14º Festival Internacional Douro Jazz
A edição deste ano do Douro Jazz é marcada por duas linhas de programação que entrecruzam vozes femininas com a composição e instrumentação virtuosas de jovens talentos nacionais.
Na primeira linha, e a abrir o festival, a atuação da consagrada cantora Maria João com o trio Budda Power Blues, pelo universo mágico dos blues.
Num segundo concerto, oportunidade de conhecer a voz de Beatriz Pessoa, cantora e compositora de registo intimista, fresco e suave, entre a pop e o jazz.
Uma outra voz feminina, a fechar o festival, é a da surpreendente e prolixa Carmen Souza, baptizada pela imprensa internacional como a ‘Ella Fitzgerald de Cabo Verde’ ou ‘a nova Cesária Évora’. Carmen Souza estabelece diálogos com uma diversidade grande de vozes do jazz (incluindo, não por coincidência, a de Maria João) e de géneros musicais, do jazz à world music, do fado ao samba, da morna à bossa nova, incluindo o ‘blues cabo-verdiano’.
O Douro Jazz também abre espaço para músicos da região, num concerto do colectivo Os Putos do Jazz, seguido por uma ‘jam session’ aberta à participação de outros músicos vila-realenses.
O virtuosismo de uma nova geração de artistas nacionais é representado nesta edição do Douro Jazz pelo projecto Home, liderado pelo acordeonista João Barradas, Prémio Jovens Músicos em 2016, e pelo compositor e multi-instrumentista Bruno Pernadas, presença crescente em palcos de jazz e de grandes festivais de Verão da música em Portugal.
O público infanto-juvenil é contemplado este ano com um espectáculo sobre jazz, poesia e hip hop. ‘Jazzhop!‘ é uma viagem no tempo e no espaço em busca das ligações entre a música e a palavra.
O programa paralelo aos concertos compreende a exposição ‘Excertos da Colecção de Francisco Vicente de Sousa, Um Amante de Jazz‘, apresentando alguns dos discos de vinil deste transmontano por adopção, grande coleccionador, frequentador e divulgador de jazz.
A encerrar a edição deste ano, e logo após o concerto de Carmen Souza, realiza-se uma festa, aberta a todos, em que o vinho Douro Jazz ao som de alguns dos vinis daquela coleção são os principais ingredientes.
Programação
Budda Power Blues & Maria João
Blues ExperienceApós alguns concertos juntos, Budda Power Blues e Maria João decidem unir esforços e talentos na criação de um disco “a dois”. Budda assume as composições e letras e Maria João empresta a voz e todo o seu talento para um disco intitulado ‘Blues Experience’. Trata-se de uma experiência no mágico universo dos blues onde Maria João deixa cair o seu registo icónico para se apoderar das canções e dar vida às letras, muitas das vezes em dueto com Budda, considerado o melhor músico de blues do país.
A rudeza de Budda Power Blues alia-se à delicadeza de Maria João, encontrando-se algures num meio termo para criar uma sonoridade própria e especial.
Falamos de um disco de blues, mas desengane-se quem possa pensar que se trata de um exercício de estilo. Trata-se de blues do século XXI, amplamente influenciado por todas as sonoridades que fazem parte do quotidiano de Maria João, Budda, Nico Guedes e Pedro Ferreira, os quatro intervenientes deste disco.
Composto por 10 canções que versam sobre assuntos muito pessoais e frequentemente autobiográficos, ‘Blues Experience’ é um disco que percorre várias linguagens dos blues, resultado do desafio lançado por Budda a Maria João.
Pequeno Auditório
Rui Guilherme Cardoso, guitarra eléctrica
Daniel Almeida, baixo eléctrico
Diogo Tildes, bateria
Nascido das ‘Jazz Sessions’ realizadas no Club de Vila Real, este quarteto é constituído por jovens músicos vila-realenses que se têm dedicado ao estudo deste género musical ao longo dos últimos anos.
A intenção dos Putos é a de fomentar nos jovens o gosto pelo jazz e manter viva a chama dos melómanos, procurando igualmente captar a atenção da comunidade transmontana e alto-duriense.
