Libreto: Salvatore Cammarano
Estreia: (Viena) Kärntnertor, 5 de Junho de 1843
Personagens
Maria de Rohan
Duque de Chevreuse
Riccardo, Conde de Chalais
Gondi
Antecedentes"Por mais que me esforçasse, não consegui fugir à corrente de aplausos… Tudo, absolutamente tudo, correu na perfeição".
Assim se refere Donizetti, numa sua carta, à estreia da sua 2ª ópera escrita para o Teatro Kärntnertor de Viena – estreia que ele próprio dirigiu com Eugenia Tadolini e Giorgio Ronconi nos principais papéis.
Esse espectáculo teve lugar no dia 5 de Junho de 1843.
A ópera referida era "Maria di Rohan".
A 19 de Maio de 1842 estreava em Viena "Linda de Chamounix", a 1ª ópera escrita por Donizetti para o Teatro Kärntnertor, cujo cargo de Director Musical da Temporada Italiana acabara de assumir.
Com esse cargo assumia igualmente a obrigação de escrever uma nova ópera todos os anos. Assim, depois de "Linda de Chamounix", em Maio de 1842, seguiu-se, em Junho de 1843, "Maria di Rohan", ou seja "A Vingança de Chevreuse". O libreto é de Salvatore Cammarano e baseia-se na peça "Um Duelo Durante o Governo de Richelieu" de Lockroy e Badon.
De notar que Donizetti fez diversas revisões e alterações para a apresentação parisiense da ópera, como, por exemplo, transformando, de Tenor para Meio-Soprano, a personagem de Gondi, ou acrescentando uma cabaletta no 3º acto, feita a pensar na Grisi, que iria interpretar o papel de Maria em Paris.
1.º ActoA acção situa-se durante o reinado de Luís XIII.
Maria de Rohan casou secretamente com o Duque de Chevreuse que matou em duelo o sobrinho do Cardeal de Richelieu.
Agora ela vem pedir a Riccardo, Conde de Chalais, seu antigo amante, que interceda em favor de Chevreuse. A forma generosa com que Riccardo responde ao seu pedido reacende em Maria a chama do antigo amor, que continua, aliás, a ser correspondido, já que, à observação mais ousada de Gondi, um cortesão, relativamente a Maria, faz com que Riccardo intervenha em sua defesa, desafiando mesmo Gondi para um duelo. Chevreuse, que acabou de ser libertado e que vem agradecer ao amigo o favor prestado, ao saber do duelo, oferece-se para ser testemunha.
2.º ActoO 2º acto passa-se nos aposentos de Riccardo que escreve um bilhete de despedida que deverá ser entregue a Maria caso ele morra no duelo.
Maria chega. Vem avisá-lo de que Richelieu se enfureceu com a sua intervenção a favor do Duque, mas é interrompida pela inesperada chegada de alguém, e esconde-se. É precisamente Chevreuse que se apresenta para acompanhar o amigo ao duelo. Chevreuse parte e, assustada, Maria implora a Riccardo para não comparecer ao confronto marcado,
acabando mesmo por confessar o amor que ainda sente por ele. Chegam então rumores que dizem que, devido ao atraso de Riccardo, o Duque se prepara para combater em seu lugar. Contra a vontade de Maria, Riccardo parte.
3.º ActoQuando o 3º acto se inicia Chevreuse já combateu no duelo, em vez do amigo, e está ferido num dos braços. Riccardo vem encontrar-se com Maria no hotel onde está o Duque, e é informado de que os homens de Richelieu pilharam o seu quarto de onde levaram todos os documentos, entre os quais a sua carta de despedida destinada a Maria. Sabendo que a notícia da sua ligação irá ser rapidamente conhecida por toda a gente, Riccardo propõe a Maria fugirem juntos. Ignorando o que se passa entre a mulher e o amigo, o Duque indica a Riccardo a localização duma passagem secreta por onde ele poderá fugir. Antes de partir, no entanto, Riccardo diz, em segredo, a Maria que, se ela não vier ter com ele antes do relógio voltar a dar horas, ele regressará. E parte. É então que a carta reveladora chega às mãos de Chevreuse, que confronta a mulher, louco de ciúmes. E Maria nada nega. O relógio volta a dar horas e Riccardo regressa, para ser desafiado pelo amigo traído. Os dois saem pela passagem secreta para se bater em duelo. E é Chevreuse quem regressa, dizendo a Maria que Riccardo se suicidara. Então Maria pede-lhe que a mate, por piedade. Mas Chevreuse recusa, preferindo condená-la a uma longa vida de vergonha e remorsos.
RDP – Transmissões em "Noite de Ópera" desde 1996
1998 – 15 de Outubro
Enredo resumido da autoria de Margarida Lisboa.