LibretoThomas Sauvage
EstreiaÓpera-Cómica, Paris em 18 de maio de 1849
AntecedentesNo final dos anos 40 do séc. XIX, Adolphe Adam era um homem bem sucedido mas metido numa série de complicações, muitas delas a nível financeiro.
Tudo começou por volta de 1845 quando Adam se envolveu numa querela com o novo director da "Opéra-Comique". Como consequência, fechavam-se para Adam as portas daquela que era a sua principal arena de trabalho, levando o compositor a embarcar num projecto cujo fim seria a criação de uma terceira casa de ópera em Paris, a Opéra-National. O projecto não correu muito bem e acabou mesmo por se revelar ruinoso.
Adam viu-se assim forçado a entrar numa corrida contra o tempo para limpar o seu nome. Hipotecou a sua casa, vendeu a sua mobília e entregou-se num frenesim criativo de modo a poder garantir o sustento da sua família. Quase inacreditavelmente, passados nove anos de trabalhos forçados, Adam conseguiu-se livrar do peso das dívidas e da má fama.
Foi durante esses anos de trabalho forçado que Adam compôs alguns dos seus melhores e mais importantes trabalhos entre os quais Le Toréador, Giralda e Si j’étais Roi.
Das três óperas, Giralda foi a primeira a ser composta, mas mesmo com um novo director na Opéra-Comique, os seus trabalhos continuaram a ter dificuldades em ser apresentados naquele teatro, fazendo com que esta ópera permanecesse apenas na partitura até 1850.
Assim surge Le Torédor que vem reclamar um espaço há muito era devido a este compositor.
Segundo as palavras do próprio:
"Era necessário que eu acumulasse os rendimentos provenientes dos direitos de autor para poder pagar os meus credores: a Giralda foi rejeitada e eu fiquei sem saber o que fazer. O meu tenor, Mocker veio então ter comigo para pedir que eu escrevesse um interlúdio para ele. Esse interlúdio tinha como fim uma gala de beneficência e por isso foi-me avisado que só seria interpretado uma vez. (…) Nada me garantia que eu ganhasse alguma coisa com isso, mas era trabalho, e para mim trabalho era felicidade e esperança. (…) Assim escrevi "Le Toréador" em apenas seis dias. (…) Durante os ensaios o interlúdio assumiu tais proporções que a noite de gala foi adiada por um mês."
De facto de apenas três cenas, o interlúdio cresceu até se tornar numa pequena ópera cómica em dois actos. Mesmo o nome sofreu algumas alterações: Primeiro apenas "Le Toréador"; depois adoptou popularmente o nome de "Ah! Vous dirai-je, maman" – uma alusão clara às variações sobre a famosa canção tradicional com o mesmo nome e que Coraline canta no decorrer da acção; Finalmente Adam decide-se pelo nome de Le Toréador ou l’Accord parfait", este sub-titulo, uma referência clara à escandalosa "ménage à troi" que fecha esta ópera e que foi banida imediatamente a seguir à primeira apresentação.
"Le Toréador" foi assim considerado um sucesso, de tal maneira que a multidão que quis assistir à estreia ultrapassava em muito a capacidade do teatro e desde logo «O toureiro» foi considerada a ópera mais popular do compositor, tendo ficado em cena, quase ininterruptamente, até 1869 – cerca de 24 anos.
ResumoA história tem lugar em Barcelona. Carolina, por ordem do seu tio o Alcaide de Barcelona, regressa de França e casa com Dom Belflor, um velho toureiro reformado. Com a ajuda de Tracolin, um apaixonado do tempo em que cantava em Paris, consegue expor a infidelidade do marido e ameaça-o com o divórcio. Belflor, receando perder o dote de sua esposa, promete mudar o seu comportamento. No entanto Carolina, não confiando no seu marido, exige que alguém garanta a sua conduta. Tracolin oferece-se então para ficar e garantir a mudança de comportamento de Belflor. O final da ópera é assim bem mais harmonioso do que moralista, sendo que a ópera acaba com os três personagens a pensar nas vantagens que podem resultar desta improvisada "ménage à trois".