Bélgica), a Orquestra de Câmara de Zurique, a Sinfónica Nacional da China, a Filarmónica de Xangai e a Filarmónica de Belgrado. Como maestro convidado, dirigiu outras importantes orquestras como a Sinfónica NDR (Hamburgo), a Filarmónica de Oslo, a Filarmónica de São Petersburgo, a Filarmónica de Dresden, a Sinfónica NHK (Tóquio), a Orquestra Verdi de Milão, a Filarmónica de Estugarda, ou a Filarmónica de Hong-Kong.
Filho de um famoso realizador de cinema chinês, Muhai Tang tem uma profunda afinidade com as artes de palco, nomeadamente a ópera e o bailado. Foi Maestro Principal da Ópera Nacional Finlandesa, para a qual dirigiu produções de Madama Butterfly, Tosca, La rondine, Boris Godunov, As bodas de Figaro, La traviata, Turandot, O cavaleiro da rosa e A Dama de Espadas, bem como os bailados A sagração da primavera e O lago dos cisnes. Em 2007 dirigiu a ópera Tea, de Tan Dun, com a Filarmónica Real de Estocolmo.
Muhai Tang desloca-se frequentemente à China, onde trabalha regularmente com as principais orquestras chinesas. Em 1999 dirigiu a primeira apresentação de sempre de uma ópera de Wagner na China, O navio fantasma. Em 2002 foi o maestro da estreia absoluta da obra Iris Devoilée, de Chen Qigang, em Paris, tendo posteriormente dirigido a mesma obra no Festival Internacional de Música de Pequim.
Muhai Tang gravou para várias editoras discográficas. Em 2002, o CD preenchido com concertos para guitarra e orquestra de Christopher Rouse e Tan Dun, com a Orquestra Gulbenkian e Sharon Isbin (Teldec), recebeu um prémio Echo Klassik e um prémio Grammy.
Muhai Tang gravou para várias editoras discográficas. Em 2002, o CD preenchido com concertos para guitarra e orquestra de Christopher Rouse e Tan Dun, com a Orquestra Gulbenkian e Sharon Isbin (Teldec), recebeu um prémio Echo Klassik e um prémio Grammy.
Li Biao nasceu em Nanquim, na China. Estudou percussão no Conservatório Central de Música de Pequim, no Conservatório Tchaikovsky de Moscovo e no Conservatório de Munique. Foi premiado em vários concursos internacionais, tendo vencido o Concurso de Percussão de Debrecen, na Hungria, em 1993. Iniciou então uma frutuosa colaboração com as principais orquestras chinesas e com muitas orquestras europeias, incluindo a Sinfónica da Rádio da Baviera, a Sinfónica de Bamberg, a Orquestra da Ópera de Verona, a Filarmónica Checa, a Orquestra Nacional de Lyon, a Orquestra de Câmara Franz Liszt, a Sinfónica da Rádio Polaca, ou a Sinfónica Nacional da Bulgária, sob a direção de maestros de renome como Mstislav Rostropovich, Christoph Eschenbach, Lawrence Foster, ou Jonathan Nott, entre outros.
Li Biao é um dos principais percussionistas da atualidade, abordando um repertório vasto e diversificado. Atuou nas principais salas de concertos e festivais em mais de setenta países, apresentando-se também regularmente com o Li Biao Percussion Group. Em 2008, o Li Biao Percussion Group atuou na cerimónia de encerramento dos Jogos Olímpicos de Pequim. Em 2010, Li Biao foi convidado a assumir as funções de Diretor Musical do Festival Internacional de Música Mercedes-Benz e do Festival Internacional de Percussão do China National Centre. Em 2012 colaborou com a Filarmónica de Londres no âmbito dos Jogos Olímpicos de Londres.
Desde 2011, Li Biao desenvolve também, em paralelo, uma carreira como maestro, tendo tido como mentores os maestros Christoph Eschenbach e Lawrence Foster. Em 2012 foi nomeado artista em residência e Maestro Convidado Principal da Orquestra Sinfónica de Pequim. Dirigiu mais de vinte orquestras na Europa, tendo em 2013 sido convidado a dirigir a Orquestra Filarmónica Arturo Toscanini no concerto de abertura do Festival Verdi, por ocasião do 200.º aniversário do nascimento do compositor italiano. Em 2014 foi nomeado Diretor Musical e Maestro Principal da Orquestra do Teatro Nacional de Ópera e Dança da China.
Este concerto tem outras duas apresentações:
– Na Fundação Gulbenkian, no dia 18 às 21h00
– No Teatro Municipal Joaquim Benite, em Almada, no dia 20 de Maio às 21h30.