Entrada Gratuita
Mário Teixeira, percussão
Programa
Estreou numerosas obras para agrupamento contemporâneo, para grupo de percussão, música de câmara e solo. Dedicando-se essencialmente à música contemporânea, os seus interesses passam também pela música clássica, tendo variadas experiências no âmbito do Jazz e do Rock.
Tocou com Henry Bock, Ivan Monighetti, Maria Schneider, Umo Jazz Orchestra, Maria João, John Zorn, Pedro Burmester, Fausto Neves, entre outros. Colaborou com as orquestras Régie Sinfonia, Orquestra do Norte, Orquestra Nacional do Porto, Orquestra Sinfónica Portuguesa, Orquestra Metropolitana de Lisboa, Oficina Musical, Orquestra da EPME, Círculo Portuense de Ópera, Ictus Ensemble (Bélgica), Plural Ensemble (Espanha), Quarteto de Pianos de Madrid, Orquestra Gulbenkian e Coro Gulbenkian. Leccionou no Conservatório de Aveiro, no Conservatório de Braga e na Escola Profissional de Música de Espinho.
Leciona percussão na Universidade de Aveiro, desde 1999. É membro fundador do Drumming – Grupo de Percussão, membro do Remix Ensemble, do grupo Performa, Camerata Nov’arte e do Magnet Duo.
É praticante de Tai Chi Chuan.Sobre as composições
– “de…” (2017) de Pedro Berardinelli
de…, para instrumentos de madeira (Marimba, Woodblocks e Schlitztrommel), pertence a um conjunto de obras solo cuja origem advém de um contacto próximo com o instrumento. Deste contacto é extraída uma vasta quantidade de matéria (som), de qualidade tão intrínseca e indissociável do instrumento, como, por vezes, tão ausente da sua abordagem corrente. A partir daqui, um caminho próprio e inerente ao instrumento (de entre tantos outros possíveis) é tão procurado, como sugerido pela própria matéria.
No que concerne à Marimba, a abordagem ao instrumento passa por encará-lo como um conjunto de lâminas de madeira de diferentes tamanhos. Com estas lâminas, pode-se controlar a coexistência do que as põe em vibração, do tipo de ataque que as põe em vibração, do ponto de ataque onde é gerada a vibração e da porção da lâmina que vibra.
A peça foi composta por encomenda da Arte no Tempo, com financiamento da Direcção Geral das Artes, tendo sido estreada por Mário Teixeira no Teatro Aveirense, no âmbito da bienal Aveiro_Síntese, a 22 de Fevereiro de 2018.- “[sem título]” (2018) de Diogo Silva
A presente peça foi composta por encomenda da Arte no Tempo, com financiamento da Direcção Geral das Artes, tendo sido estreada por Mário Teixeira no Teatro Aveirense, no âmbito da bienal Aveiro_Síntese, a 22 de Fevereiro de 2018.- “Nature contre nature” (1996-2005) de Jean-Claude Risset
Nesta peça dedicada a Thierry Miroglio, o computador instiga o intérprete, pelo exemplo, a executar protocolos rítmicos contranatura. Estes paradoxais comportamentos rítmicos, estudados pelo autor, assim como por Knowlton, Bregman e Warren, parecem contradizer a estrutura sonora: as contagens interiores não se reduzem ao tempo cronométrico. De tais “ilusões rítmicas” sobressai a natureza da percepção auditiva que, por vezes, vai ao encontro da natureza física do som: natureza contra natureza.
O primeiro exercício induz variações rítmicas a tocar não sobre o próprio tempo, mas sobre o conteúdo dos sons; as diferenças de intensidade ou de timbre provocam cisões melódicas que originam figuras rítmicas “ilusórias”, um processo demonstrado por Van Noorden, Wessel e Arom e ilustrado por Ligeti no seu sexto estudo para piano. O segundo exercício consiste em acelerar ou desacelerar mantendo uma pulsação invariável, desdobrando pulsações. O terceiro sugere acelerações infinitas, como uma serpente rítmica mordendo a própria cauda, ou accelerandi que conduzem a uma pulsação final mais lenta do que a inicial. No quarto exercício, a eletrónica prossegue com as acelerações paradoxais rumo ao caos, tirando o chapéu às formas estocásticas de Xenakis e às máquinas delirantes (ou desejantes) de Ligeti. O solista encontra-se neste curso desordenado, concluindo a obra com uma breve cadência.
Além dos sons de síntese, alguns sons da instrumentação acústica de Thierry Miroglio vêem-se repercutidos e transformados pelo computador.
Os compositores
Pedro Berardinelli (Viseu, 1985) iniciou os seus estudos musicais no Conservatório da sua cidade natal. Em 2004 ingressou no curso de Licenciatura em Ensino de Música – Composição da Universidade de Aveiro, onde em 2005/06 lhe foi atribuída bolsa de mérito por aproveitamento escolar excepcional. No âmbito da Licenciatura elaborou uma dissertação sobre “Improvisation I – für ein Monodram de Emmanuel Nunes”. Em 2012, completou o Mestrado em Composição, na mesma Universidade, com um trabalho final sobre a música de Pierre Boulez.
Desde o início dos seus estudos musicais, frequentou regularmente os seminários de Emmanuel Nunes, na Fundação Calouste Gulbenkian. Posteriormente, teve alguma orientação particular com este compositor, com forte impacto na sua formação.
