A 14 de Julho assinala-se o centenário do nascimento de uma figura maior do cinema, Ingmar Bergman (1918-2007) e a Antena 2 comemora esta data, dedicando-lhe um programa especial.
Ingmar Bergman – 100 anos
Programa especial
por Inês N. Lourenço
14 Julho | 17h00
15 Julho 14h00 | 20 Julho 05h00 (repetição)
15 Julho 14h00 | 20 Julho 05h00 (repetição)
Para ouvir, clicar aqui.
A crítica de cinema Inês N. Lourenço percorre, entre as palavras e os filmes, a natureza do olhar de Bergman e o modo como a infância contaminou a sua expressão artística.
A música de Johann Sebastian Bach ilumina o caminho deste programa exclusivamente dedicado a uma das vozes mais singulares da história do cinema, à sua vida e obra, tal como as deixou escritas na autobiografia Lanterna Mágica.
Ingmar Bergman nasceu em Upsala, na Suécia, a 14 de julho de 1918. Filho de um pastor luterano e de uma enfermeira, o seu interesse pelo teatro e pelo cinema foi precoce, como mostra um episódio na sua infância, em que troca a sua coleção de soldadinhos de chumbo por um pequeno projetor – uma lanterna mágica – ganho pelo seu irmão mais velho. A partir dos 11 anos, monta teatros de marionetas, criando os cenários e experimentando efeitos de luz.
Durante os estudos superiores, dedica-se ao teatro universitário, entre 1937 e 1940. Foi encarregue pela SF (Svensk Filmindustri) de reescrever argumentos; o seu primeiro argumento original, Tormentos, foi rodado em 1944 por Alf Sjoberg, e ele próprio realizou o seu primeiro filme, Crise, em 1945.
Aos 26 anos, assumiu a direção do respeitado teatro da cidade de Helsingborg, um dos mais prestigiosos da Suécia, tornando-se o diretor de teatro mais jovem da Europa. Depois de dirigir o Teatro Municipal de Helsinborg (1944-1945), foi encenador nos teatros de Goteborg (1946-1949), de Malmoe (1953-1960) e, finalmente, no Teatro Dramático de Estocolmo, o teatro nacional sueco, do qual acabaria por se tornar diretor, entre 1963 e 1966.
Antes da sua dedicação ao cinema, Bergman foi um homem do teatro, com uma carreira iniciada aos 19 anos, como diretor de um grupo amador de Estocolmo, e até 2002, montando cerca de 170 espetáculos (incluindo para a rádio).
Bergman não só escreveu peças, como também adaptou obras de terceiros, revelando um talento particular como encenador, atualizando a interpretação de textos clássicos e reinventando a importância de dramaturgos como Strindberg, Ibsen, Albee, Shakespeare, Molière, Tchekhov, Pirandello e tantos outros.
Bergman não só escreveu peças, como também adaptou obras de terceiros, revelando um talento particular como encenador, atualizando a interpretação de textos clássicos e reinventando a importância de dramaturgos como Strindberg, Ibsen, Albee, Shakespeare, Molière, Tchekhov, Pirandello e tantos outros.
A par do seu trabalho no Teatro, dedica-se ao Cinema, filmando de preferência no verão, obras como: A Prisão (1948-1949), Monika e o Desejo (1952), Sorrisos de uma Noite de Verão (1955) – que obtém o Prémio especial do Júri no Festival de Cannes em 1956 -, O Sétimo Selo (1956), Morangos Silvestres (1957), O Rosto (1958), Em busca da Verdade (1961), O Silêncio (1962), Persona / A Máscara (1965), Lágrimas e Suspiros (1972). Uma filmografia impressionante com a sua marca pessoal e praticamente todos escritos por si.
Durante a rodagem de O Sétimo Selo
O seu primeiro grande trabalho para a televisão, Cenas da Vida Conjugal (1972), fascina toda a Suécia; desse trabalho foi feita uma versão para cinema em 1974, ao mesmo tempo que Bergman rodava para a televisão, a ópera de Mozart, A Flauta Mágica.
Na sequência de um conflito com o fisco que se transformou em caso judicial, Bergman abandonou temporariamente a Suécia, instalando-se em Munique, na Alemanha. É lá que roda O Ovo da Serpente (1977), e Da Vida das Marionetas (1979-1980). Na Noruega filma Sonata de Outono (1978).
Imagem do filme Fanny e Alexander
Regressado à Suécia, realizou Fanny e Alexandre (1981-1982), obtendo seis nomeações para os Óscares de Hollywood e vencendo quatro deles. Fez ainda alguns trabalhos para a televisão, dos quais Depois do Ensaio (1983) e um pequeno filme consagrado às fotografias feitas a sua mãe, e continuou a trabalhar no teatro como encenador.
Em 1987 publicou a sua autobiografia, Lanterna Mágica.
Ao longo da sua vida, conquistou as maiores consagrações existentes na Sétima Arte: 3 Óscars de melhor filme estrangeiro, 6 Globos de Ouro e inúmeros prémios em festivais em todo o mundo, incluindo os de Cannes, de Berlim e de Veneza.
Nos seus últimos anos, viveu na pequena ilha sueca de Faro, quase em reclusão. Na noite de 30 de julho de 2007, Ingmar Bergman morre durante o sono.
Ingmar Bergman com a atriz Liv Ullmann.