Pequeno Auditório
Bruno Pernadas, guitarra, sintetizador, sampler e composição
João Correia, bateria e sampler
Nuno Lucas, baixo eléctrico
Margarida Campelo, voz, teclados e sintetizador
Francisca Cortesão, voz e guitarra
Afonso Cabral, voz e guitarra
Diogo Duque, trompete e flugelhorn
João Capinha, sax alto/tenor/soprano
Raimundo Semedo, sax tenor/soprano/barítono
Those who throw objects at the crocodiles will be asked to retrieve them
Café-Concerto
Margarida Campelo, teclado e voz
João Hasselbergm, baixo
João Lopes Pereira, bateria
Cantora e compositora de registo intimista, fresco e suave, Beatriz Pessoa tece os seus temas originais no universo da pop e do jazz. Disso é prova o seu primeiro EP, ‘Insects’ (2016), onde se faz acompanhar por um grupo de músicos talentosos que desde cedo fazem parte do seu percurso.
‘You Know’, tema de avanço do EP de estreia, roda nas rádios nacionais e integra a colectânea NOVOS TALENTOS FNAC 2017. O vídeo contou com a direção de João Pedro Moreira (Branko, Ana Moura, entre outros). ‘Disguise’, o segundo single, tem um videoclip realizado pela fotógrafa Joana Linda, no ambiente cinematográfico do 1908 Lisboa Hotel.
Licenciada em jazz na Escola Superior de Música de Lisboa, vertente canto, Beatriz Pessoa é uma compositora, cantora e instrumentista que tem no jazz um DNA perfeitamente reconhecível, mas também na pop, igualmente assumida, com influências como Lianne La Havas e Laura Mvula.
Pequeno Auditório
Projecto vencedor do Prémio Jazz Combo, do Prémio Jovens Músicos 2016
Grande Auditório
Carmen Souza
A par do seu trabalho discográfico, desde 2005 que Carmen Souza percorre o mundo em digressões sucessivas, participando em festivais como North Sea Jazz Festival, San Francisco, Monterrey, Montreal, London African Music Festival ou Laverkusener JazzTage Festival. Vários dos seus concertos foram transmitidos por algumas das mais importantes estações de rádio e televisão. O seu trabalho foi motivo de estudo e investigação por etnomusicólogos.
Carmen Souza é hoje uma personalidade forte da world music e uma das cantoras de jazz de mais sucesso. Em 2017, ano em que edita ‘Creology’, Carmen Souza volta a afirmar-se como um nome a reter na cena jazzística mundial.
E ainda…
Pequeno Auditório
JazzHop!
Um espectáculo sobre jazz, poesia e hip hop
Contribuições musicais: André Carvalho (scratch), José Miguel Pereira (contrabaixo), Tiago Vaz (bateria)
Produção: Serviço Educativo do Jazz ao Centro Clube
Viajamos no tempo e no espaço em busca das ligações entre a música e a palavra… Há sempre uma história ou uma canção que contam quem nós somos.
Como a palavra é mágica, vamos descobrir como pessoas iguais a nós cultivaram a palavra para comunicarem entre si e com o Mundo todos os sentimentos, desde a mais profunda tristeza até ao riso mais sonoro.
Como a música nos transporta para outros mundos, temos licença poética para descobrir outras terras e viajar até ao passado para descobrir mais sobre outros que também colocaram as mesmas questões que nós e que acharam na palavra dita e cantada a forma perfeita para espantar seus males.
Maravilha de viagem, esta, em que aprendemos cantando!‘Jazzhop’ é um espectáculo que visa propiciar uma experiência rica a adolescentes. Através de uma linguagem musical que hoje é conhecida pela maioria das crianças e jovens, o espectáculo enaltece a magia da palavra e o poder da música enquanto formas de (re)conhecimento do Outro e construção do Eu.
Foyer do Grande Auditório
recordações, revistas e livros sobre a matéria, foi contemporâneo e conviveu com Luís Villas-Boas, José Duarte (que o cita num dos seus livros) e Manuel Jorge Veloso — com eles viajou aos EUA no início dos anos 70 para assistir ao mítico Festival de Jazz de Newport e conhecer o ambiente único dos bares de jazz novaiorquinos.
Em Portugal foi frequentador desde o primeiro momento dos grandes festivais, nomeadamente o pioneiro e revolucionário Cascais Jazz, e chegou mesmo a receber em sua casa em Bragança o músico e contrabaixista Bernardo “Binau” Moreira e os seus filhos, todos grandes músicos de jazz. Entre os anos 80 e 90 realizou um programa de jazz na Rádio Brigantia e as famosas “Jazz Sessions” no Bar Bô, nas quais várias gerações de brigantinos tomaram o primeiro contacto com este mundo tão peculiar, que ora se estranha, ora se entranha… Citando o título de um tema/CD da cantora Maria Morbey: um “bichinho esquisito”.