No ano lectivo 2014/15 concluiu com nota máxima o seu segundo Mestrado em Composição Instrumental Contemporânea, no Centro Superior de Enseñanza Musical Katarina Gurska (Madrid). Aqui, teve como tutores os compositores Alberto Posadas e José Luís Torá, tendo ainda aulas com Pierluigi Billone, Aureliano Cattaneo, Pierre Strauch, Till Knipper, entre outros. No contexto do seu projeto final de Mestrado, escreveu uma obra solo para a fagotista Lorelei Dowling.
Em 2016 foi selecionado para a Academia de Composição do Festival Musica (Estrasburgo) onde trabalhou com o Quatuor Diotima. Participou nos Stockhausen-Kurse, Impuls, bem como em outros cursos, aulas e seminários com compositores como Philippe Manoury, Chaya Czernowin, Mark Andre, Stefano Gervasoni e Rebecca Saunders, entre outros.
Concluiu em 2017, com nota máxima, a pós-graduação em Composição na Kunstuniversität Graz, onde estudou com Clemens Gadenstätter e Beat Furrer. Reside presentemente em Graz, prosseguindo os seus estudos na mesma universidade.
Diogo Santos Silva (Santa Maria da Feira, 1982) iniciou os estudos musicais na Academia de Música de Santa Maria da Feira aos seis anos de idade. Frequentou inicialmente o Curso Complementar de Instrumento (Flauta Transversal), tendo posteriormente estudado guitarra como 2º instrumento. Frequentou, na mesma academia, aulas de percussão durante 2 anos.
Ingressou o Curso de Física/Matemática Aplicada (Astronomia) na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto no ano 2000, tendo frequentado o 3º ano curricular. Em 2006 ingressou a licenciatura em Música – Composição, no Departamento de Comunicação e Arte da Universidade de Aveiro, onde estudou composição com Virgílio Melo. Terminou em Julho de 2016 o Mestrado em Ensino de Música, ramo de Composição, com a apresentação e defesa da Tese “Contraponto em ATC II – Uma abordagem diferente ao curriculum da disciplina”.
Actualmente é professor de Teoria e Análise Musical e Física do Som na Escola Profissional de Arte de Mirandela.
Igor C. Silva (Porto, 1989) é um compositor dedicado à interação entre instrumentos, eletrónica e meios multimédia, na qual músicos, eletrónica e psicadelismo se conjugam em experiências multissensoriais. Trabalha também regularmente com solistas, grupos de jazz e ensembles, dedicando parte da sua atividade musical e compositiva à improvisação e performance interactiva com eletrónica e meios multimédia. A sua música tem sido encomendada e apresentada por vários ensembles, solistas, orquestras e festivais, assim como gravada em vários cd’s incluindo os álbuns “Chuva Oblíqua”, “Press The Keys”, e o novo CD duplo da Casa da Música com obras para orquestra e ensemble.
Em 2012 foi o Jovem Compositor em Residência na Casa da Música, tendo recebido várias encomendas, trabalhando com grupos como a Orquestra Sinfónica do Porto e Remix Ensemble, entre outros. Em 2015 foi também Compositor Residente nos estúdios da Miso Music, iniciando uma nova obra multimédia que será estreada em 2017.
Foi galardoado com diversos prémios, incluindo o 1º Prémio dos concursos “Composição Casa da Música/ESMAE” (2009) [“Terminus”, para viola, electrónica em tempo real e iluminação], “5º Concurso Internacional de Composição da Póvoa de Varzim” (2010) [“FlipBook”, para quinteto e electrónica] e “Concurso Internacional de Composição Jorge Peixinho/GMCL” (2015) [“Blood Ink”, para pequeno ensemble e electrónica].
Em 2015, a sua “You Shoud Be Blind to Watch TV” (ensemble e electrónica) foi distinguida no International Rostrum of Composers na Estónia e, em 2016, pelo Ossia-Ensemble em Nova Iorque.
Em 2016, “Frames#87” (clarinete, electrónica e vídeo) foi selecionada para o World Music Days Festival na Coreia do Sul. Em projetos futuros destacam-se concertos em vários festivais incluindo o Gaudeamus MuziekWeek (Holanda, onde actualmente reside), estreias de novas obras multimédia e concertos em Espanha, Holanda, Bélgica, Áustria, Coreia, entre outros.
Jean-Claude Risset (Puy, 1938 – Marselha, 2016) foi um notável compositor e investigador. Fez estudos científicos e musicais, tendo estudado piano e composição na Ecole Normale Supérieur, com André Jolivet. Trabalhou nos Laboratórios Bell com Max Matthews nos anos sessenta, desenvolvendo recursos musicais da síntese sonora por computador (imitação de instrumentos, incluindo sons de síntese por computador de metais; paradoxos de alturas; síntese de novos timbres; processos de desenvolvimento sónico; catálogo de sons sintetizados, 1969). Foi Diretor do Departamento de Informática do IRCAM (1975-1979). No M.I.T. Media Labs, desenvolveu, em 1989, o primeiro “Dueto para um pianista”, em que o pianista dispara o acompanhamento no mesmo piano, o qual depende do que e quando o pianista toca. Foi Diretor de pesquisa no CNRS, trabalhando em música por computador em Marselha. Pelo seu trabalho pioneiro na música por computador, recebeu o primeiro Golden Nica (Ars Electronica Prize, 1987), Grand Prix Musica Nova (Praga, 1995), 1º prémio EAR 97 para música mista e electrónica ao vivo (Rádio Húngara), o Quartz d’honneur Pierre Schaeffer 2008, o Giga-Hertz-Grand-Prize 2009 e a mais alta distinção em França, tanto em música (Grand Prix National de la Musique, 1990) como em ciências (Medaille d’Or, Centre National de la Recherche Scientifique, 1999).